Depois do anúncio de suspensão de medidas de prevenção contra a Covid-19 pelas autoridades sanitárias, a prática de lavagem das mãos deixou de ser preocupação de muitas escolas, inclusive a Unidade Escolar de Nhacra.
Sobre este assunto, o diretor daquele estabelecimento de ensino, Aliu Wagué, confirmou que finda a pandemia, a escola suspendeu a lavagem obrigatória das mãos, à semelhança de outras instituições, que também deixaram de exigir.
Disse que essa prática deveria ser rotineira nas escolas, comunidades, em casa, nos hospitais, centros de saúde e nos lugares públicos, procedimento esse que não tem sido contínuo.
Porém, aquele responsável garantiu que, durante o presente ano letivo, a sua escola vai criar condições para a retoma de higienização das mãos, porque é a melhor forma de prevenir doenças e assegurar a saúde das crianças.
No ponto de vista desse responsável, lavagem das mãos é uma das medidas mais importantes para impedir a propagação de enfermidades, e, ao mesmo tempo evitar assim a transmissão de infeções virais, bacterianas e parasitárias para outras pessoas.
Informou que grande parte das infeções comuns, tais como resfriados, gripes, intoxicação alimentar, hepatite A, parasitoses intestinais e muitas outras, são transmitidas habitualmente a partir de mãos contaminadas, pelo que é importante mantê-las sempre limpas.
“Portanto, não é exagero dizer que o simples hábito de lavar as mãos com frequência pode salvar vidas, não só a sua, como também a das pessoas com quem tenha contacto. Isso é especialmente importante se você tiver proximidade com bebés, idosos ou pessoas debilitadas”.
Dada a sua pertinência, o diretor prometeu que ele, pessoalmente, passa a ensinar os alunos a forma correta de lavar as mãos. “Mesmo que, nalguns casos utilize panos ou papel para auxiliá-lo, a verdade é que são sempre as mãos que estão diretamente envolvidas em todas essas atividades”.
Sem pessoal de limpeza
Sobre higiene e saneamento, o diretor disse que a escola está há mais de dois anos sem pessoal de limpeza, situação que considerou de anormal, mas como a direção não tinha sido autorizada para contratar, então não havia outra saída a não ser acatar as orientações.
Perante esta situação, aquele responsável disse que recorrem aos alunos para ajudar nos trabalhos de limpeza da escola e lavagem de casas de banho. De igual modo, disse ele, só temos um contino que “nos ajuda em alguns trabalhos, portanto, é desgastante para uma só pessoa ocupar de várias atividades”.
De acordo com Aliu Wagué, o ministério deu, finalmente, orientação para que, a partir deste ano letivo, as escolas arranjassem pessoal de limpeza. A propósito, acrescentou, já foram enviados os documentos dos candidatos selecionados para a Delegacia Regional, e agora estamos a espera da resposta para poder avançar com o processo.
No entanto, reconheceu que uma escola não pode funcionar no seu pleno sem pessoal de limpeza, pelo que é imperativo resolver esta situação o mais rápido possível. “Recorrer aos alunos, como no nosso caso, é um pouco difícil, porque um dia os pais podem reclamar que seus filhos não vão à escola para exercer outras tarefas que não seja estudar.
Ausência de professores
O diretor da Unidade Escolar de Nhacra afirmou terem iniciado o ano letivo com algumas dificuldades que têm a ver com a falta de comparência de alguns professores, mas se tudo correr como previsto, dentro de duas semanas a situação será ultrapassada. “Isto porque, de acordo com informações que recebemos, alguns desses professores estão a tratar seus documentos para a efetivação, embora outros ainda não justificaram o motivo de ausência”.
Wagué admitiu que esta situação está na origem do atraso do início das aulas, que, segundo o calendário, deviam começar no dia 7 de outubro, mas devido a não comparência dos docentes e alguns trabalhos preliminares que estavam sendo feitos, o arranque só viria a acontecer dia 14, e agora já estão reunidas todas as condições para que às aulas funcionem normalmente.
Por outro lado, disse que este ano vão enfrentar a situação de falta de professores, porque o Ministério da Educação deu instruções para que as escolas não entregassem horário aos contratos do ano passado.
Com essa medida, segundo Aliu Wagué, a Unida Escolar de Nhacra vai ter um défice de sete professores, e essa situação vai mexer um pouco com o funcionamento das aulas, porque certamente, algumas turmas vão ficar sem docentes.
Disse que mediante essa realidade, a direção da escola será obrigada a convencer professores a consentirem um bocado de sacrifício, embora venha acarretar custos financeiros para a direção e desgaste físico para os docentes.
No entanto, apelou ao governo, principalmente o Ministério da Educação Nacional, no sentido de agilizar o mais rápido possível a regularização da situação dos professores contratados e admissão de novos ingressos, promovendo assim o ensino de qualidade e inclusivo.
Disponibilização de manuais
O diretor da Unidade Escolar de Nhacra disse que, este ano letivo, o governo disponibilizou manuais para os alunos do primeiro ciclo, o que vai ajudar os pais e encarregados de educação, assim como os professores. “Com esse material, os trabalhos tornar-se-ão mais fáceis quer para os alunos tanto para os docentes”.
Revelou que a escola está com a falta de alguns materiais didáticos, mas prometeu tudo fazer para que, em breve, a situação seja ultrapassada. Mais adiante, criticou a atitude do ministério, que, segundo ele, está a constituir barreira para evolução das escolas.
“Imagine, todas as escolas do segundo e terceiro ciclo dividem ao meio o dinheiro proveniente das propinas como o ministério, o que reflete negativamente na execução de vários planos. Se esse dinheiro ficasse nas escolas, certamente haveria muitas mudanças”, desabafou.
Não obstante, disse Wagué, conseguimos, com meios internos, construir um pavilhão com três salas de aulas, faltando apenas a cobertura.
“Para não deixar alunos fora do sistema, decidimos cobrir provisoriamente esse pavilhão com ramos de palmeiras. Se não fizéssemos este plano cerca de 400 meninos ficariam de fora, pelo que é importante o governo repensar e redefinir a sua política no setor do ensino, porque é o próprio Estado que está a contribuir para o seu retrocesso”, lamentou.
A finalizar, o diretor pediu a colaboração e apoio de pessoas de boa vontade para ajudar a direção na conclusão das obras já iniciadas na escola.
Alfredo Saminanco