No país, a politização é um fenómeno preocupante e vem minando os esforços de desenvolvimento desse pequeno país: a politização excessiva de todas as esferas da sociedade, desde as panelas em nossas casas até às instituições públicas. A política tem exercido um controlo avassalador sobre todos os aspetos da vida guineense. Esse fenómeno nocivo tem consequências negativas diretas e indiretas em diversas áreas, promovendo a falta de eficiência, a corrupção e a instabilidade política.
Um dos maiores problemas causados pela politização é a falta de separação entre o Estado e o partido no poder. As instituições que deveriam ser imparciais e seguir a vontade do povo são frequentemente embarcadas no comboio da politização. Isso acarreta a perda de objetividade e a falta de independência das instituições, levando a decisões baseadas em interesses partidários em vez de princípios e políticas de longo prazo.
O fenómeno da politização também está interligado à corrupção generalizada no país. Quando as posições de poder são ocupadas com base em lealdade política em vez de mérito e competência, a corrupção floresce. O acesso a recursos, cargos e influência política torna-se um privilégio reservado apenas aqueles que estão alinhados com o partido no poder. Essa mentalidade arcaica e corrupta mina a capacidade de desenvolvimento sustentável e a justa distribuição de recursos para toda a população.
Outro aspeto prejudicial da politização é a instabilidade política constante. Quando a política se infiltra em todas as esferas da sociedade, o foco em objetivos comuns e na estabilidade institucional ficam comprometidos. Os governos são frequentemente alvos de mudanças bruscas e instáveis, levando a descontinuidades nas políticas públicas e na implementação de projetos de desenvolvimento. Isso afasta investimentos externos, prejudica a confiança dos cidadãos e cria um ambiente de incerteza desfavorável ao crescimento económico e à qualidade de vida da população.
Para enfrentar esse desafio, é necessário adotar uma abordagem multifacetada para despolitizar as diversas esferas da sociedade. A meu ver, aqui estão algumas possíveis soluções:
- • Fortalecimento das instituições públicas: É crucial estabelecer e fortalecer instituições independentes e transparentes, que possam operar de maneira imparcial e garantir a separação entre o Estado e o partido no poder. Isso inclui ações como garantir a nomeação de profissionais competentes com base no mérito, estabelecer mecanismos de prestação de contas e combater a corrupção. [Má és gora si nin tribunal di contas sta politizado]
- • Educação cívica e política: É fundamental investir na educação da população para fortalecer sua compreensão sobre os princípios democráticos e os direitos e deveres dos cidadãos. O conhecimento político e cívico pode capacitar os indivíduos a fazerem escolhas informadas e a exigirem maior transparência e responsabilidade dos seus líderes.
- • Desenvolvimento de partidos políticos fortes: Os partidos políticos devem ser incentivados a priorizar programas e políticas de longo prazo em vez de interesses imediatistas. É necessário promover a cultura política de procurar o bem comum e trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável, garantindo a participação ativa e representativa de todos os setores da sociedade.
- • Empenhamento da comunidade internacional: A comunidade internacional pode desempenhar um papel crucial na promoção da boa governança e do respeito aos princípios democráticos, através de parcerias e cooperação. É possível fortalecer as capacidades institucionais e apoiar a implementação de reformas que despolitizem as esferas sociais e promovam o desenvolvimento sustentável.
A politização excessiva tem-se revelado como uma obstrução ao desenvolvimento do país. É necessário um esforço coletivo para despolitizar as instituições, combater a corrupção e fortalecer a governança democrática. Somente através de uma abordagem abrangente e sustentada será possível criar as bases para um país próspero, justo e estável. O futuro da Guiné-Bissau depende disso.
Quem [qual partido no poder] vai dar o primeiro passo?
Por: Braima Nhamadjo