As organizações femininas da sociedade civil da África Ocidental e do Sahel apelam a todos os atores políticos para que trabalhem em conjunto no sentido de conter a pandemia da Covid-19 e prevenir conflitos na região.
Segundo a declaração conjunta do dia 9 de julho sobre a prevalência dos conflitos armados, extremismo violento, crises políticas nos países da África Ocidental, promovido por um grupo de organizações femininas, concretamente Rede Paz e Segurança para as Mulheres no Espaço da CEDEAO, Rede de Mulheres Jovens Líderes da África Ocidental, Plataforma de Mulheres do G5 Sahel, Rede de Mulheres do Rio Man, Mulheres África Solidariedade, Partners West Africa (PWA), Fórum das Mulheres do espaço Senegal – Gâmbia – Guiné-Bissau apelam, ainda, a um cessar-fogo durante este período de pandemia.
A declaração esclarece, ainda, que a região da África Ocidental e, particularmente, a região do Sahel, tem vindo a viver uma situação de insegurança alarmante há quase uma década, em que a riqueza da região em recursos naturais e oportunidades estão confrontados a ataques terroristas e conflitos comunitários que já custaram milhares de vidas.
“ Em toda a região, 6,9 milhões de pessoas estão a lutar com as consequências desastrosas de deslocação forçada. Quase 4,5 milhões deles são pessoas deslocadas internamente ou refugiadas, vivem em condições deploráveis, enfrentando a fome e sem acesso aos serviços sociais básicos. Quase 5.000 escolas foram encerradas devido ao extremismo violento, dificultando o acesso das crianças à educação”, refere o depoimento.
Neste contexto, lê-se na declaração que as mulheres e crianças são vítimas de várias violações dos seus direitos (violência física e sexual) durante os ataques, a caminho do exílio e em locais de deslocação, e sofrem muito, assim como milhares de jovens são recrutados à força, por movimentos armados, tornando-se violentos para com os seus irmãos e irmãs, por vezes assassinados, deixando os seus pais em desordem, a maioria dos quais desaparecem para sempre.
Para além de todos esses desafios de segurança, a pandemia da Covid-19 agravou a tragédia humanitária na região. Desde a declaração da pandemia como uma “emergência de saúde pública de preocupação internacional” em março de 2020, o continente africano não se escapou.
Infelizmente, conforme o documento, tem havido um aumento alarmante de casos de violência em vários países da sub-região durante este período de pandemia e a ameaça, está cada vez mais a alastrar-se às regiões costeiras da África Ocidental.
As organizações femininas assinantes encorajam os beligerantes a respeitar a cessação dos ataques e a empenharem-se no diálogo para se encontrar as soluções pacíficas, assim como a reforçarem as medidas de segurança para a proteção dos civis, para evitar violações dos direitos humanos e para prestar especial atenção às mulheres, jovens e crianças que são os mais vulneráveis.
O grupo dos assinantes apela ainda a um aumento da campanha de informação e sensibilização iniciada por atores da sociedade civil em bairros e zonas transfronteiriças sobre a pandemia, a paz, a segurança e atos de terrorismo e violência.
No documento divulgado, os signatários condenam todos os tipos de violência, especialmente contra mulheres e raparigas, o ressurgimento da insegurança no Sul do Senegal, Casamance, os ataques terroristas no Burkina Faso, Mali, Níger, Nigéria, Chade e Costa do Marfim, assim como violência e violações de direitos causados pela crise sociopolítica na Guiné.
Felicitam, entre outros, os esforços dos Chefes de Estado e de Governo da sub-região pela sua liderança e capacidade de resposta, as organizações de mulheres pelo seu empenho e as ações que desenvolveram tanto na área da paz e segurança, como na luta contra a pandemia da Covid-19.
À população exortam a observância escrupulosa das instruções de segurança e saúde emitidas pelas autoridades competentes, a não ceder às manipulações destinadas a agitar o ódio e os conflitos intracomunitários e trabalhar para a aproximação e a coesão social, que há muito caracterizam a África Ocidental e a região do Sahel.
Por: Elci Pereira Dias