“Hospital Regional de Gabu está empenhado em erradicar casos de fístula obstétrica, através de campanhas de sensibilização permanente das populações, com vista a erradicação da doença”, afirmou o diretor dos Serviços de Maternidade dessa unidade hospitalar.
Em entrevista ao Nô Pintcha, Clusé Tchami informou que os casos de fístula estão a diminuir gradualmente na zona, graças ao esforço da equipa médica desse hospital.
Aquele técnico informou que foram registados dois casos, e o hospital tentou estabelecer contacto com as famílias para sensibilizá-las, mas não foi possível, devido à falta de disponibilidade telefónica por parte dos pacientes, bem como dos familiares.
“Neste momento estou a registar dados. Há dias registei dois casos de fístula, mas o que nos dificulta bastante são aquelas pessoas que vêm de tabancas, e muitas delas não têm contacto telefónico, mesmo a nível familiar não há quem se possa contactar para informar sobre a situação”, lamentou.
Durante a entrevista, Clusé Tchami informou que o seu serviço recebeu duas pessoas com fístula obstétrica, e uma delas encontra-se internada na Maternidade do Hospital Regional de Gabu, transferida do Hospital Regional de Bafatá, e é uma grávida que, certamente, poderá dar à luz através de uma intervenção cirúrgica (cesariana).
“Como devem saber, quando uma criança leva mais tempo no ventre da mãe, isto provoca consequências graves no canal de parto, causando lesões. Entretanto, após a operação, verificámos se essa mulher tem fístula vesicovaginal”, explicou.
Consequências
Questionado se a mulher transferida de Bafatá para Gabu foi por causa da fístula, o médico respondeu que o motivo da transferência é por ter sido operada, pois, precisava de cuidados mais especais, porquanto tinha feito cesariana anteriormente.
De acordo com esse médico, a fístula obstétrica ou vesicovaginal é a comunicação entre a vagina e a bexiga. No entanto, explicou também que existem fístulas vesicovaginais e vesico-anais, que, com o tempo, podem provocar infeções.
Em relação às consequências, explicou que os efeitos da fístula se caracterizam em vários aspetos. Por exemplo, a mulher pode ficar um pouco deprimida perante os colegas por causa da urina que lhe escapa espontaneamente, devido à comunicação entre a bexiga e a vagina, causada por um parto prolongado.
Acresceu que em áreas sanitárias sem bloco cirúrgico, algumas mulheres que tentam dar à luz em próprias casas, de forma tradicional, acabam por sofrer lesões, devido à pressão da cabeça da criança, o que provoca uma lesão na comunicação entre a bexiga e a vagina. “Nesses casos, as parteiras tradicionais não conseguem descobrir se a mulher tem ou não a fístula e se for num hospital descobre-se e é reparada.
Recomendação
O médico Cluse Tchami recomenda às mulheres a considerarem o hospital como o único local para diagnosticar e confirmar a existência de uma patologia. Neste caso particular, afirmou que a fístula só poder ser confirmada numa mulher por um técnico de saúde.
Enquanto isso, a paciente Fatumata Camará elogiou os trabalhos dos técnicos que têm lutado contra a fístula. Apesar de ainda se encontra internada, disse que está a sentir-se relativamente bastante melhor.
Questionada sobre o que sabe da fístula, Fatumata Camará afirmou desconhecer a patologia. Relatou que antes, a urina não saía surpreendentemente, mas após ter sido submetida à cesariana, começou a constatar o aparecimento repentino do líquido na vagina.
Assim, encoraja as colegas que enfrentam o mesmo problema a dirigirem-se ao hospital para serem diagnosticadas e, consequentemente, curadas.
Geraldo S. Camará