Nas celebrações da efeméride, o ministro dos Transportes e Comunicações, Augusto Gomes, em representação do Primeiro-ministro, assegurou que a Administração Pública não pode continuar na situação em que se encontra, onde os servidores só chegam aos seus postos de trabalho a partir das 10 a 11 horas. Portanto, é chegado o momento de pôr fim este estado das coisas.
Essa mudança anunciada pelo governante foi na cerimónia comemorativa de 62º aniversário de massacre de Pindjiguiti, que é celebrado todos os anos no dia 3 de gosto. Na sua explanação, o ministro dos Transportes citou um ditado em crioulo: “governo na findji guverna e trabadjadures na findji trabadja” – é esta a situação que deve ser invertida para transformar a Administração Pública mais proactiva, capaz de gerar rendimentos.
Disse que o executivo está empenhado em imprimir rigor e disciplina na vida pública, porque só com esses valores que a Guiné-Bissau pode mudar de paradigma e combater ferozmente a corrupção que tem adiado o desenvolvimento do país.
Para a defesa desses valores, Augusto Gomes disse que quem dirige deve ser o primeiro elemento da fila a demonstrar carácter, transparência e honestidade, para depois ser seguido por outros.
“Não é possível que só quando alguém é nomeado ao cargo de ministro ou diretor-geral vai começar a construir casas. Se essa prática continuar não se pode falar em paz social e nunca pode haver um entendimento entre os sindicatos e o governo”, salientou.
Augusto Gomes disse que o executivo está determinado em garantir assistência médica e medicamentosa em todo o território, assim como dar educação para toda a população e acabar com a fome.
Por sua vez, o ministro da Administração Pública, Trabalho, Emprego e Segurança Social, Tumane Baldé, disse que os heróis de massacre de Pingiguiti lutaram ontem para melhoria de condições laborais, hoje o desafio é de organizar uma administração pública eficaz, eficiente e transparente que potencia um desenvolvimento económico acelerado.
Baldé asseverou que o Governo definiu como sua prioridade a qualificação, dignificação, a motivação e profissionalização dos recursos humanos, através de uma política coerente de formação.
Por outro lado, o secretário-geral da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes, Malam Li Baldé, recordou ao executivo que ainda falta para cumprir o acordo e adenda assinado em 2020, caso contrário serão obrigados a recorrerem ao direito que a lei lhes assiste enquanto trabalhadores.
Na mesma ocasião, fez lembrar ao Governo das dívidas contraídas com jornalistas e técnicos contratados de quatro órgãos públicos da comunicação social, assim como a conclusão do processo de efetivação dos mesmos.
UNTG exige fim de subsídio aos órgãos da soberania
Para assinalar 3 de agosto, a UNTG organizou uma marcha pacífica que culminou com a deposição de coroas de flores no monumento de mártires de Pingiguiti. Durante o itinerário, podia-se ler nos dísticos algumas palavras como: “Abaixo subsídios milionários”, “viva os trabalhadores” , entre outros.
No seu discurso depois da deposição de coroas de flores, o secretário-geral da UNTG, Júlio Mendonça, disse que o 3 de agosto de 1959 foi uma data que marcou negativamente o período colonial em África, mas, também, serviu como dia de reflexão e consciencialização do homem africano, em particular do homem guineense que lutou pela sua independência.
Na mesma senda, a central sindical defende que, com base nos princípios que orientam a sua atuação e tendo em conta a conjuntura socioeconómico e político que o país enfrenta, em particular, o sistema de governação associado ao índice elevado de corrupção, que aumenta o nível de pobreza do povo, principalmente dos trabalhadores, essa é a única via de conquistar a dignidade.
Segundo o sindicalista, a atuação do Governo comprova, claramente, que os valores e conquistas da luta de libertação foram completamente beliscados pela classe política guineense.
“Não existe respeito escrupuloso do princípio da legalidade, há desrespeito total dos direitos à liberdade de expressão e de manifestação. A prova disso é a nossa sede que foi atingida pelos elementos da polícia de intervenção rápida, em claro desrespeito aos princípios da legalidade, facto que coincide com atuação arbitrária desse executivo”, referiu.
Para Júlio Mendonça, a data de 3 de Agosto deve ser encarada como dia de reflexão por todos os guineenses, principalmente os governantes, porque não basta criar expetativas ao povo, o importante é mudar o programa da governação, que implica rigor na gestão da coisa pública, organização da administração, cumprimento escrupuloso do princípio da legalidade e combate severo à corrupção.
O responsável salientou que chegou o momento de mudarmos a forma de governação do país, porque o grau da insatisfação atingiu níveis elevadíssimos e se não houver mudança radicais na forma de gestão e repartição dos recursos patrimoniais e financeiros de Estado, a UNTG continuará a usar meios de pressão para atingir os objetivos preconizados.
Mendonça convidou a cada cidadão para que tire ilações e faça analise subjetiva do quanto já beneficiou em nome de Estado da Guiné-Bissau, e quanto já contribuiu par o bem-estar e progresso.
O sindicalista acusou ainda o Governo de ser o único no mundo que teve a coragem de instituir novos impostos e taxas, que provocam diminuição substancial do salário dos trabalhadores.
Alfredo Saminanco e Francisco Gomes – estagiário