População de Quinhamel transforma e conserva produtos agrícolas

A organização da sociedade civil do setor de Quinhamel, região de Biombo, está a desenvolver várias atividades geradoras de rendimento, à semelhança das outras regiões do país.

O setor situa-se a 47 quilómetros da cidade de Bissau, onde opera uma associação rural, para o desenvolvimento das atividades económicas, congregando mais de 630 membros, entre fundadores e associados, denominado “Mers Bodjar”, que significa casa dos lavradores, no dialeto papel.

A reportagem do Jornal Nô Pintcha falou com Beatriz Soares da Gama Seide, Secretária executiva dessa associação, que informou que a organização foi criada com o objetivo de melhorar a posição social e económica da mulher, assim como aumentar o seu rendimento, através da melhoria de técnicas tradicionais utilizadas.

Atua na área social e económica, nesse caso na horticultura, a transformação e conservação de produtos agrícolas, assim como de frutas silvestres. Também, disse que trabalham na conservação de legumes, no processamento da castanha de caju, na transformação de compotas, entre outras atividades.

Mais adiante, a responsável informou que essa instituição apoia um agrupamento que transforma o sal de cozinha. Com esse grupo, a associação decifra técnicas de produção, através do método de sal solar, que poupa a energia e aumenta o rendimento.

Já na área social, segundo ela, a associação atua no domínio do género, com denominação grupo de discussão.

Nessa roda, agrupam mulheres e homens para um debate sobre a relação de poder entre ambos, concretamente na vida social e privada, para a procura de solução concernente a vários assuntos que as tradições seculares impõe a sociedade.

Soares da Gama lembrou ainda que atuam na área de saúde reprodutiva, saneamento básico, luta contra Sida e nutrição.

Em relação à saúde reprodutiva, dão apoio às mulheres que deparam com problemas de fertilidade, em que muitas das vezes, por falta de informação pensam que se trata de cerimonia tradicional.

Assim, conseguiram atingir um número significativo de mulheres, evitando assim alguns conflitos matrimoniais que, outrora, afetavam a relação de muitas famílias.

No caso da nutrição, esclareceu que, em parceria com o Programa Alimentar Mundial (PAM), formaram 20 escolas em técnicas de diversificação de dieta alimentar, porque anteriormente, segundo relatos dos responsáveis das escolas, só cozinhavam arroz com feijão e latarias.

“A partir dessa formação, aprenderam fazer muitas receitas, neste caso sopa e arroz de legumes, assim como arroz de mariscos”, afirmou.

Historial e apelo às autoridades

A Associação Casa de Lavrador funciona na antiga granja de Quinhamel, onde funcionava um projeto holandês desde 1990.

Com a guerra de 7 de junho de 1998, os holandeses foram embora, tendo a associação ocupado o local, dando continuidade os trabalhos do projeto.

Mais tarde, surgiu um senhor, neste caso um ocupante tradicional, que aproveitou da ausência das pessoas, por causa da guerra, ocupando aquele espaço.

Segundo ela, logo que tomaram conhecimento da situação, recorreram ao Comité de Estado, para reivindicar a propriedade, mas acontece que o próprio Estado que devia pautar pela legalidade, optou a cometer uma injustiça, dando razão a ocupante tradicional e, como se não bastasse, mandaram derrubar todos os pilares da divisão que lá se encontravam.

“Graças ao testemunho de um senhor do Ministério da Industria e com a intervenção do ministro cessante da Administração Territorial, Fernando Dias, o tribunal devolveu o espaço à associação, más com uma delimitação do espaço”, informou.

Entretanto, para evitar o diferendo, a organização conformou com o sucedido, mas apela às autoridades a finalização da contenda, para lhes permitir operar com calma, sobretudo neste momento da reabilitação do edifício, através de Agência Belga para o desenvolvimento.

A secretária executiva apela à colaboração de todos para com a organização, uma vez que trabalham para diminuir a pobreza, atuando onde o Estado não consegue chegar. Daí, precisam ser protegidas pelas autoridades, sobretudo.

Elci Pereira Dias

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