A Repartição do Género, Emancipação e Ação das Mulheres das Forças Armadas (RGEAM-FA), com um total de 521 pessoas, equivalente a 20 por cento dos efetivos militares, lançou desafio ao Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), em particular aos homens da classe castrense, que podem fazer algo em tempos da paz.
Prova disso, lavraram mais de dois hectares, cultivando diversos produtos agrícolas, na localidade de Salató, Região de Bafatá.
Esse desafio foi lançado pela responsável daquela organização feminina das Forças Armadas (FA), Major da Força Aérea Nacional, Mirna Pinhel Baldé, numa entrevista exclusiva ao Nô Pintcha, no dia 9 de agosto em curso, para mostrar que as mulheres têm capacidade de trabalhar em pé de igualdade com os homens, dando como exemplo as suas contribuições na luta pela independência da Guiné-Bissau contra o jugo colonial português.
Um dos objetivos dessa organização é de lutar pela igualdade e equidade do género que passa necessariamente pelas oportunidades iguais e na implementação da Resolução 1325, aprovada em outubro de 2000, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas que, na ocasião, abordou pela primeira vez, os impactos específicos de género nos conflitos, mas também não basta exigir, pois estão a trabalhar arduamente e sem espera do cunho dos homens.
Nesse sentido, a nova direção da RGEAM-FA, chefiada por Major Mirna Pinhel Baldé decidiu pedir o aval do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Biaguê Na N´Tan, para lhes conceder um campo agrícola na localidade de Salató, Região de Bafatá, para lavrarem nesse presente ano agrícola, mostrando que são capazes de batalhar como os homens, assim como solidarizar-se com as mulheres civis que fazem atividades agrícolas nas zonas rurais, para mostrar que elas não estão sozinhas.
Para palpar o pulso da capacidade das mulheres militares, o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas prontamente respondeu de forma positiva, o que fez as senhoras da classe castrense descerem ao terreno e cultivar diversos produtos, nomeadamente amendoim, milho, feijão, batata, mandioca, entre outro, num espaço de mais de dois hectares, esperando uma boa colheita.
Ativas na produção agrícola
Durante a entrevista, a chefe da RGEAM-FA lembrou que no primeiro dia da preparação do campo, todas as mulheres estavam emocionadas de crer atingir os objetivos traçados, entre os quais, mostrar que elas têm capacidade de fazer algo a favor da classe.
Em termos de resultados, a Major Mirna Pinhel Baldé afirmou que as mulheres trabalharam naquele campo com todo o carinho e amor. “No momento da colheita, tenho a certeza de que toda gente vai estar satisfeita, principalmente chefias militares”.
Questionada sobre qual será o destino dos produtos da colheita, aquela responsável da RGEAM-FA referiu que parte da colheita vai ser estocada como semente para o próximo ano agrícola e o resto do rendimento vai ser vendido e o dinheiro revertido como fundo da própria organização, “mas, tudo vai depender da decisão do coletivo”.
No que toca ao apoio conseguido para materializar esse sonho, Pinhel Baldé adiantou que receberam muito apoio moral do chefe da Divisão Central dos Assuntos Sociais, do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas e de quase todas as equipas das divisões do EMGFA. “Agora, apoio financeiro, zero, embora tenha consciência de que há dificuldades de vária ordem”.
Assim, assegurou que a organização que dirige entendeu que devia lançar desafio. “Vamos chegar à meta traçada e vencer esse teste”.
Segundo a Major, há determinação e vontade de fazer mais e melhor na estrutura das mulheres das forças armadas, no sentido de manter a dignidade da classe castrense, de acordo com as orientações superiores da Divisão Central da Educação Cívica, Moral e Patriótica.
Formação
A chefe da Repartição do Género, Emancipação e Ação das Mulheres das Forças Armadas agradeceu ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Biaguê Na N´Tan, pela formação e capacitação que tem beneficiado às mulheres das forças armadas em todos os domínios.
Mirna Pinhel Baldé explicou que N´Tan, para além de querer ver os seus soldados capacitados, particularmente as mulheres, mas também quer que toda a gente trabalhe, e é muito exigente nesse aspeto.
“Recebemos vários apoios da parte do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, que nos consideram suas filhas, por isso, vamos mostrar o que somos capazes de fazer. Podemos fazer coisas agradáveis e com trabalho de qualidade tal como os homens”, referiu Pinhel Baldé.
Aquela oficial militar agradeceu ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas pela sua total abertura e concentração nas atividades que as mulheres militares têm vindo a levar a cabo, nomeadamente a formação e capacitação.
“O CEMGFA está de olhos postos em nós e tem muita esperança na camada feminina da classe castrense, agora, cabe-nos assumir a responsabilidade de não defraudar essa confiança depositada em nós”, prometeu.
A título de exemplo, Mirna Baldé disse que quando um pai investe em seus filhos e estes devem encarar esse investimento com seriedade para que, no final possam ter um bom resultado.
Em termos de perspetivas, a chefe da Repartição do Género, Emancipação e Ação das Mulheres das Forças Armadas disse que a nova direção dessa organização, empossado há quatro meses, aposta na agricultura.
Disse que a razão de optar pela agricultura é para solidarizar-se com as mulheres civis empenhadas em atividades agrícolas nas zonas rurais, mostrando-as que não estão sozinhas.
Já no período da seca, revelou aquela responsável, a sua organização opta pela formação e capacitação das mulheres militares, enquanto uma das apostas do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, fazendo com que a classe castrense esteja habilitada de um número considerável de mulheres quadros.
Nesse sentido, a Majora da Força Aérea Nacional, aproveitou a ocasião para apelar aos organismos nacionais e internacionais, no sentido de apoiarem às mulheres das forças armadas na formação em diferentes áreas do saber.
A terminar, Pinhel Baldé agradeceu ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Biaguê Na N´Tan, pela confiança que depositou nas mulheres das forças armadas e de lhes ter apoiado nesse desafio de trabalhar nas bolanhas como forma de mostrar que as “mulheres são inteligentes e trabalhadoras para qualquer missão que são incumbidas.
Fulgêncio Mendes Borges