No quadro da prevenção e combate ao novo coronavírus, a Cruz Vermelha nacional está a trabalhar com vários parceiros, nomeadamente com o UNICEF e o Alto Comissariado para os Refugiados (HCR), desdobrando-se em campanhas de sensibilização sobre cuidados a ter neste momento da pandemia.
Neste âmbito, a organização recebe financiamentos do UNICEF para trabalhar nos bairros periféricos de Bissau, tais como Antula, Áfia, Plack-I, Bairro Militar, entre outros. Já da parte do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, beneficia de apoios para executar em diferentes mercados da capital.
Assim, na semana passada, elementos do HCR efeturarm uma visita ao novo mercado improvisado no Espaço Verde do Bairro da Ajuda para se inteirar da execução dos trabalhos no quadro da parceria.
Numa entrevista conjunta ao “Nô Pintcha” e à ANG, o supervisor da Cruz Vermelha (CV) no referido mercado afirmou que o objetivo da sua estada no local é de sensibilizar, educar e tentar organizar os utentes do mesmo, desde a sua abertura no dia 18 de abril.
Sabino Alberto Quessangue disse que os elementos da organização estão no local todos os dias, das 7 às 12 horas, período em que o mercado funciona (a partir da terça-feira, passando agora a funcionar até às 14 horas). Segundo ele, os 14 voluntários (incluindo o motorista) estão a sensibilizar mesa a mesa e também nas portas de entrada e saída, apelando para a lavagem constante das mãos, respeito ao distanciamento social e uso de máscaras.
O HCR está a financiar a CV, sustentando com combustível, baiões, megafones e garante a própria comunicação do pessoal na feira.
O responsável garantiu que a CV está preparada para lidar com a Covid-19, visto que formou 90 voluntários para o efeito.
Como principais dificuldades, Sabino Quessangue apontou o comportamento das pessoas, que às vezes resistem a não lavar as mãos. “Alguns feirantes ainda não acreditam na existência dessa doença, pelo que é difícil falar com eles. Mas aos poucos vão acostumando e as coisas vão melhorando. No início era mais difícil”, reconheceu.
Apelou o governo a apoiar a Cruz Vermelha, que é uma das organizações mais bem preparadas para lidar com esta pandemia, já que, segundo ele, tem experiência de trabalhar com este tipo de situação desde os tempos da cólera e ébola.
Presença de voluntários do Bairro da Ajuda
Anastácio Cardoso, responsável para a manutenção no mercado e porta-voz dos moradores do Bairro da Ajuda, um dos grupos a trabalhar no mercado, revelou que a iniciativa veio do músico NB. Ele adiantou que a ideia surgiu após uma limpeza voluntária, tendo recebido apoio dos emigrantes do Bairro da Ajuda e o dinheiro foi investido na sensibilização como forma de evitar o novo coronovírus. Depois, receberam formação por parte de um médico do Hospital Militar.
Determinou que a partir do dia 25 de abril, todos os vendedores e outros utentes do mercado teriam que usar obrigatoriamente as máscaras, para o bem de todos.
Aquele jovem indicou que os apoios vindos dos emigrantes nativos do Bairro da Ajuda a viver sobretudo na Europa e através do qual foi possível comprar materiais diversos, como baldes, lixívia e torneiras. Apelou outros jovens a seguirem o exemplo desta natureza.
Acrescentou que, recentemente, receberam apoio por parte do Ministério da Administração Territorial, no valor de 800 mil francos cfa. “Temos um grupo de 40 pessoas a trabalhar no mercado, deixando mensagem de sensibilização. Trabalhamos em rotatividade de três em três dias, das 5h30 ao meio dia”, contou.
Cardoso declarou que a sua organização vai escrever ao governo para manifestar a sua disponibilidade em colaborar, não só no mercado, mas também de apoiar qualquer iniciativa do género, quer noutros bairros, quer no interior.
Por: Ibraima Sori Baldé