O presente exercício que nos é solicitado, consistindo em descrever a imagem que o PCCH, enquanto identidade política, suscita em nós, como comunidade dotada de caraterísticas políticas, sociais e culturais próprias, é tão interessante quanto gratificante, razão, aliás, porque procuraremos não nos afastar dos ditames da sinceridade e objetividade que a tarefa impõe.
Fundado em 1921, o PCCH de Chen Duxiu e companheiros inscreve, entre os seus feitos históricos, com letras doiradas, a fundação da República Popular da China, sob liderança do Mao Tsé Tung, à 1 de outubro de 1949. Dessa efeméride à esta parte, setenta e três anos passaram, secretários gerais se sucederam, vicissitudes inúmeras foram registadas, o foco, porém, se manteve e nisso o PCCH, a vanguarda visionária de todo o processo revolucionário, a base de um empenho árduo, galvanizou vontades e fez do povo da China um exemplo vivo de como uma comunidade decidida pode moldar o seu próprio destino, edificando uma sociedade, soberanamente, mais justa, humana e desenvolvida.
O PCCH surgiu numa China tomada por invasores, guerras intestinais e miséria e tendo reconquistado a sua soberania, liberdade, coesão social e cultural, orientou-a no estabelecimento de bases indispensáveis ao progresso económico, social e cultural, adotando o socialismo, como modelo político institucional.
As primeiras relações políticas com o PCCH aconteceram após o término da Segunda Guerra Mundial, altura em que se deu início aos movimentos de libertação nacionais da África contra a dominação colonial. Foi nesse contexto histórico único que o PCCH se distinguiu como uma das pontas de lança mais decisivas nos apoios ao povo guineense em luta pelo seu direito de decidir o próprio destino.
O PCCH surge-nos nesse momento crucial da nossa história como o primeiro parceiro político a apoiar a formação e equipamento daqueles que viriam a ser os principais dirigentes da nossa luta de libertação nacional. Tamanha generosidade e internacionalismo militantes a favor da emancipação de um pequeno país e povo, há milhares de quilómetros distante da China, é algo de impressionante, impregnado de um humanismo simplesmente indescritível. E foi nesta mesma senda, conquistada a independência, que o PCCH, sempre leal aos seus princípios de solidariedade e respeito pela soberania popular, incondicionalmente, se colocou ao nosso lado, tornando-se no parceiro número um na concretização de medidas políticas concernentes a infraestruturação e demais realizações no nosso país. Tudo isso tem suscitado em qualquer guineense o sentimento incomensurável de eterna gratidão ao PCCH e seu povo. E perante este facto é inevitável concluir que o PCCH é uma organização política de grande generosidade e humanísmo.
Ao falar do PCCH de hoje, apraz dizer que as cumplicidades históricas estabelecidas entre os nossos dois povos constituem argumentos para uma conciliação cada vez mais ampla e profunda dos nossos interesses políticos em prol do desenvolvimento e paz nos nossos países e no mundo, em geral. Assim, como guineenses, ao retratar, presentemente, o que é ou pode ser a imagem do PCCH na condução dos destinos da China e em suas relações internacionais, a semelhança de todos os deserdados da terra, vítimas do atual sistema económico/financeiro, clamamos para que seja mais forte e capaz de liderar o estabelecimento de uma nova ordem económica mundial, onde reine mais justiça, menos pobreza e opressão.
Efetivamente, trata-se de um imperativo que o PCCH, com base na sua experiência histórica única, enquanto partido, pode contribuir a materializar por forma a fazer catapultar ao mundo do progresso o grosso da humanidade, ainda hoje, perdido na indigência, sujeição e exploração. Esta nossa esperança, longe de qualquer utopia, sustenta-se em alguns factos concernentes a pujança com que a China, sob a orientação do PCCH, cresceu e se desenvolveu de 1949 à esta parte e no que tem sido o discurso deste partido quanto a necessidade de mais solidariedade e cooperação em prol de um mundo mais justo, pacífico e desenvolvido.
Para a sociedade guineense, a teoria e prática políticas do PCCH na condução dos destinos da China, onde o socialismo é modelo político institucional, ao lado de uma economia de mercado fluente, tendo o comunismo como modo de produção a alcançar, testemunham uma originalidade intrigante, admirável e impar nos anais da historia política do mundo. E, de acordo com a nossa Opinião Pública, trata-se de uma experiência politica que, apesar de pioneira, está proporcionando resultados concretos e empolgantes. O que nos leva a aferir que o mais importante, nesta fase, para o PCCH, não é o modo como a riqueza é produzida, mas sim a quantidade e qualidade que se produz e, sobretudo, com que justiça é distribuída, socialmente, em nome da prosperidade do povo.
Também é entendimento nosso de que, para o PCCH, o bem-estar do povo da China, só pode ser concebido num quadro geral de paz e progresso para toda a humanidade. A “Rota de Seda” e outras realizações são exemplos eloquentes disso. E é nessa esteira que, na base de amizade e solidariedade, incondicionalmente, o PCCH tem contribuído, através do governo chinês, para a melhoria das condições de vida do nosso povo. E, a este propósito, reiteramos a nossa vontade de ver cada vez mais reforçada a cooperação entre o PCCH e as autoridades políticas da Guiné-Bissau em benefício de ambos os povos.
Concluindo, visto da Guiné-Bissau, o PCCH suscita em nós o que acima foi descrito enquanto ideias, sentimentos e emoções.
Bissau, abril de 2022
O Presidente
Eng.° Nicolau dos Santos