A zona de Djipce, situada na periferia da cidade de Bissau, nas imediações dos bairros de Cuntum-Madina e Cuntum-Quelelé está a ser invadida pelas águas do mar. Segundo relato das habitantes locais, nos últimos tempos houve uma subida do nível das águas e, em consequência, muitas casas ficaram inundadas nos bairros referenciados.
Nos dias em que a lua deixa de ser visível, período em que ocorrem as marés altas, muitas casas são invadidas pelas águas. A inundação causa dissabores às pessoas, como nos diz Ruguiatu, uma das habitantes da zona. A água salgada invade os compartimentos da habitação, deixando tudo encharcado e, em resultado disso, muitos eletrodomésticos, inclusive aparelhos de televisão, ficam danificados.
O jornal “Nô Pintcha” constatou, no terreno, que a salinidade das águas tem atingido fortemente as paredes das habitações, apesar de elas serem construídas de cimento e cascalho. Em dias de maré alta, a água atinge as casas e muitos habitantes passam noites inteiras a retirar a água do mar em baldes, com apoio das vizinhas.
Para além dos problemas atrás citados, a subida do nível do mar tem causado danos nas fossas das casas de banho e latrinas, fazendo com que os habitantes da zona enfrentem enormes dificuldades no que respeita às necessidades fisiológicas, facto que mostra que a inundação está a causar problemas de saúde pública, além de constituir uma ameaça séria no quotidiano das pessoas
As causas da inundação devem-se aos diques que se encontram destruídos e que até agora não foram recuperados. Antes do período das inundações, os habitantes da zona cultivavam ali arroz e tinham as suas plantações de bananeiras, etc. etc. Mas, com o surgimento das inundações, tudo quanto era cultivado naquele espaço desapareceu, muito por culpa de invasão da água salgada.
Perante a situação prevalecente, colocam-se algumas questões pertinentes: onde estão a Câmara Municipal de Bissau e o Ministério das Obras Públicas, entidades encarregadas da urbanização da cidade de Bissau? Por que razão as pessoas permitiram a construção de habitações junto das bolanhas? Qual será a solução, porquanto a água salgada continua a alagar as casas?
Saliente-se, entretanto, que a Guiné-Bissau é um dos países mais vulneráveis do mundo em termos de mudanças climáticas, por ter um território que em grande parte se situa abaixo do nível médio das águas do mar.
Bacar Baldé