Intervenientes no comércio falam sobre subida de preços

Numa reportagem alargada, o jornal Nô Pintcha auscultou diferentes entidades da fileira do comércio para se perceber dos aumentos constantes dos preços dos artigos de primeira necessidade e dos transportes urbanos e interurbanos.

Sabemos que os produtos alimentares chegam ao país apenas pela via terrestre a partir do Senegal, Gâmbia e Guiné Conacri em grandes camiões desde que a empresa MAERSK, por razões judiciais, deixou de vir. Persistem as acusações entre importadores e retalhistas e no meio surgem as críticas ferozes da Associação nacional dos Consumidores de Bens e de Serviço (ACOBES). Para por água na fervura, aparecem as afirmações das autoridades de terem baixado algumas taxas de importação desses mesmos produtos. Quem tem razão? Leia o artigo a seguir para tirar as suas ilações.

O Inspetor Geral do Comércio disse que a comissão interministerial, através do Ministério do Comércio, reduziu algumas taxas tributárias de certos produtos de primeira necessidade, entre quais arroz, farinha, e açúcar. Sendo assim, um saco de 50 kg de arroz 100% partido denominado nhelem simples passa a custar dezassete mil e quinhentos franco CFA na Cidade Bissau, e 18 Mil CFA no interior do país, divido ao custo de transporte. O açúcar também saiu de 29000 para 25 000 CFA tanto como a farinha baixou de 26.000 para 23.000 CFA, factos confirmados numa entrevista exclusiva ao Jornal Nô Pintcha pelo Inspetor geral do Comercio, Carlos Manuel Biaguê. O governo cessante reduziu essas taxas tributárias de bens de primeira necessidade para estancar a subida orbitante dos preços de produtos básicos.

Carlos Manuel Biaguê afirmou ainda que a subida dos preços de produtos de bens de primeira necessidade está relacionada a dois fatores, sendo o primeiro, a conjuntura mundial, sobretudo o escassez de transportes marítimos para o país.

Segundo fator é a guerra na Europa entre Rússia e Ucrânia, cujo impacto reflete diretamente na subida de preço dos produtos de primeira necessidade, no país. Mas as pessoas estão a tomá-la, a guerra na Europa, de mero acaso e que por consequência disso reduziram as importações dos referidos bens de Europa para África.

Segundo Manuel Biaguê, a crise que estamos a viver agora, sobretudo da subida do preço do arroz, açúcar, farinha, óleo alimentar e de mais bens, verifica-se em toda a parte do mundo e o país não podia ficar imune. Por isso, na sequência dessa perturbação mundial, o Governo cessante e a comissão interministerial, através do Ministério do Comércio, decidiram reduzir algumas taxas tributárias relacionadas com o arroz, açúcar e farinha, para minimizar o sofrimento da população e estancar a subida do custo de vida.

Assim, o Arroz 100% partido conhecido entre nós por nhelém simples, custa 17 mil e quinhentos CFA em Bissau e 18 mil CFA no interior divido ao valor do transporte. O açúcar passa a custar 25 mil CFA em detrimento do valor que dantes era vendido por 29 mil CFA por saco. A farinha baixou de 26 mil CFA para 23 mil CFA, permitindo também, a redução do custo de pão para o seu preço normal que era de Cento e cinquenta FCFA e não só, ainda pode ser vendida por Cem FCFA a Duzentos FCFA dependendo do tamanho.

No que diz respeito ao óleo alimentar e outros produtos, que não sofreram qualquer redução o responsável prometeu que os trabalhos vão continuar ainda a decorrer de modo que a entidade que representa pronuncie brevemente, após a conclusão dos levantamentos das últimas importações desses produtos.

Quanto à disponibilidade de reserva no país, antes da invasão da Ucrânia, que de certa maneira há menos de uma semana houve, disparo alarmante de custos dos produtos, e sucessivamente a nível nacional, Carlos nega que na altura não havia aumento e nem subida de preços.

“As pessoas cofundem especulação e a subida de preços. A situação que se verificou semanas após a invasão da Rússia à Ucrânia era simplesmente uma especulação de preços por parte dos comerciantes que não deveria acontecer, porque o país já tinha feito importações antes do conflito˝, explicou o inspetor.

No âmbito das diligências que estão a ser feitas, Carlos Biaguê garantiu que vão acionar mecanismos para recompensar os empresários que já importaram os seus produtos em valores elevados, através de auscultações que estão a fazer em diferentes armazéns, nas futuras Importações que vão resultar da isenção das taxas de importação.

