O presidente do Partido Africano para o Desenvolvimento (PAD) demonstrou o quanto é necessário a Guiné-Bissau avançar já para a realização das eleições autárquicas, com vista a descentralizar o poder e, consequentemente, permitir o desenvolvimento das regiões.
Abdulai Pate Jalo fez esta observação no termo de uma visita que efetuou ao Jornal Nô Pintcha, na segunda-feira, dia 28 de outubro, no âmbito do cumprimento do Plano de Atividade Política e Social do partido para o período de 2022 a 2024.
No entanto, disse que as nomeações políticas feitas para os cargos de governador regional e administrador setorial não emanam do povo, considerando que, perante este facto, a democracia guineense está incompleta, na medida em que continua até então apegada exclusivamente às eleições legislativas e presidenciais.
Segundo Pate Jalo, a visita tinha como objetivo cumprir uma série de ações políticas tidas em manga para os órgãos estatais da comunicação social, entidades essas que “zelam pela preservação da boa imagem do país e do Estado no seu todo”.
Ainda sobre essa visita, manifestou-se contente com o empenho, dedicação e coragem dos trabalhadores do jornal, que “mesmo com parcos meios, conseguem cumprir a sua nobre missão de informar e formar ao público sobre diferentes temas de atualidade política, económica, social, cultural e desportiva”.
Entretanto, o líder do PAD aproveitou a ocasião para convidar o Governo a prestar mais atenção ao Nô Pintcha, em particular, e aos restantes órgãos de comunicação social estatais, em geral, “tendo em conta o papel e o poder que desempenham na sociedade”.
“Senti atraído pela imprensa escrita, pois ela não deturpa informações, mas sim, divulga-as com rigor, baseando nos factos, principalmente quando se refere às notícias ligadas ao Estado”, confessou, destacando “o importante registo diário, semanal, mensal e anual” de todas as ações positivas do executivo e do próprio Chefe de Estado, feito pelo Jornal Nô Pintcha, ao contrário daquilo que alguns órgãos menos cautelosos fazem.
Relativamente a uma eventual candidatura do atual Presidente da República ao segundo mandato, Pate Jalo disse que, caso aconteça, a sua formação política apoiará incondicionalmente Umaro Sissoco Embaló a atingir esse objetivo, porque o momento exige isso mesmo, tendo em conta o seu valor político e o projeto que implementa no país.
País real
Durante a visita, a delegação do PAD, composta por cinco elementos, recebeu explicações detalhadas de como funcionam os diferentes departamentos do Nô Pintcha.
Assim, o diretor-geral, Adulai Djaló, fez um breve historial do jornal, explicando que desde a sua fundação em 1975, passou por diversas fases, teve altos e baixos, foi trissemanário, passando por bissemanário e, neste momento, sai uma vez por semana.
No entanto, lamentou a fraca receita, relacionada com a situação do mercado nacional, dominado pelo setor informal, onde a publicidade é quase nula, contando em maior parte com os anúncios publicados pelas instituições internacionais e projetos.
Porém, disse que o jornal Nô Pintcha tem-se deslocado ao interior para trazer o país real, registando as preocupações das populações relativas à educação, saúde, infraestruturas rodoviárias, serviços, entre outros.
Segundo Adulai Djaló, a maioria de conteúdos difundidos nos órgãos da comunicação social referem-se à atualidade política, tendo como epicentro a capital Bissau, ignorando a situação da maior franja da população guineense que vive no interior do país.
Por outro lado, diz estar muito honrado por ter recebido a vista de um partido político, uma situação “muito rara, para não dizer inédita na história desse semanário público, e isso demonstra o valor e a importância que o PAD atribui aos órgãos de comunicação social, particularmente à imprensa escrita”.
Julciano Baldé