O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural procedeu, ontem, dia 28 de julho, na povoação de Embunhe/N´Cor, Setor de Bissorã, ao lançamento da campanha nacional de reflorestação que decorre sob o lema: “Quem planta uma árvore preserva a vida”.
O ato foi presidido pelo ministro de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Marciano Silva Barbeiro, na presença dos ministros do Ambiente e Biodiversidade e da Comunicação Social, Viriato Cassamá e Fernando Mendonça, respetivamente, bem como do governador da Região de Oio, dos representantes do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) e vários outros responsáveis ministeriais, da Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente (BPNA) e da Guarda Nacional.
Na cerimónia, Marciano Silva Barbeiro incumbiu a Direção-Geral das Florestas e Fauna de proceder a reflorestação pura ou o enriquecimento das povoações degradadas com diversas espécies florestais, nomeadamente bissilão, pau de conta, cibe, farroba, pau-sangue entre outras, numa área total de 100 hectares e ainda esta direção terá que vedar as áreas ameaçadas para fins agrícolas.
“Iniciamos esta atividade na Região de Oio, como zona que tem sofrido a maior pressão das populações e com potenciais recursos florestais de maior relevância ao nível do País”.
O titular da pasta da Agricultura e Desenvolvimento Rural esclareceu que cada campo vedado terá uma torre de vigilância construída no respectivo perímetro e gerido por um Comité de Gestão formado pelos populares daquela localidade.
“Para atingir a meta zero da degradação das terras até ao ano 2030, o repovoamento florestal ou a reflorestação são atos patrióticos de cada cidadão ou da sociedade em geral, e que deve visar uma gestão sustentável dos recursos florestais, salvaguardando a estabilidade e o equilíbrio dos ecossistemas, do ponto de vista ambiental, da resiliência e adaptação às alterações climáticas”, sublinhou.
O governante destacou que “na última década, as florestas da Guiné-Bissau foram delapidadas e devastadas com uma exploração desenfreada e irracional, sobretudo a conhecida espécie pau-sangue”, facto que testemunha hoje que várias espécies de árvores estão ameaçadas de extinção pelo que é urgente corrigir os erros cometidos com as más práticas.
Em consequência da desflorestação do país, o ministro da Agricultura revelou que se está a registar uma forte variação das chuvas em termos de tempo de duração e no seu modo de distribuição ao longo do seu período com tendência para diminuição e consequente aumento das temperaturas médias, dos ventos e da seca.
“Para mantermos a integridade das florestas, dos rios, dos ciclos da natureza, bem como contribuirmos para evitar o aquecimento global, devemos combater sem tréguas as queimadas, as desmatações ilegais e a exploração desenfreada e desorganizada das nossas florestas e fauna”, rematou, terminando com a exortação à Direção-Geral das Florestas e Fauna para que os Serviços de Inspeção Florestal e o componente operacional da Brigada da Proteção da Natureza e do Ambiente (BPNA) sejam mais fiscalizadoras e combativas, não permitindo a violação da lei Florestal e nunca aceitar a corrupção como tem sido nos últimos anos.
Na mesma lógica, o ministro do Ambiente e Biodiversidade realçou que o ato é nobre e tem muito significado, pois, espelha a necessidade de todo um esforço a ser feito na Guiné-Bissau para restaurar os ecossistemas florestais degradados.
O chefe do pelouro do Ambiente e Biodiversidade destacou a utilidade das florestas em diversos aspetos, nomeadamente na farmacopeia, energia doméstica, alimentação, entre outras.
O ministro anunciou que a breve trecho, os valores dos recursos florestais serão integrados nas estratégias nacionais e locais de desenvolvimento, de redução da pobreza e nos procedimentos de planeamento, sendo incorporados nas contas nacionais. “Este propósito vem ganhando corpo com a vigência do “Projeto de reforço das capacidades de valoração de recursos naturais para uma planificação e tomada de decisões melhor informadas para conservar o ambiente global”.
Neste sentido, o ministro disse que regista com toda a atenção a necessidade de se criar com celeridade, a célula responsável pelo seguimento e avaliação da implementação da estratégia e plano de ação nacional para a diversidade biológica, tendo sublinhado que a componente florestal é, deveras, muito importante.
Viriato Cassamá reconheceu que a sua instituição deve trabalhar em sinergia com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural no processo de levantamento parcial da moratória, pois os recursos florestais do país devem ser explorados de forma sustentável e em prol da sua valoração económica, visando assim o fortalecimento das cadeias de valores de todos os atores dependentes destes recursos para a redução da pobreza.
Por seu turno, o representante interino do FAO, Jean Marie Kipela, trouxe a estatística, tendo dito que desde 1990 quase 420 milhões de hectares de florestas foram perdidas no mundo, em detrimento da sua conversão para outros fins. Em relação à Guiné-Bissau, ele disse que a perda da área florestal é estimada em cerca de 21 mil hectares por ano entre 2011 a 2018 devido ao abate ilegal de árvores de madeira, incêndios e produção de carvão vegetal, bem como a expansão de terrenos agrícolas com a monocultura do caju.
O diplomata da ONU entende que é essencial a proteção das florestas, porque elas abrigam a maior parte da biodiversidade terrestre e fornecem mais de 86 milhões de empregos ecológicos, produtos silvestres, lenha, entre outros.
Jean Marie Kipela referiu que a Guiné-Bissau faz parte de um grupo de oito países, juntamente com a Gâmbia, Guiné-Conakry, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal e Serra-Leoa que beneficiam do projeto de Gestão Integrada dos Recursos Naturais do Maciço de Fouta Djallon, financiado pelo Fundo Mundial do Ambiente (GEF) no âmbito da ONU Ambiente, executado pela FAO e coordenado pela CEDEAO que visa assegurar a conservação e a gestão sustentável dos recursos naturais.
Entretanto, o diretor-geral das Florestas e Fauna, Braima Mané explicou que na campanha de repovoamento florestal de 2021/2022 o Governo pretende recuperar cerca de 100 hectares e proceder à fixação de pilares para a sua vedação.
Aquele responsável informou que cerca de 200 hectares da floresta da Região de Oio estão muito degradados, devido ao desmatamento.
Saliente-se que a campanha nacional de repovoamento florestal iniciou no terreno com a plantação de algumas espécies de árvores pelos próprios membros do Governo.
Texto e fotos: Bacar Baldé