Os exportadores manifestam-se preocupados com a demora no escoamento da castanha de caju de interior para Bissau, tendo em conta o aproximar das chuvas e os compromissos assumidos com os parceiros para a exportação do produto.
É que alguns operadores económicos nacionais já têm contratos assinados com companhias marítimas para trazerem barcos a Bissau até final do mês, mas ainda não conseguiram recolher nenhum quilograma de caju, situação que pode acarretar custos adicionais aos seus cofres. Além disso, temem também para a qualidade da castanha, uma vez que há poucas condições de secagem no interior.
Neste sentido, apelam bom senso entre a associação dos intermediários e o governo para que a situação possa ser desbloqueada.
Sabe o jornal Nô Pintcha, através de uma fonte ligada à matéria, que uma alegada taxa de 28 francos cfa por quilo, cobrada aos agricultores e os intermediários, estaria na origem desse grande atraso que se verifica.
A mesma fonte, que é um exportador com mais de 10 anos de experiência e que exporta cerca de 12 mil toneladas de caju por ano, considera que os intermediários simplesmente “estão numa greve não declarada”. “Nós seremos os grandes prejudicados com isso tudo. Até porque há crise de contentores. Por isso, apelamos as partes que nos ajudem a ultrapassar a situação”, implorou o empresário.
Sobre o assunto e para o melhor esclarecimento, o nosso jornal falou com o presidente da Associação Nacional dos Intermediários de Negócios, quem garantiu que a situação em causa será desbloqueada nos próximos dias.
Lássana Sambu informou que até 2019 pagavam uma taxa de escoamento num montante de 1,5 milhões de francos cfa, que passou para 7,5 milhões em 2020, oito milhões em 2021 e neste ano subiu para 28 milhões por cada mil toneladas da castanha de caju.
“Dissemos 28 milhões porque a taxa dos intermediários é de 13 francos, mas o governo afetou-os o mecanismo de cobrança dos agricultores (15 francos cfa), o que não é do nosso agrados”.
O problemas agora, segundo o nosso entrevistado, está no facto de os intermediários estarem a comprar a castanha no valor acima daquele que reivindicavam, ou seja, recusaram a pagar 28 francos de taxa por quilo, mas atualmente adquirem o produto a 400 francos, 100 francos mais caro, visto que começaram a comprar a 300 FCFA no início. “Não vale a pena estar a reivindicar e depois aumentar o preço junto dos produtores. Isso parece ser falta de coerência para com o Estado”, referiu o presidente dos intermediários.
Entretanto, o Nô Pintcha sabe que estão em curso diligencias no sentido de haver uma reunião entre todas as partes envolvidas no processo de comercialização da castanha de caju, nomeadamente o governo, os operadores económicos, os intermediários, os produtores, entre outros. É possível que deste encontro saia alguma solução para salvar a presente campanha.
Ibraima Sori Baldé