Funcionários denunciam alegado desvio de fundos no hospital de Gabu

Um grupo de funcionários do Hospital Regional de Gabu acusa a direção da instituiçao de estar a praticar atos de “corrupção e uso indevido” de receitas, além de faltar conhecimentos ao atual diretor para estar à frente dessa unidade hospitalar.

Em conferência de imprensa, realizada nesta segunda-feira, 29 de julho, esses trabalhadores, liderados pelo antigo diretor do hospital, igualmente porta-voz do núcleo, acusam o responsável máximo do hospital, Muntaga Baio, de ter retirado cerca de 1,4 milhões de francos cfa dos cofres, no mesmo dia em que o ex-administrador levantou três milhões para o pagamento do subsídio ao pessoal.

“Ele também mencionou a compra de um gerador no valor de 3.874.950 FCFA, mas o hospital continua a enfrentar a falta de corrente elétrica, obrigando aos técnicos a assistirem partos e a realizarem cirurgias com lâmpadas de mão”, afirmou António Nhampam Cá.

Segundo ele, entre janeiro e março de 2024, o Programa Integrado para Taxa da Mortalidade Materno Infantil (PIMI) desembolsou cerca de 25,3 milhões de francos, destinados a consultas gratuítas e outras atividades para grávidas e crianças, mas parte desse fundo foi “utilizada indevidamente”.

Transferências

No entanto, António Cá lembrou de um episódio em que Muntaga Baio se dirigiu à farmácia do hospital para pedir medicamentos sem apresentar qualquer requisição formal, situação que viria a resultar numa “má convivência com os funcionários envolvidos e que levou à intervenção do sindicato.

Disse que o mesmo episódio originou a transferência dos responsáveis da farmácia e da maternidade, que, conforme a sua explanação, eram “elementos dinâmicos” daquele serviço.

“Não nos importamos que promovam qualquer pessoa desde que se junte a uma equipa de trabalho, mas colocar alguém que não esteja preparado, ou seja, que não é da área, como o atual diretor, é um total desastre”, disse.

Neste encontro com a imprensa, António Nhampam Cá também acusou o secretário de Estado da Gestão Hospitalar, Abás Embaló, de fomentar a má convivência no hospital, ao concordar com a transferência dos funcionários da farmácia para outros serviços, em colaboração com o diretor clínico, Amadu Buaro.

Acusou ainda o Buaro de ter trocado a fechadura da farmácia e colocar um funcionário sem vínculo com o Estado para gerir aquele serviço, transformando uma entidade pública numa instituição privada, colocando em risco o bem comum.

Agenda política

Entretanto, em resposta a essas acusações, o atual  diretor do Hospital Regional de Gabu considerou de caluniosas as declarações de António Nhampam Cá, que acusa de ter “uma agenda política” e de não “querer colaborar” após à sua saída.

Justificando, durante uma conferência de imprensa, sobre os fundos desbloqueados para os trabalhos do hospital, Muntaga Baio disse que o diretor regional da Saúde está ciente da situação.

Por outro lado, referiu que não deve dar satisfações ao referido grupo de trabalhadores, porque não passam de simples técnicos. Aliás, adiantou que as receitas internas são insuficientes para resolver todos os problemas da instituição. “Ouvi falar em mais de 20 milhões de francos, mas o hospital não tem todo esse dinheiro”, decalrou, prometendo “resolver brevemente” a questão do gerador.

Quem também se pronunciou nessa ocasião, foi o diretor clínico, Amadu Buaro que, relativamente a transferência supracitada de dois funcionários, esclareceu que tais assuntos são de exclusiva competência da Direção Regional de Saúde.

Geraldo Sulemane Camará (colaborador)

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