Governo e parceiros partilham conhecimento a 50 mulheres e meninas

O Governo, através do Ministério de Ação Social, Família e Promoção da Mulher, em parceria com o Observatório da Paz-Nô Cudji Paz, realizam de 10 e 11 de outubro, uma ação de formação destinada exclusivamente a 50 mulheres e meninas, em Bissau.

O objetivo visa apetrechar as mulheres de conhecimentos e técnicas de deteção de sinais de radicalismo e extremismo violento, bem como mobilizá-las para promoção da paz e coesão social.

A abertura da formação foi presidida pela ministra da Ação Social, Família e Promoção da Mulher, Cadi Seidi, que na ocasião, disse que esta iniciativa visa empoderar as mulheres, jovens e adultas para deteção de sinais radicalismo e extremismo violento, bem como mobilizá-las para promoção da paz e coesão social. “Cabral dizia que a nossa luta não pode ter sucesso sem a participação da mulher”.

“A Guiné-Bissau é alcunhada como um país de conflitos cíclicos de diferentes ordens, sobretudo nos últimos anos, onde se nota a instabilidade política e governativa como o fator primordial do atraso ao desenvolvimento sustentável que se almeja.” Referiu Cadi Seidi.

A governante lembrou que, para ter um desenvolvimento sustentável, a liberdade, muitos dos ente queridos, familiares deram as suas vidas, seu sangue e a sua juventude, e isso não se negoceia.

No seu entender, a mulher e a rapariga à semelhança das crianças, idosos, pessoas com necessidades especiais são as maiores vítimas das instabilidades e violências nas suas diversas formas, sejam elas psicológicas, físicas, culturais, religiosas, verbais assim como discursos de ódio, de intolerância, de oportunismo e de interesses obscuros.

Seide afirmou que para se falar do extremismo violento, deve-se em primeiro lugar, entender o conceito, os seus antecedentes, as suas causas profundas mas também superficiais, os seus atores tantos internos como externos, os interesses em disputa, as partes envolvidas nas diferentes etapas, as estratégias para sua mitigação, com que recursos humanos, materiais e financeiros.

Outrossim, Cadi Seidi defendeu a necessidade de se sensibilizar adotarmo-nos de capacidade de deteção precoce que exige uma resposta rápida no sentido de se prevenir para que não aconteça na Guiné-Bissau.

Por seu turno, o presidente interino da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé disse que ser mulher não é sinónimo da paz, mas também a durabilidade da paz depende em grande medida da participação das mulheres em todos os esforços da consolidação da paz.

Segundo Turé, a paz no mundo está a passar por reveses significativos: os conflitos, o extremismo violento e o crime organizado estão a expandir-se de forma avançada para vários cantos do planeta.

Pois, a exclusão das minorias étnicas, religiosas, políticas e fatores associados a corrupção, desigualdades crescentes, má distribuição dos recursos públicos são as principais razões que alimentam os discursos radicais e extremistas.

Por outro lado, afirmou que é neste contexto que as ideologias extremistas violentas estão a ganhar terreno em todo o mundo, enraizando-se nas comunidades locais de vários Estados enfraquecidos e atraindo um número crescente de cidadãos marginalizados de outros Estados, sobretudo os jovens.

Bubacar Turé, informou que perante esta realidade que chamou de indesmentível, o Observatório da Paz- Nô Cudji Paz surge como uma ponte que une os diferentes atores nacionais, desde políticos, sociais e económicos em torno do ideal de promover a coesão social e consolidar a paz no país.

Sublinhou que a concretização desta tarefa só é possível com a adoção de uma abordagem holística sobre o radicalismo e extremismo violento, incluindo a formação e reforço de capacidades de diferentes atores nacionais.

Adelina Pereira de Barros

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