O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, disse hoje em Portugal, onde participa nas comemorações dos 50 anos de 25 de Abril, considerado como o “Dia da Liberdade” do povo português, que a colonização destruiu tantas vidas humanas, provocou muito sofrimento nos povos e nas famílias, mas também desviou enormes recursos que, de outro modo, poderiam ter servido outras finalidades mais nobres.
Ao usar da palavra na cerimónia oficial, Embaló sublinhou que a memória coletiva dos povos colonizados pelo Portugal guarda uma certeza inabalável: a revolução do 25 de Abril de 1974 “acabou com a guerra”. Uma guerra que durou 14 longos anos.
Umaro Sissoco Embaló disse que a revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal, acabou com as guerras nas colónias portuguesas e considera essa revolta de um feito histórico inesquecível.
“Foi o 25 de Abril que também abriu caminho à implementação do conceito de descolonização, consagrado na Carta da Organização das Nações Unidas”.
Afirmou que a data devolveu a Liberdade e a Democracia ao Povo português, que hoje transformou num legado de valores que sustenta a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Mas é necessário recordar que, mesmo com o grande sucesso da Revolução do 25 de Abril, nada foi fácil. Foi preciso vencer ainda muitas resistências. Basta dizer que Portugal só proclamou oficialmente o princípio da auto-determinação dos nossos povos em 27 de Julho de 1974 – três meses após a revolução do 25 de Abril”. E foi esse passo decisivo que permitiu que a descolonização “fosse efetuada, numa base legal, de acordo com a Lei nº 7/74, de 27 de Julho”.
Sobre a independência da Guiné-Bissau, Sissoco lembrou que então Presidente da República portuguesa, General António de Spínola, “emitiu em 10 de Setembro de 1974, em nome de Portugal, a declaração de reconhecimento da independência da Guiné-Bissau e ficou assim estabelecido um marco político, original, de uma história partilhada.
Lê-se ainda no discurso de Umaro Sissoco Embaló, que há 50 anos, o povo guineense em luta – dirigido pelo PAIGC de Amílcar Cabral – já tinha proclamado unilateralmente a sua própria independência nacional, o seu próprio Estado. Foi um evento histórico relevante, que aconteceu sete meses antes da Revolução do 25 de Abril, precisamente a 24 de Setembro de 1973.
Reconhecido por uma larga maioria dos Estados-Membros da Organização das Unidas Unidas, o Estado da Guiné-Bissau anunciava, assim, a maior de todas crises políticas do Império.
A terminar, disse que o povo guineense orgulha-se de ter dado esse contributo original para uma transformação histórica.
Entretanto, além do Presidente Umaro Sissoco Embaló, participaram nessas comemorações, Chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, enquanto Brasil é representado pelo ministro das Relações Exteriores.
O Presidente da República lembrou que a guerra colonial começou em Angola, estendeu-se à Guiné e, depois, a Moçambique.
Aliu Baldé