Trinta médicos guineenses iniciam este mês uma formação prática em várias especialidades ministradas por clínicos portugueses que irão estar presentes nos hospitais de São José em Bôr, Simão Mendes e Cumura, em Bissau, durante quatro meses.
A iniciativa, que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, prevê que estes médicos guineenses — cerca de 8% dos existentes no país, um dos países africanos com mais carências na área da saúde — recebam formação nas áreas de anestesiologia, cirurgia geral, cirurgia ginecológica e medicina interna, contando com a parceria técnica e científica da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
Esta primeira formação no terreno, que avança ainda este mês, será assegurada por médicos portugueses provenientes de seis instituições de saúde: Hospital de Braga; Centro Hospitalar do Médio Ave; Centro Hospitalar Tondela-Viseu; Centro Hospitalar Universitário S. João do Porto; Hospital Nossa Sra. da Oliveira, de Guimarães e Unidade Local de Saúde do Alto Minho.
A formação em contexto hospitalar tem a duração de oito meses e é intercalada com um estágio de três meses em Portugal, “promovendo a adequação do ensino à realidade vivida no dia a dia na Guiné-Bissau, sem deixar de colocar os médicos em contacto com novas técnicas e outras realidades clínicas”, segundo um comunicado da Fundação Calouste Gulbenkian.
“Apesar de não conferir grau nem título de especialista, este projeto reforça a capacidade local de formação contínua e reconhece a competência dos clínicos guineenses, abrindo portas a futuras formações de especialização, numa articulação com a Ordem dos Médicos da Guiné-Bissau e o Ministério da Saúde Pública da Guiné-Bissau”, prossegue a nota.
Em 2021, a componente teórica da formação decorreu online, durante quatro meses, nas áreas da língua portuguesa e informática médica.
Os médicos beneficiários desta formação são apoiados por dois projetos, o “IANDA – reforço de saúde da Guiné-Bissau”, que engloba 24 médicos das áreas de anestesiologia, cirurgia geral e cirurgia ginecológica e é financiado pela União Europeia, cofinanciado e gerido pelo Camões IP, com o cofinanciamento da Fundação Gulbenkian, responsável pela sua implementação, e o projeto de Formação Médica Avançada em Medicina Interna, que engloba seis médicos e é um projeto do Camões IP e da Fundação Calouste Gulbenkian, contando ambos com a parceria técnica e científica da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
Em 2017, a Guiné-Bissau contava com 1,27 médicos para cada 10 mil habitantes, enquanto na região subsaariana de África a média é de 2,09 médicos para 10 mil habitantes, de acordo com dados avançados pela fundação.
Lusa