O secretário-geral do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, ao presidir à cerimónia de lançamento da presente campanha agrícola, em Mansaba, aconselhou aos agricultores para cultivarem variedades de sementes de ciclo curto como tubérculos e produtos hortícolas, tendo em conta as irregularidades de chuvas na presente época agrícola.
Malam Cassamá, que falava em representação do ministro da Agricultura, na cerimónia de lançamento da campanha agrícola 2023/2024, no passado dia 15 deste mês, subordinado aa lema “Mecanizar a Agricultura”, referiu que o lema escolhido revela a necessidade de a agricultura ser mecanizada, para aumentar a produtividade e a produção, tendo em conta que esta tem um papel importante na luta contra a fome e a pobreza, como também na segurança alimentar e nutricional.
Malam Cassamá explicou ainda que a agricultura é limitada pelos “fracos investimentos, fraca produtividade e fracos rendimentos” e que a ausência de um investimento público exacerbado de quase exclusão do setor privado, onde os países que já tinham sido tidos como exportadores de alimento são agora dependentes da importação de alimentos de origem vegetal e animal como a Guiné-Bissau.
Aquele responsável lembrou que o país dispõe de 1.410.000 hectares de terras aráveis, de grande quantidade de água doce, de um potencial técnico, mas ressalvou que a dificuldade assenta-se na falta de recursos financeiros para investimento no setor que segundo ele “é estratégico na economia nacional”.
Cassamá revelou que o Governo nesta campanha vai distribuir, em todo o território nacional, 15.543,5 toneladas de sementes de arroz de bolanha de água doce; 796,5 toneladas de sementes de arroz de mangrove; 3.483 toneladas de sementes de cereais secos (milho bacil, milho cavalo e milho preto); 11.580 toneladas de semente de mancarra; 1.811 toneladas de sementes de feijão; 1 tonelada de sementes de gergelim (Beno); 446 quilos de sementes de culturas hortícolas (tomate, repolho, cebola, canja, cenoura, beterraba, alface, couve, pimenta, salsa entre outras); 1.540 toneladas de fertilizantes (Ureia e NPK); 10.407 unidades de pequenos materiais (regadores, enxadas, ancinhos sachos, baldes) 774.200 doses de vacinas; 1.832 litros de produtos fitofarmacêuticos; 112 equipamentos de proteção individual; 90 atomizadores; 108 pulverizadores; materiais de trabalhos agrícolas, para atenuar os impactos da crise sanitária mundial e da guerra na Ucrânia e pelas diversas calamidades naturais.
FAO doa 551.800kg de sementes
Por seu turno, o assistente do Representante da FAO, Mário dos Reis, sublinhou que os guineenses devem estar todos juntos e de mãos dadas, para a mudança de paradigma na forma como produzir, a transição para sistemas agroalimentares mais sustentáveis que nos permitam produzir mais e melhor, preservando simultaneamente os recursos naturais e o ambiente.
Dos Reis fez saber que através do PUSA (Projeto de Urgência de Segurança Alimentar), financiado pelo Banco Mundial, a FAO pôs à disposição do Ministério da Agricultura quantidade de insumos agrícolas para a presente campanha num total de 551.800kg de sementes foram distribuídas, nomeadamente 135.800kg de sementes de arroz de bas-fonds; 230.000 quilograma de sementes de arroz de mangrove; 15000 quilogramas de sementes de milho bacil; 110.000 quilogramas de sementes de mancarra; 60.000 quilogramas de sementes de feijão; 1.000 quilogramas de sementes de gergelim; 150 quilogramas de sementes quiabo/ canja; 155 toneladas de adubos.
No âmbito de formação e reforço de capacidades dos camponeses, foram instaladas seis campos (6) escolas sobre SRI em benefício de 454 famílias, tendo sido cultivadas e em produção 129 hectares de arroz. De igual, nove (9) escolas foram instaladas sobre a produção de milho bacil nas regiões de Bafata, Gabu, Oio, Cacheu e Bissau. 198 Animais foram distribuídos em benefício de 59 famílias; 2.941 pessoas beneficiaram cada uma dum montante de 85.000 francos cfa no quadro “Dinheiro contra Trabalho”; 3.000 pessoas beneficiaram cada uma dum montante de 85.000 francos cfa no quadro de “ apoio incondicional em dinheiro”.
Mário dos Reis concluiu assegurando que a FAO está totalmente disposta a continuar e a reforçar a sua assistência ao Governo nos seus esforços atuais para combater a pobreza e garantir a segurança alimentar e nutricional da sua população.
Combater fome
Na sua intervenção, o chefe do Programa Alimentar Mundial (PAM), Mamadou Sow, enfatizou que o objetivo da sua organização é de combater à fome, e nesta base que o programa tem estabelecido várias cooperações, no domínio das atribuições nas cantinas-escolares de comida para as raparigas a fim de poderem frequentar as escolas.
Ele explica que o PAM tem no seu armazém 1.253 toneladas, nesta campanha e serão distribuídas se tudo correr como planejado a partir da próxima terça-feira.
O consultor da FIDA, Alain Thermil, frisou que a sua instituição sempre está a trabalhar em estreita cooperação com a Guiné-Bissau.
Thermil afirmou que FIDA tem dois (2) projetos a financiar no Sul, Tombali, e Bolama Bijagós, também estão no Leste do país.
Régulo de Mansaba
O Régulo de Mansaba, Bubacar Seide, agradeceu o gesto do Governo e dos parceiros, tendo aproveitado a ocasião para pedir a comunidade camponesa no sentido de cuidar dos materiais recebidos e fazer um bom uso em prol da boa campanha agrícola.
Interpelada pelos jornalistas, Amina Mancó, uma das mulheres beneficiárias dos materiais agrícolas, contou que o material recebido vai ajudá-las a desenvolver as suas atividades, gerar ganhos financeiros e ter acesso às escolas, comida e roupas.
“Aqui são as mulheres que trabalham para o seu sustento e dos filhos. A campanha de caju não correu nada bem e estamos a passar fome. Com esses materiais e sementes vamos redobrar esforços na produção e ter mais rendimento económico. É um sinal positivo porque vamos começar a pensar na diversificação da produção”. Disse Amina Mancó.
No setor de Mansabá, região de Oio prevê-se atingir cerca de 14,218 famílias com a distribuição de sementes e materiais agrícolas.
Recorde-se que o ato contou com as presenças do governo local, representantes de Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Programa Alimentar Mundial (PAM), ROPPA, Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Projeto REDE e outras entidades parceiras do governo, que testemunharam também a entrega de materiais agrícolas pelo Projeto REDE a aldeia de Manhau, arredores de Mansabá.
Adelina Pereira de Barros