Diferendo entre Governo e Frente Social sobrecarrega Hospital Militar

A Frente Social, que congrega os sindicatos nacionais de Educação e da Saúde, paralisou os dois setores públicos durante cinco dias, *a partir do dia 6 de março em curso, para exigir do Governo a resolução de problemas que afetam os associados dessas classes.

Esse diferendo entre o patronato e trabalhadores leva os diferentes serviços dos hospitais e os centros de saúde do país a ficarem totalmente desertos por falta dos profissionais, principalmente o Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM). Esta situação tem impactos diretos noutros hospitais. Os pacientes e os seus familiares recorrem mais âs clinicas privadas e aos serviços do Hospital Militar, que passou a estar  totalmente sufocado pelo aumento do número de pacientes que ultrapassam a sua capacidade de atendimento.

A nossa reportagem percorreu alguns centros de saúde da capital Bissau e detetou que esses estavam a prestar os serviços mínimos, referentes só aos casos graves e, mesmo assim, de uma forma lenta e em péssimas condições.

De igual modo, no Hospital Nacional Simão Mendes, os serviços mínimos estão a ser observados nos serviços de Urgências e dos Cuidados Intensivos, sem dinâmica e rapidez pelos técnicos, por falta de motivação.

Uma das famílias do paciente que procura o atendimento médico no Hospital Nacional Simão Mendes, lamentou o que está a passar nessa maior unidade hospital do país. Pois, a greve que está a acontecer, afeta mais os cidadãos desfavorecidos e, os que tem melhores condições procuram sempre clinicas, onde podem ser tratados com melhores condições. “Nós os pobres temos de aguentar”, lamentou.

Hospital Militar sem capacidade de resposta

A nossa equipa de reportagem tentou, de várias formas, obter reações junto dos diretores de diferentes unidades hospitalares sobre a greve e esses afirmaram que são proibidos pelos seus superiores hierárquicos de dar declarações à imprensa.

No hospital Militar, que nesse momento está a acolher os pacientes, um dos seus técnicos, que não quis revelar o seu nome, disse que, sempre que há greve nos hospitais públicos, os técnicos de saúde militar, que são requisitados a assegurar o atendimento dos pacientes sejam de onde vierem.

A nossa fonte disse que o hospital militar está a deparar-se com grandes dificuldades e lembrou que essa unidade de saúde militar está nas mãos do Governo. Sendo uma estrutura sob a responsabilidade do Executivo, “há toda a necessidade de prestar atenção à esse setor”. Isto porque presta atendimento médico a população de forma inimaginável, sobretudo quando hospitais e centros de saúde públicos estão em greve,

“Nas greves que estão a decorrer neste momento nos hospitais do país, toda população recorrem aos nossos serviços de atendimento e nesta altura não há mais camas para internamento de pacientes, obrigando muitas famílias a preferirem colocar os seus doentes no chão, ao invés de leva-los para a casa, porque não dispõem de um outro centro alternativo”, disse a nossa fonte.

Alunos nas turmas sem professores

No que toca a educação, o Nô Pintcha passou por diferentes unidades do ensino, para saber se as aulas estavam ou não a decorrer com normalidade tendo, detetado que, até onze horas. dois dos principais liceus da capital Bissau, Agostinho Neto e Rui Barcelos da Cunha, estavam repletos de alunos nas turmas e nos corredores dessas referidas escolas, acatando os apelos do presidente da Associação dos Pais e Encarregados da Educação dos Alunos, de irem a escola. Pois, nem todas as associações dos professores aderirem à greve decretada pela Frente Social e, mesmo assim, os professores decidiram não marcar a sua presença na sala de aulas.

Durante a entrevista com o diretor-geral do Liceu Agostinho Neto, Mamadjam Djaló disse que as aulas estão a decorrer de uma forma tranquila.

Questionado sobre como se pode considerar que as aulas estão a decorrer de forma tranquila sem a presença dos professores, ele respondeu que “houve atrasos na chegada dos professores nas suas respetivas turmas. De certeza que eles vão estar cá para dar aulas”.

Falta de diálogo

O porta-voz da Frente Social de Saúde e Educação considerou a greve de justa causa, porque o patronato não quer conversações para a busca do entendimento.

De acordo com Yóio João Correia, houve apenas um encontro convocado pela equipa da direção de trabalho da Função Pública, para pedir esclarecimentos sobre os pontos constantes no caderno reivindicativo” disse, afirmando que estão no limite, por isso decidiram avançar para a greve.

João Correia acrescentou que, até à presente data, não há nenhuma comunicação e diligência por parte do Executivo no sentido de resolver o problema dos profissionais da saúde e da educação.

Disse que houve adesão massiva dos professores e técnicos de saúde à greve em mais de 85 por cento em todos o território nacional

Aquele sindicalista lamentou a existência de muitas escolas em regíme de autogestão o que acaba por condicionar o exercício do direito à greve dos professores.

Yóio João Correia aproveitou para apelar a todos os profissionais de saúde e de educação a mobilizarem-se e colaborarem para defender a melhoria das condições de trabalho.

De recordar que os funcionários dos setores da saúde e educação reivindicam o pagamento de dívidas, a efetivação de novos ingressos, a aprovação do Estatutos de Carreira dos profissionais, do diagnóstico e terapêutica ou resolução de irregularidade na aplicação do Estatuto de Carreira Docente.

Fulgêncio Mendes Borges

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