Motoristas apontam Fundo Rodoviário pelas más condições das estradas

Apesar de o Governo, através do Ministério das Obras Públicas, ter anunciado o arranque de obras de reabilitação e construção de algumas estradas do país assim que a época das chuvas chegar ao fim, a Associação de Motoristas culpam o Fundo Rodoviário do estado de degradação a que as mesmas chegaram.

A associação do ramo apelidou o Fundo Rodoviário de “fundo de danificar carros” porque só sabe defender os seus cofres cobrando o que lhe é devido, esquecendo como é seu dever de melhorar as condições das infraestruturas rodoviárias.

Este é o pior momento que os transportadores terrestres estão a atravessar a nível de todas as vias rodoviárias do país, disse o secretário-geral da Associação de Motoristas do Setor Autónomo de Bissau.

Na opinião deste dirigente, tudo vai de mal a pior, porque nenhuma estrada da capital se encontra em boas condições de trânsito. E esta situação é a mesma que se vive em quase todas as outras estradas do interior do país.

Mesmo nas barbas dos responsáveis máximos do país, a estrada que vai da Rotunda do Aeroporto até Safim encontra-se em péssimas condições de circulação e, a cada dia que passa, há troços daquela via transformados em autênticas lagoas, fazendo com que os veículos demorem mais de 40 minutos para chegar ao destino.

De Bissau a Bula os motoristas perdem quase duas horas de tempo para percorrer os 35 km que ligam as duas localidades. É assim em todas as outras vias do país. Perante esta e demais outras situações, Franklin Moreira concluiu que o prejuízo é a principal contrariedade a que os seus associados estão confrontados.

Segundo este responsável, os veículos de transportes urbanos, semiurbanos e mistos fazem mais tempo nas oficinas de que nas estradas, porque depois de cada carreira, o condutor é obrigado a levar a sua viatura para manutenção devido às péssimas condições das vias onde circulam.

Uma outra preocupação dos transportadores terrestres prende-se, na opinião de Franklin, com os utentes que deviam ser aconselhadas ao uso obrigatório de máscaras e cumprimento de outras medidas preventivas, ao invés de limitar os lugares de passageiros. Neste sentido, pede ao Governo que recue nessa posição e facilite um pouco.

Disse que na reunião que a associação teve com o executivo há umas semanas, foi apresentada uma proposta no sentido de se baixar o preço do combustível, como forma de compensar os motoristas pelas pesadas despesas que suportam, tendo em conta a redução da taxa de importação deste produto, pedido que o Governo continua a ignorar.

Independentemente desta preocupação, há um outro conflito de competências entre a Guarda Nacional, Polícia de Trânsito e agentes da Direção-Geral de Viação e Transportes Terrestres sobre quem tem legitimidade de fiscalizar o trânsito em diferentes localidades.

“Aproveito para denunciar que no calar da noite e em algumas zonas da capital, até polícias da ordem pública interpelam as viaturas como se fossem polícia de trânsito.”

Considerou de negra e lastimável toda esta situação que os seus associados enfrentam no dia a dia, principalmente agora com o surgimento desta pandemia.

De acordo com a explicação de Frankilin Moreira, devido ao estado avançado de degradação das estradas de Safim, Quelelé, Cuntum Madina e Enterramento, alguns condutores decidiram retirar de circulação as suas viaturas nestas linhas, facto que está a provocar uma prolongada guerra na procura de transporte que os leve ao centro da cidade e vice-versa.

A supressão de alguns postos de controlo que no passado tinha sido negociada com acordo rubricado entre os transportadores e o governo, os mesmos estão a ser de novo ativados e até a aumentar um pouco por todo o território nacional.

O mais caricato de toda esta situação é o Fundo Rodoviário ter criado um posto de cobrança em Jugudul, quando a estrada que liga Bissau àquela localidade não tenha sido reabilitada e que, portanto, não há razão para isso aconteça.

Além disso, a Direção-Geral de Viação e Transporte Terrestres alega ter somente 28 funcionários, mas distribuem coletes a pessoas sem vínculo ao Estado para missões desse género. O acordo assinado também previa a cessação das atividades dos agentes de Viação e Trânsito nas estradas, mas acusa que a presença desses profissionais se mantém.

De salientar que tentamos, sem sucesso, contactar a Direção do Fundo para ouvir a sua versão.

Alfredo Saminanco

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