O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abel da Silva Gomes, mostrou-se determinado no combate à fome e à insegurança alimentar no país. Esta firmeza foi transmitida à imprensa no quadro de uma visita de três dias efetuada aos campos agrícolas da região de Oio, norte da Guiné-Bissau.
A missão do governante à região de Oio, na companhia de técnicos do seu Ministério tem como objetivo constatar in loco a real situação que os camponeses enfrentam, assim como as condições dos campos de cultivo.
Revoltado com a situação que ele deparou ao longo da visita às bolanhas de Nhacra, Mansoa, Mansabá, Farim e Bissorã, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural disse que chegou o momento de o Governo apostar no setor agrário, porque é o único veículo capaz de promover o desenvolvimento sustentável.
Ele admitiu que o Estado da Guiné-Bissau tem cometido erros ao longo de vários anos por não ter criado as estruturas-piloto para regular o sector. Aliás, esta responsabilidade é partilhada também com às ONG que operam na área. No entendimento desse responsável não se pode fazer nada enquanto essas estruturas não são instituídas.
Abel da Silva asseverou que enquanto o país continua a praticar uma agricultura tradicional ou limitativa não se pode falar do combate à fome e muito menos de se pensar no desenvolvimento.
O dirigente disse que o Governo deve prestar uma atenção especial ao sector da agricultura, justificando que as necessidades são várias, de modo que o fundo que é alocado ao Ministério da Agricultura é insuficiente para fazer face às exigências das populações. A começar nos tratores, sementes melhoradas, tubos de drenagens, adubos, entre outros.
Para responder as preocupações levantadas pelos populares, o ministro informou que vai endereçar uma carta ao ministro das Finanças no sentido de apoiar a sua instituição na recuperação de algumas bolanhas que ainda podem ser no decorrer deste ano.
“Durante as viagens que efetuei ao interior do país, deparei com uma situação bastante triste, onde as pessoas apropriam de campos agrícolas, mas no entanto sem a capacidade de cultivar, com alegações que esses campos pertencem aos seus familiares, portanto, vou pedir apoio do Presidente da República, do Primeiro-ministro para acabar de uma vez por todas com essa prática”.
Na sua opinião, as bolanhas só pertencem aquém nela trabalhar e não aquele que não possui mecanismo para a produção. “Que fique claro, mesmo que vai-me custar guerra, mas esta situação vai ser travada. Aliás, a terra pertence ao Estado e mais ninguém”, advertiu.
Em relação às ONG que operam na área da agricultura nas diferentes regiões, o ministro Abel da Silva Gomes disse que vai acabar com a intervenção arbitrária dessas organizações. Segundo ele, todas elas devem trabalhar sob orientação do Ministério que tutela.
Quase na maioria das bolanhas visitadas nota-se que são afetadas pela água salgada, facto que impede a produção de arroz. Segundo os populares da zona, eles querem voltar ao cultivo nas bolanhas, mas enfrentam enormes dificuldades e daí pedem uma intervenção favorável do Governo.
País precisa de 300 tratores
Em respostas aos problemas levantados pelos populares em todas as zonas visitadas, o diretor-geral da Engenharia e Desenvolvimento Rural, Filomeno Domingos Neto, disse que os desafios são enormes, e vão desde a falta de sementes melhoradas, adubos, tubos de drenagem, construção de diques, entre outros.
De acordo com este responsável, as populações alegam que “muitos campos onde se pode cultivar o milho, feijão e outros esses foram vendidos. Agora, a solução é a recuperação das bolanhas abandonadas. Com o regresso ao cultivo das bolanhas será necessário a construção de diques e aquisição de tubos de drenagem que custam muito dinheiro”.
Segundo Filomeno Neto, em pleno século XXI não se pode desenvolver a agricultura apenas com enxadas e arados.
Para responder no mínimo a preocupação das populações, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural precisa de 300 tratores e neste momento ele só tem 76, número insuficiente para responder a demanda dos camponeses.
“A falta desses instrumentos no interior do país sempre suscita conflito entre os produtores. Sempre que mandamos um trator para uma tabanca, as populações não aceitam libertá-lo ennquanto não terminarem os seus trabalhos e isso cria problemas para os delegados regionais da agricultura” esclareceu o director-geral da Engenharia e Desenvolvimento Rural.
Por: Alfredo Saminanco