Ontem o mundo encurvou solenemente para celebrar o dia 8 de março, ocasião para recordar uma série de acontecimentos, entre eles lutas e reivindicações de mulheres desde os Estados Unidos da América, passando pela Europa, Ásia até ao nosso notável continente.
Será que as organizações feministas do país vão poder influenciar os partidos no eixo do poder a colocar mulheres em lugares legíveis nas próximas eleições legislativas marcadas para o dia 4 de junho?
Eis a grande questão que urge analisar quando se comemora esse evento. Porém, já foi aprovada, pela ANP, a lei da paridade, que determina a quota de 36 por cento de representatividade feminina.
Aliás, foram e são essas lutas por direitos cívicos e políticos, melhores condições salariais e de trabalho que motivaram mulheres na segunda metade do século XIX a levantarem-se contra patrões desalmados.
Confira o filme dos acontecimentos que antecederam essa data:
No dia 8 de março de 1857, trabalhadores de uma indústria têxtil de Nova Iorque fizerem greve por melhores condições de trabalho e igualdades de direitos trabalhistas para as mulheres. O movimento foi reprimido com violência pela polícia. Em 8 de março de 1908, trabalhadoras do comércio de agulhas nova-iorquinas, fizeram uma manifestação para lembrar o movimento de 1857 e exigir o voto feminino e fim do trabalho infantil. Este movimento também foi reprimido pela polícia.
No dia 25 de março de 1911, cerca de 145 trabalhadores (maioria mulheres) morreram queimados num incêndio numa fábrica de tecidos em Nova Iorque. As mortes ocorreram em função das precárias condições de segurança no local de trabalho. Como reação, esse facto trágico provocou várias mudanças nas leis trabalhistas e de segurança de trabalho, gerando melhores condições para os trabalhadores norte-americanos.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem ao movimento pelos direitos das mulheres e como forma de obter apoio internacional para luta em favor do direito de voto para as mulheres (sufrágio universal). Mas somente no ano de 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, que a ONU (Organização das Nações Unidas) passou a celebrar o Dia Internacional da Mulher em 8 de março.
Cá entre nós é justo aqui e agora lembrarmos com regozijo a emancipação feminina guineense desde as celebres heroínas da epopeia da luta de libertação nacional (Ernestina Titina Sillá, Cármen Pereira, Canhe Nan Tungué, entre outras) passando por mulheres que lutaram com as suas forças para conquistar direitos cívicos e políticos no país.
A começar Hadja Satu Camará Pinto, vice-presidente da Assembleia Nacional Popular e da CEDEAO, Suzi Carla Barbosa, Sãozinha Évora, Zinha Vaz ex-deputada da nação e ex-presidente da Câmara Municipal de Bissau, Dina Adão de cinema, Dulce Neves de música, entre outras celebridades.
Poderíamos estar aqui a escrever uma infindável lista da geração de ouro de insígnia preeminente para a emancipação da mulher guineense. Dessa forma estamos a enaltecer as conquistas e vitórias obtidas e denunciando sem reservas as desigualdade ainda latentes, fruto de um passado que deixou marcas. Até bem pouco tempo a mulher era tida no país apenas para a procriação de filhos e como um complemento do homem.
Por isso, há toda uma necessidade de se continuar a lutar pelos direitos femininos, para que na próxima legislatura, a XI, com as eleições legislativas de 4 de junho, os partidos políticos, sobretudo no eixo do poder, respeitem escrupulosamente a quota de 36 por centos, colocando mulheres em lugares legíveis para o parlamento.
No editorial de hoje exaltámos e enobrecemos essa temática essencialmente do universo feminino no país e de além-fronteiras. A mulher guineense soube com bravura e coragem amealhar conquistas em cada etapa do estágio de desenvolvimento, as revelações e os renitentes obstáculos de igualdade de género são assuntos prioritários.
Quando pensarmos reorganizar a sociedade guineense, primeiro, temos que valorizar o papel da mulher como elemento fundamental na dinamização e reestruturação dos diferentes estratos sociais e modéstia a parte mindjer tem balur.
Não é exagero afirmar que a mulher não comemora apenas o 30 de Janeiro, Dia da Mulher Guineense ou 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, mas particularmente todos os dias até porque sem a mulher o lar fica entenebrecido, sem brio e nem luz.
A casa que não tem mulher entram nela inevitavelmente traquinas e maus espíritos. Por isso, casar não é um luxo para ambos os sexos, mas sim uma necessidade biológica e social na base de respeito e compreensão mútua.
A figura damulher, tida no passado recente no país como elemento secundário, passou a ser algo extremamente importante na sociedade atual.
Nos dias de hoje a mulher exerce um papel de protagonista, embora sofra ainda com as heranças históricas do sistema social profundamente machista, visceralmente patriarcal do nosso modus Vivendi à moda primitiva.
Com o tempo, graças às lutas promovidas pelas organizações cívicas no país, a mulher consegue aumentar o seu espaço nas estruturas sociais, abandonando a figura de simples dona de casa.
A mulher guineense assume atualmente postos de trabalho importantes na hierarquia do Estado, tais como deputadas, ministras, diretoras gerais, e nas empresas privadas deixando para trás a figura de submissas.
A mulher é mãe pela definição, companheira de estudos, esposa na casa, colega de trabalho, portanto um tributo transversal e indispensável se quisermos aprimorar valores de educação e de moral para os filhos e as gerações vindouras.
A finalizar, a direção do Jornal Nô Pintcha, em nome de todos os trabalhadores, deseja um feliz 8 de março para as mulheres guineenses estejam elas onde estiverem.
Abduramane Djaló