Inundações comprometem produção de arroz em Bissau

Os agricultores tradicionais que trabalham nas bolanhas circundantes da capital Bissau correm risco de contrair, este ano, queda na produção de arroz, devido às inundações, causadas pelas fortes chuvas que caíram durante os meses de julho a setembro.

A situação foi constatada pelo Nô Pintcha, que percorreu, no âmbito de uma reportagem, as diferentes bolanhas da periferia da cidade Bissau, nos últimos dias do mês de setembro.

As chuvas não só afetaram os espaços de cultivo como também habitações em diferentes bairros da capital, situados nas zonas húmidas, nomeadamente Cuntum Madina, Quelelé, Bôr, São Paulo, Empantcha, Psack, zona de Manuel Água, Pluba e partes de Antula, Háfia, Djoló, Gabu Zinho, Lalaquema e Djogoró.

Essas são, igualmente, zonas banhadas pelas bolanhas onde tradicionalmente se produz para subsistência das famílias, mas que até finais de setembro não conseguiram trabalhar, devido à invasão das águas pluviais.

Sobre a situação, os agricultores manifestam as suas preocupações em relação a essa catástrofe natural, com receio de má campanha agrícola, o que poderá ter reflexos negativos na segurança alimentar das respetivas famílias.

No entanto, lamentaram a situação, por estarem muito dependentes da produção do arroz, perante um ano agrícola quase comprometido.

Diante dessa realidade, os agricultores familiares de cintura de Bissau pedem, antecipadamente, apoio do governo, caso não conseguirem produzir, para poder fazer face a uma eventual escalada de fome.

Além dos agricultores, também as famílias com casas nessas zonas estão preocupadas com a quantidade de água concentrada nos recintos residenciais e, noutros casos, no interior das habitações.

Há situações em que algumas famílias não conseguiram suportar a água, acabando por abandonar seus lares nesse período crítico das fortes chuvas, temendo eventuais desmoronamentos das paredes, por causa da humidade, que, também, constitui risco à saúde, sobretudo das crianças.

Lembramos que o Serviço da Proteção Civil havia alertado que meses de agosto e setembro registariam grandes tempestades e chuvas torrenciais que poderiam ocorrer este ano nalgumas zonas do país.

As zonas de risco indicadas na altura eram as regiões de Quinara, Tombali, Cacheu, Bafatá, Biombo, Bolama Bijagós e Setor Autónomo de Bissau, uma situação que deixou muita preocupação às populações.

Apesar de não constar da lista, a Região de Gabu sofreu muito com o fenómeno, tendo as primeiras chuvas causado danos enormes na vila de Pitche, devido a fortes trovoadas acompanhadas com ventos fortes que destruíram centenas de habitações, deixando muitas famílias em situação de vulnerabilidade.

Também, no decurso do mês de setembro, houve inundações nas localidades de Madina Djarga N’Dongho e Dadhé Coli, ambas na seção de Dandum, setor de Boé, tendo deixado muitas famílias sem abrigo.

No caso da povoação de Dadhé Coli, apenas duas casas salvaram e as restantes foram totalmente destruídas pela chuva. Houve mesmo momento em que os habitantes locais foram aconselhados a abandonarem as residências, devido à ameaça da subida de água.

Entretanto, as inundações dos espaços de cultivo não se limitaram apenas a Bissau, tendo afetado, igualmente, várias bolanhas do interior do país, comprometendo a produção do arroz.

Segundo os serviços meteorológicos, esta mudança que se ocorre anualmente, deve-se às alterações climáticas que se tornam cada vez mais patentes, devido à própria ação do homem sobre o meio ambiente.

Inundação

Agricultores numa das bolanhas inundadas 

Uma inundação ou cheia, de modo geral, pode ser entendido como o resultado da concentração da água de chuva em excesso, que não pode ser absorvida por solo já saturado e por outras formas de escoamento, por exemplo, em áreas impermeabilizadas urbanas, onde o fluxo de água segue rapidamente para as baixadas e rios, superando a capacidade de escoamento, causando transbordamentos das margens.

Cheias e enchentes também podem ser provocadas por rompimento de barragens ou pela sua abertura ou extravasamento em períodos de fortes chuvas, como aquilo que aconteceu este ano na Nigéria.

Aliás, na sub-região, os países como Guiné-Conacri, Mali, Nigéria e Senegal sofreram este ano fortes inundações em algumas localidades como as cidades de Conacri, Boké, Bamaco, Gão, Segou e uma das cidades da Nigéria densamente povoadas.

Também, a Guiné-Bissau, Cabo Verde e Gâmbia foram apontados como países de risco na presente época da chuva que agora está preste a terminar.

Djuldé Djaló

 

 

 

 

 

 

 

 

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