O Presidente da República reconheceu hoje que, durante décadas, faltaram ao Estado guineense uma vontade política suficiente e instituições empenhadas na gestão transparente da coisa pública.
Umaro Sissoco Emabló, que falava na cerimónia comemorativa do Dia Internacional contra Corrupção, que se assinala a 9 de dezembro, disse que esse fenómeno está presente em todas as atividades sociais, alargou-se, aprofundou-se, tornando-se uma ameaça à concretização das aspirações dos guineenses ao progresso da sociedade.
A seu ver, a corrupção mina a autoridade do Estado, quebra a confiança dos cidadãos e das empresas, pelo que é desastrosa para o projeto do desenvolvimento económico do país.
O Chefe de Estado afirmou que, sendo a corrupção um fenómeno transversal, o seu combate também tem de ser transversal e, tratando-se de uma luta de várias frentes, o seu sucesso exige coordenação permanente entre todas as instituições públicas anti-corrupção.
“Os cidadãos também são chamados a fazer denúncias de indício da corrupção, seja onde for que eles se manifestarem. Temos de manter bem firme a vontade política necessária para implementação de medidas que já foram identificadas”, exorta Sissoco Embaló.
A recente “viragem operada no Tribunal de Contas” serve, para o Presidente da República, um exemplo para demonstrar a sua determinação na fiscalização de legalidade das despesas e no julgamento das contas do Estado.
Corrupção mantém o ritmo de crescimento
Na sua intervenção, a ministra da Justiça e dos Direitos Humanos declarou que a corrupção mantém o ritmo de crescimento nas sociedades contemporâneas, que se vêm enfraquecidas nos seus recursos coletivos.
Teresa Alexandrina da Silva acrescentou que os governos e as instituições nacionais que se dedicam a trabalhar sobre essa temática têm uma perceção aguda de que o controlo da corrupção dominui a pobreza, potencia o desenvolvimento, protege os mais fracos e promove o bem estar social”.
Na sua opinião, a criminalidade económica e financeira, especialmente a corrupção e o branqueamento de capitais, assim como o terrorismo e seu financiamento, constituem no presente, uma série ameaça ao Estado de Direito, ao desenvolvimento sustentável e ao pleno gozo dos direitos humanos, ao progresso social e bem estar dos cidadãos, sem esquecer as ameaças à estabilidade financeira e a realizaçao da justiça.
No quadro das celebrações da data, sob organização do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, os participantes no ato debatem, entre outros, o seguintes temas: “Prestação de contas de financiamento partidário. Início da gestão transparente dos recursos públicos”; “Prestação de contas de financiamento eleitoral. Medidas persuasivas da corrupção eleitoral”; “Corrupção e branqueamento de capitais, dois binómios inseparáveis” e “Proteção social da corrupção”.
Ibraima Sori Baldé