No âmbito das recentes orientações adotadas pelo Governo, com vista ao levantamento progressivo das medidas de prevenção e combate ao novo coronavírus em diferentes setores da vida nacional, com destaque para o setor da educação, comércio e transportes a nível local, o “Nô Pintcha” entrevistou o diretor da Escola Adventista Betel.
Relativamente ao setor educativo, o executivo autorizou as escolas privadas, comunitárias e de autogestão que atingirem, pelo menos, 65 por cento de matérias para retomarem as aulas e, depois, concluírem as avaliações semestrais.
Carlos Djataconfirmou, No 6 de julho, a retoma das aulas no dia 13 deste mês, tendo garantido que todas as medidas de prevenção serão tomadas com vista a evitar um eventual contágio entre os alunos, incluindo professores.
Ele acrescentou que a sua escola está preparada para a conclusão do ano lectivo.
Na verdade, esta pandemia causou-lhes dificuldades enormes, porque têm tido um calendário que projetava o final deste ano letivo para o dia 16 de junho, infelizmente isto foi atrapalhado com a situação da Covid-19, que faz com que houvesse suspensão de aulas desde o dia 18 de março, causando-nos transtornos e dificuldades que até então não estão ultrapassadas.
Outrossim, o problema deste tipo acontece pela primeira vez, o que nos deixou sem soluções no imediato. Djata acrescentou que esta situação afetou o país e todo o mundo. O Ministério da Educação não tem poupado esforços na busca de uma saída de acordo com as necessidades. No meio de tudo isto decidimos retomar as aulas a partir do dia 13 do corrente mês de junho, próxima segunda-feira.
Questionado sobre a situação do confinamento que ainda não terminou, o distanciamento nas salas de aula e o uso obrigatório de máscaras, respondeu que se percebe que nem todos estão habituados a esse comportamento mas, por ser obrigatório, estão a envidar esforços para poderem lidar com as crianças. Tecnicamente é uma tarefa difícil, mas temos pessoal já preparado. Na quarta-feira, todo o pessoal administrativo frequentará um seminário a decorrer no Ministério da Educação e ministrado por técnicos ligados ao Ministério da Saúde. No dia seguinte, quinta-feira, o seminário é dedicado aos professores, sempre na base do distanciamento exigido. A Escola Betel está estruturalmente preparada para receber os seus alunos. No entanto, não podemos controlar o tempo, as intempéries provocadas pela chuva e trovoadas que aí vêm. São fenómenos naturais cujos efeitos escapam ao nosso controlo. Pode haver meninos que requerem cuidados e recomendações especiais mas, se estiver a chover, isso pode influenciar e fazer com que haja uma fraca participação dos alunos, porque há aqueles que não têm viatura privada e vêm de transporte público.
Carlos Djata encorajou os seus alunos no sentido de darem o seu máximo, porque têm como objetivo comum a conclusão do ano letivo.
Este responsável frisou que o nível de percentagem que esta escola já atingiu é de 85 por cento em matéria dada, porque já havia terminado o segundo período. Agora, resta a conclusão das provas de coordenação e, depois, introduzir matéria do terceiro período. Isto não impede, porém, que as avaliações possam ser altamente positivas.
Se o Ministério da Educação tivesse aceitado que as aulas terminassem com dois períodos concluídos, neste momento estariam descansados. Resta-nos concluir o terceiro período para finalizarmos o ano.
Há algumas semanas reunimo-nos com todos os coordenadores das disciplinas e diretores de turmas, que, ao retomarem as atividades ,disseram que fariam simplesmente um resumo da matéria que falta para facilitar a compreensão dos alunos, cingindo-se apenas naquilo que é o mais importante.
A direção tinha pensado que os levantamentos feitos a nível de percentagem da matéria já dada podia ser longa, mas os professores concluíram que faltavam apenas uns 10 por cento. Outras, até, muito menos, necessitando só de uma ou duas semanas, porque o terceiro período na Escola Betel é muito curto. Os professores são sensibilizados para trabalharem fortemente no primeiro e segundo período, o terceiro fica mais leve, porque também calha com a saturação da mente das crianças.
Durante a entrevista com um dos pais e encarregado de educação, Alexandre Silva Monteiro, afirmou que esta pandemia tem um impacto bastante negativo na vida da sociedade em geral e, neste caso, do ensino guineense, ainda é mais preocupante porque, de facto, era bom quando mandassem um aluno para a escola, que saísse de lá com capacidade e conhecimento elevados.
Se antes o ensino escolar era deficiente, com o surgimento da Covid-19 tornou-se ainda maior. Agora, a prevenção está incutida nas mentes de toda a gente que está mais consciente no cumprimento das medidas de higiene, tais como a lavagem das mãos, o uso de máscaras, evitar as grandes concentrações de pessoas.
Alexandre Monteiro mostrou-se preocupado com a retoma das aulas nesta época de chuvas, o que obriga a escola a fazer ajustamento no tempo que será estipulado pela direção da Escola, quer dizer, cobrir o segundo trimestre com matéria que se leciona em três meses e tentar completar o terceiro período em duas ou três semanas. Com estes impedimentos, como podem convencer-nos de que os alunos sairão bem habilitados. É uma pena não haver outra saída, porque isto tudo terá reflexos nas universidades de outros países para onde irão estudar no futuro.
“Este é o momento de repensar o nosso sistema de ensino, a fim de serem encontradas as melhores soluções. É triste quando somos confrontados com influências políticas que desequilibram o nosso currículo”, referiu Alexandre Monteiro.
A concluir, solicitou aos pais e encarregados de educação no sentido de apoiarem outros alunos que não só os seus filhos no sentido de os facultar em meios de transporte que utilizam no momento de regressar a casa, porque é difícil conseguir transporte público nesta época do ano.
Monteiro apelou à direção da escola no sentido de, junto com o ministério, pais e encarregados de educação fazer um balanço a fim de encontrar uma saída ao obscurantismo em que nos encontramos. Por outro lado, é bom repensar sobre matérias a ministrar aos alunos, pois eles não estão na escola para aprender os dogmas de determinadas religiões, mas sim para ganharem conhecimentos académicos e científicos para a sua vida futura.
Este nosso país é laico e, como tal, os alunos não frequentam a escola para aprenderem a doutrina de uma religião, não devemos tornar obrigatória matéria religiosa aos estudantes.
Adelina Pereira de Barros