Exéquias do Comandante Saturnino Costa marcadas com tristezas e recordações

Centenas de pessoas, entre famílias, amigos e colegas, acompanharam os restos mortais do Manuel Saturnino Domingos Costa para sua última morada, no dia 15 do mês de março, numa cerimónia marcada de profunda tristeza e recordações de um combatente da liberdade da pátria, comandante, político e governante e diplomata.

No ato da cerimónia fúnebre desse antigo guerrilheiro de luta pela independência, o ministro da Defesa Nacional, Sandji Fati, disse que o país está  a despedir-se daquele que foi militar, diplomata e politico, e alguém que integrou o primeiro grupo dos combatentes que Amílcar Cabral mandou para China para uma preparação militar. “Era o último sobrevivente, homem que desempenhou um papel determinante e decisivo na realização do congresso de Cassaca.

Sandji Fati lembrou que Manuel Saturnino desempenhou com abnegação e dedicação várias funções na luta de libertação e no Estado independente. Segundo o ministro, o falecido era um homem humilde, solidário e sensível a injustiça.

“Sempre que foi confiado a missão de Estado, exercia essas funções com zelo e determinação em prol do desenvolvimento do país e de bem-estar social e económico.

Disse que o comandante Saturnino Costa dedicou toda a sua vida à causa da liberdade e progresso do povo guineense. Lembrou que após as primeiras eleições multipartidárias no país, foi nomeado Primeiro-ministro, tendo gerido o processo de integração monetária (conversão de peso para francos CFA), facto que marcou significativamente o quadro económico do país.

Por sua fez, Ninfa Costa, uma das filhas do malogrado, agradeceu ao Presidente da República, general Umaro Sissoco Embaló, o Governo e a todos aqueles que decidiram acompanhar o seu pai para a sua última morada. Revelou que o seu pai os ensinou que nesse mundo não há ser humano mais importante que o outro, e que a justiça deve ser também para todos sem exceção.

BIOGRAFIA

Manuel Saturnino Domingos Costa

Filho deDomingos Augusto da Costa e de Francisca Vieira, nascido emBolama em 29/11/1942;

Ingressou na luta armada de libertação nacional em 3/9/1960;

Manuel Saturnino distinguiu-se logo nos primeiros anos de mobilização política tendo em vista o desencadear de luta armada, que se viria a iniciar em 1963;

Fez parte do grupo dos primeiros quadros a receber formação político-militar na academia de Nanguin, República Popular da China.

Foi Responsável de zona 11 e adjunto comandante de Frente Sul (1964);

Comandante de Corpo de Exército Vitorino Costa (1964);

 Como formação académica, Manuel Saturnino Costa, tem o Curso médio de Administração e Gestão na Universidade Zagreb, Croácia, antiga Jugoslávia.

Com a proclamação do Estado da Guiné-Bissau, Manuel Saturnino Costa integra o primeiro Governo da nossa história, o Conselho de Comissários de Estado. Primeiro, como subcomissário de Estado da Educação Nacional e, com a primeira remodelação do Executivo, como subcomissário de Estado da Administração Interna-1974/1976;

Desempenhou ainda, funções de:

– Ministro dos Antigos Combatentes (1976-1977)

– Primeiro Embaixador da Guiné-Bissau em Cuba (1977-1979)

– Embaixador na URSS (1979-1980)

– Ministro do Interior (1980-1982)

– Ministro das Obras Públicas (1982-1983)

– Governador da Região de Tombali (1985-1988)

 – Governador de Região de Bafatá (1988-1990)

– Presidente de Câmara Municipal de Bissau (1990-1993)

– Secretário Nacional do PAIGC (1993)

– Primeiro-ministro (1994-1997)

– Ministro da Presidência (2009)

– Membro de conselho de Estado (2014-2018)

Antes de ter retirado da vida política ativa, por motivos de saúde, Manuel Saturnino Costa ainda participou no congresso do PAIGC que se realizou em 2014, na cidade de Cacheu. Desde então, e sempre que entendeu ser necessário, Saturnino Costa tem levantado a sua voz apelando à unidade e à reconciliação nacional.

Comandante Saturnino Costa é um Nacionalista que preteriu a sua juventude em prol do bem-estar da sua pátria amada.

Alfredo Saminanco

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