Acionar mecanismos para controlar preços

Na mesma conjuntura, o presidente da ACOBES, Bambo Sanhá, enalteceu a iniciativa do governo de ter isentado algumas taxas tributárias dos produtos acima referidos para facilitar, atenuar e minimizar sofrimento dos consumidores.

Ele afirmou que na segunda fase dos trabalhos da comissão interministerial, vai-se abranger os produtos que não são incluídos na primeira fase por exemplo, Sabão, Manteiga, óleo Alimentar, cimento e outros produtos facto que para ele vai permitir aos cidadãos com fraco poder de compra terem acesso a asses bens.

˝A crise que estamos a viver agora e continuaremos a vivê-la poderia ser evitada atempadamente se o Governo nos tivesse dado os ouvido na altura, porque a ACOBES fez vários alertas, denuncias e tomou muitas diligencias junto das entidades competentes, mas sem efeito, disse para depois acrescentar que o Governo na altura acabou por piorar a situação com implementação e aprovação de cinco novos imposto aprovados pelos”, disse Bambo Sanhá

Na opinião daquele defensor dos consumidores, alguns empresários, comerciantes, vendedores ambulantes e retalhistas, aproveitaram-se da situação e fracasso do governo na altura e aumentaram de forma exorbitante os preços de alguns produtos de primeira necessidade, para ganharem mais lucros de forma anormal.

Asseverou que a situação se agravou ainda mais, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia que a menos de duas semanas do início da guerra, houve um disparo alarmante dos preços de produtos da primeira necessidade a título de exemplo, óleo alimentar que subiu na ordem de 50 a 75 por cento.

O preço da carne da primeira subiu de quatro para cinco mil francos CFA por quilo, sabão passou de 1.250 para 1.500/barra, o que custava entre 600 a 700 FCFA, incluindo produtos nacionais como feijão, amendoim (mancara), óleo de palma, limão, etc.

Na resposta sobre que mecanismos vão acionar em caso as diligências feitas pelo governo não forem cumpridas, Bambo Sanhá limitou-se a dizer que a ACOBES não tem caráter político e nem tem competência de criar algum tipo de manifestações. Para ele, cada um dos seus membros pode tirar as ilações em caso não houver cumprimento face à situação.

O Secretário-geral da ACOBES, Bambo Sanhá, condena a divulgação de nova tabela dos preços de transportes urbanos e interurbanos pela Direção-Geral de Viação, de uma forma unilateral sem passar pelo conselho de ministros para justificar o aumento de combustíveis. “Prevemos novos aumentos dos preços de alimentos porque as vendedeiras que compram géneros alimentares no interior do país e transportam-no para a capital vão certamente aumentar seus preços”, disse.

Bambo Sanhá critica aquilo que considera da atitude da Direção-Geral da Viação ao ceder a pressão dos motoristas em anunciar a nova tabela antes de ser discutida em sede de conselho de ministros. Primeiro a tabela foi discutida na comissão interministerial e depois seria em conselho de ministros o que não aconteceu e só depois a direção geral de viação deveria anunciar a nova tabela de preços de transportes.

Por isso, exorta aos proprietários das viaturas e o sindicato dos motoristas a esperarem pela conclusão dos trabalhos da elaboração da tabela do preço dos transportes.

Bambo Sanhá pediu todas as pessoas que trabalham no ramo comercial, desde comerciantes, empresários, retalhistas e demais pessoas a abdicarem à prática de adulterar os preços pela ambição de lucros e mais e pediu ainda ao Ministério do Comercio, através da Inspeção, que assuma o seu papel de fiscalização.

Saída de MAERSK exacerba preços

Por outro lado, Aliu Seide, presidente de Associação dos Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau (ARMGB), questionado sobre o assunto, discordou-se por completo das responsabilidades que recai sobre ombros dos seus associados de serem mentores de aumento de preços dos produtos nos mercados.

 Apontou o dedo acusador ao Estado que, para ele, é cúmplice do aumento dos preços dos artigos da primeira necessidade e explica “do momento em que se encontra o país, não se justificava o aumento das taxas dos impostos adicionais que o Governo cessante implementou. Para o presidente da associação dos Djilas dos mercados do país a falta de transporte de produtos por via marítima em detrimento do abandono da MAERKS veio ainda agravar a mais a situação.

