Ex-combatentes coloniais reclamam nacionalidade portuguesa

Os antigos combatentes do exército português na Guiné-Bissau pedem às autoridades de Portugal que lhes devolvam a nacionalidade lusa, sendo um direito que os assiste.

A exigência foi manifestada hoje, dias 29 de setembro, pelo presidente da Associação dos Antigos Combatentes das Forças Armadas Portuguesas (Adcofarp), durante uma conferência de imprensa, em Bissau.

Amadu Jao lembrou que entre anos de 1963 e 1974, combateram na Guiné cerca de 250 mil militares portugueses. Destes, cerca de 40 mil eram guineenses e ao mesmo tempo cidadãos portugueses de pleno direito que exerciam o seu dever constitucional e defender à Pátria.

Disse que esses militares guineenses bateram-se com honra por Portugal e cumpriam uma obrigação, mas não foram forçados e sentiam-se por jurar a bandeira à sombra da qual nasceram e defenderam-na sem hesitação.

Aquele defensor dos ex-combatentes das Forças Armadas portuguesas disse que muitos cobriram-se de glória no campo de batalha. “Para alguma ingratidão residual, a maioria dos portugueses lembra de Marcelino da Mata com carinho e admiração”. Acrescentou ainda que muitos milhares de outros, menos conhecidos, serviram com igual fidelidade à causa nacional.

“No rescaldo de 25 de abril, o novo Portugal, não os que António de Almeida Santos, então com a pasta Ultramarina, privou-se sumariamente da nacionalidade portuguesa pelo Decreto-Lei n.º 308-A/75 de junho de 1975”, lembra.

Amadu Jao afirmou que os ex-combatentes estranharam que do dia para a noite, sem aviso, sem referendo, sem consulta da possibilidade de contraditório ou apelo, foram privados do passaporte todos que, nascidos no Ultramar, não fossem descendentes de europeus ou goeses alguma vez houve decisão cevada de preconceito racista no Portugal moderno.

“Vejamos, o único critério para a cassação da nacionalidade portuguesa foi o acordo de ter servido, sofrido, sangrado e sacrificado tudo por Portugal no campo de não os poupou aquela arbitrariedade imoral e inconstitucional”, disse Amadu Jao.

Lamentou que esses homens foram deixados para trás pelo poder de Lisboa, acrescentando que esses homens foram encarcerados mortos pelo novo Governo guineense, que os considerava uma ameaça e falta de lealdade.

“Cinquenta anos depois, o número total das vítimas continua para conhecer. Entre 700 e 5 mil veteranos do Exército português acabaram por ser fuzilados no campo de Cumeré, Farim, Mansoa, Bafatá ou Bissau, referiu. Adiantou que muitos foram assassinados com as suas famílias e outros escaparam para anos de pobreza e abandono no Senegal. “Queremos voltar a ser portugueses”, disseram os antigos combatentes do exército português na Guiné-Bissau.

Fulgêncio Mendes Borges

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