Umaro Sissoco Embaló é o 12º Presidente da República desde a independência sendo VIº eleito democraticamente por sufrágio universal livre e transparente. Sissoco aindaé o primeiro que substitui o outro por forma pacífica. A Guiné Bissau teve ao longo da sua história, um chefe de estado interino por duas vezes e três de transição.
Numa entrevista alargada aos órgãos de informação públicos, o Chefe de estado confirmou definitivamente que não vai caucionar outra maioria para formar governo isto é se houver uma nova dinâmica parlamentar.
Desta maneira general Sissoco Embaló desfez os equívocos e rumores de possíveis deslocação de maioria parlamentar. “E se se acontecer novos acordos entre os partidos maioritários no hemiciclo eu não vou permitir maiorias coxas para criar mais perturbações ao país”, asseverou.
Nessa entrevista conduzida pelo diretor geral da Televisão pública, Amadu Djamanca, que teve a participação dos diretores dos órgãos estatais, Sissoco Embaló garantiu que não haverá mais desordem, crise nacional traduzida num bom crioulo “ndulé ndulé de sempre que alimentou o ciclo de instabilidades crónicas de há duas décadas.
Guiné está segura
Relativamente à acalmia que se vive no país, Sissoco Embaló lembrou que a Guiné Bissau a par dos outros países da costa ocidental africana é mais segura e explica: “aqui não vemos pessoas a andar com armas ao punho, nas ruas como noutros país.” Isso deve ser reconhecido por todos nós.
Ele disse ter jurado à bandeira nacional para defender a integridade territorial como militar. Sissoco Embaló fez essa alusão para explicar a saída, no ano passado, da ECOMIB, UNIOGBIS e P5 organizações militares e políticas que beliscavam a nossa soberania enquanto país que arrancou a ferro e fogo a nossa autodeterminação após 11 anos e oito meses de luta heroica de libertação nacional, sem igual, em toda a África contra o colonialismo português.
Falou da comissão de revisão da constituição, da discórdia que se regista entre as bancadas na ANP, na atual sessão parlamentar, e disse esperar que haja entendimento entre os deputados para o bem do país.
Sobre a instalação de câmaras de vigilância em Bissau e Safim, o Chefe de Estado informou que as autoridades têm direito de caucionar segurança aos cidadãos.
Combater á corrupção
No que tange ao combate á corrupção, Embaló disse que o Estado não pode e nem deve renunciar do seu papel de pessoa de bem. “Temos que curar esse cancro”, disse para acrescentar depois que todos, sem exceção, quando são chamados à justiça não podem alegar imunidades parlamentares, funções governativas, ocupações judiciais, porque esses são fingidos argumentos ou bengalas para os grandões fugirem da justiça como diabo da cruz.
O Chefe de estado falou dos altos e baixos da defunta Organização da Unidade Africana, OUA, que deu lugar à União Africana. A OUA foi fundada em Adis-a-beba a 25 de maio do ano 1963 tendo como fundadores, Hamed Sekou Touré, Kwame N’Krumah, Leopold Sedat Sengor, Julius Yerere, Houpouet Boinge entre outros.
A atual União Africana, foi fundada em 2020 para se adequar ao tempo contemporâneo, à semelhança da união Europeia que herdou a organização da unidade Europeia.
Credibilidade internacional
Relativamente ao nível de diplomacia a que chegamos, o Presidente da República realçou o facto de desde a independência nunca termos atingido esse nível de aceitação junto da comunidade internacional. Por exemplo o representante da CEDEAO, neste momento, no Togo é um guineense o que era, impensável há alguns anos. O vice presidente do Banco Oeste Africano para o Desenvolvimento Económico , BOADE também é um guineense. Em 2022/2023 o país vai candidatar-se para membro não permanente do Conselho da Segurança, da ONU.
Para Sissoco Embaló se esses chefes de estado estrangeiros continuarem a nos visitar é o país que ganha. Agora temos muitos embaixadores que querem residir no país e abrimos tantas outras embaixadas no estrangeiro. Na sua ótica a Guiné Bissau deixou de ser país pequeno.
A delegação do país ia aos fóruns internacionais sem direito à palavra, disse para acrescentar que recentemente a Guiné Bissau pagou a dívida que tinha com a União Africana estimada em dois milhões de dólares americanos o que nos permite nos dias de hoje usar de palavra, facto que dignifica o país e as suas autoridades políticas e administrativas.
jornalismo raso
O Presidente da república lamentou o nível de jornalismo que se pratica no país. “Se houver boa fé podemos ir muito longe”, disse. O jornalista, na visão do Presidente da república, não deve ser intriguista, bajulador e muito menos fomentador de falsidades.
No entender do primeiro magistrado da nação há muita precariedade na comunicação social guineense por desconhecimento, por ação deliberada, por ignorância ou por provocação.
Na visão do Chefe de Estado o papel do jornalista é nobre de informar com verdade, equidistância visando apenas a promoção do desenvolvimento sócio económico a que todos nós almejamos.
Sequestrar o país
Sissoco Embaló garantiu que ninguém pode sequestrar este país e avisou os sindicatos de professores e pessoal médico de que o desconto das faltas aos que não trabalharam no mês de maio é irreversível.
“Se essa greve persistir o Governo pode vir a chamar os militares a darem aulas a custo zero para o cofres do estado”, disse acrescentando que há diferença entre inteligência e esperteza.
Texto: Abduramane Djaló – Foto : José Djú