  Seide assegurou que vendedores retalhistas exercem as suas atividades de forma indireta por dependerem dos fornecedores grossistas dos produtos. “Nesse caso, os Importadores vendedores grossistas revendem com certa margem de lucro aos Djilas que dispõem de mecanismos para aumentar em nenhuma das ocasiões um fraco acima do preço calculado.

Para sustentar a sua explicação com a lei da oferta e da procura que na ótica a lei da procura predomina nos mercados nacionais, por falta das importações de grande quantidade dos produtos.

“E os produtos importados chegam por via terrestre e nessa lógica, Aliu Seide crítica essa lentidão de chegada dos produtos. Os produtos importados só duram no máximo uma semana nos mercados e com os atrasos dos camiões (vulgo remorcos) vindos do Senegal, Gambia Guiné Conacri acabam por provocar alteração nos preços.

De seguida exibiu documentos que comprovam assinatura que envolve a Empresa A.D.G Comercial- SARL com o Estado, através de Ministério do Comércio, datado no dia 6 de Abril de 2022 com assinatura do Diretor Geral do comércio, Mário Tambá, onde a Empresa comprometeu-se a vender, 340.000 sacos de Arroz 10% Brokens de cinquenta quilos de marca Supremo de origem Chinesa.

 Ao preço máximo no armazém do importador a 18.500 franco CFA, 19.000 ao grossista, 19.500 CFA para o consumidor final em Bissau, e em todo o território nacional. Sendo assim, o acordo acaba por aumentar valor daquele produto por quilograma que era vendido a quatro centos franco para quatro centos e vinte cinco franco CFA,         

Ainda Aliu Seide nega que o disparo do valor dos custos dos bens da primeira necessidade, em particular açúcar, não tem nada a ver com o período de jejum que se verificou no país nos meses de março e abril deste ano.

˝Acompanhamos atentamente as denúncias feitas por diferentes entidades envolvidas no setor e de cidadãos consumidores, que alegam aumentos de preços exorbitantes e nos atribuem a responsabilidade dessa subida de custo de vida, sobretudo dos produtos de primeira necessidade”, disse acrescentando “isso nos deixa bastante triste, porque nós não impomos e nem cobramos as taxas dos impostos, mas simplesmente dependemos dos fornecedores”. lamentou Seide

Portanto, Aliu Seide convida o Ministério do Comércio, a ACOBES, parceiros e as pessoas ligadas ao ramo do comércio, para um debate público, nas rádios ou na Televisão com finalidade de esclarecer a opinião pública nacional e estrangeira sobre quem é responsável do aumento dos preços de produtos de primeira necessidade.   

Em poucas palavras, o retalhista Feliciano Bidane Dafa duvidou-se das medidas que o governo está a tomar, uma vez que a situação tem a ver com a conjuntura mundial.

Para aquele retalhista, o Estado deve aceitar a realidade e esclarecer a opinião pública do que está a passar em vez de tentar enganar o povo.

Ainda Dafa explicou que os preços praticados nos mercados estão em constante evolução todos os dias com a tendência de agravar ainda mais. Para quem frequenta os mercados todos os dias estará em condições de ser confrontado com a realidade das coisas.

Produção alimentar

O retalhista Dafá Binane afirmou que muitos dos seus colegas já abdicaram de vender nos diferentes contentores, Boutiques e lugares similares os produtos, cujos preços sobem todos os dias tais como: óleo alimentar, açúcar, sabão e alho, em consequência de perda de lucros. Por isso, afirma que “é bom que os trabalhos sejam feitos de forma transparente e que tenham um acompanhamento adequado por parte das autoridades competentes.

“E está na hora de os governantes do país pensarem na produção local, criando condições para o desenvolvimento da agricultura, através da sua mecanização, e só assim a população vai ter uma vida condigna e saudável, porque as condições climáticas são favoráveis para todo tipo de culturas”, disse Dafá Binane.      

Na voz dos cidadãos, a senhora Teresa Lopes não vê solução de tudo isso se não forem aumentado os salários dos funcionários para poderem suportar as despesas, caso contrário daqui a pouco tempo só sobreviverá quem Deus der.

Referindo-se ao que se passa atualmente no mundo, a senhora qualificou de desumano onde as pessoas não têm piedade de uns aos outros e vivem como se fossem deuses na terra.

Francisco Gomes, (colaborador)

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