Ministro das Pescas reconhece pressões fortes dos recursos pesqueiros

O ministro das Pescas e Economia Marítima reconheceu, ontem, que os recursos pesqueiro da sub-região são submetidos a fortes pressões de pescas ilícitas, sobretudo por frotas estrangeiras, que operam nos quadros bi e multilaterais.

Dionísio do Reino Pereira fez estas declarações durante a abertura do Simpósio científico internacional, realizado sob lema “Partilha de conhecimento para uma gestão sustentável do CCLME”, e que foi antecedido com homenagem de dois membros dessa organização já falecidos, prestando um minuto de silêncio em memorias de Vitorino Nahada da Guiné-Bissau e Souad Kifani do Reino de Marrocos.

Ao presidir à cerimónia, o governante afirmou que o encontro se trata de uma oportunidade de comunicar e aprender sobre as ações de pesquisas, de monitorias desenvolvidas pelos países que compõem Grande Ecossistema Marinho da Corrente Canária (CCLME) e assim, ampliar a rede das suas parcerias regionais e internacionais.

Dionísio Pereira assegurou que a pesca constitui o motor de desenvolvimento económico do país e tem contribuído significativamente para o Orçamento Geral do Estado. “Apesar da sua importância na mobilização das receitas não tributária do Estado, o setor das pescas contribui com apenas quatro por cento para o Produto Interno Bruto”.

Na sua opinião, o setor oferece número significativo de empregos, concretamente a mulheres vendedeiras, marinheiros de longo curso e pescadores artesanais.
Manifestou a sua satisfação pelo facto de a Guiné-Bissau ter recebido o Simpósio Científico Internacional sobre Pescas, juntando vários técnicos de setor pesqueiro e de ambiente de diferentes Estados membros.

Três biliões de dólares

Por sua vez, o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em representação do seu diretor-geral, disse que essas reuniões constituem pontos altos da cooperação científica e técnica entre a FAO e os seus Estados-membros, em setores tão importantes como a pesca e o ambiente marinho e costeiro na África Ocidental.

Mohamed Hama Gadarba explicou que o CCLME é um dos ecossistemas marinhos mais produtivos e diversificados no mundo, pelo que a sua produção anual de pescado é estimada em cerca de três milhões de toneladas, tornando-o no maior produtor de peixe entre todos os grandes ecossistemas marinhos da África, com um valor acumulado de capturas de pesca e de bens e serviços superior a três mil milhões de dólares por ano.

O responsável frisou que o CCLME desempenha um papel crucial no fornecimento de recursos alimentares e económicos essenciais às pessoas que vivem ao longo deste vasto ecossistema marinho, bem como a muitas regiões da África Ocidental e não só.

“Em função disso, a sobrepesca, as modificações dos habitats e as alterações na qualidade da água têm levado a uma degradação cada vez mais preocupante deste ecossistema vital para as populações das zonas costeiras e marinhas”, lamentou.

Gadarba revelou que entre 2010 e 2017, a FAO, em colaboração com os países do CCLME, realizou uma análise de diagnóstico transfronteiriça que levou ao desenvolvimento do programa de ação estratégica do CCLME.

Ainda ele, a operacionalização deste documento permitirá, sem dúvida, responder à necessidade de implementação de uma abordagem ecossistêmica na gestão das pescas, “com vista à recuperação dos stocks pesqueiros, à inversão da degradação dos habitats marinhos e costeiros e à melhoria da qualidade da água”.

Julciano Baldé

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