As crianças e as jovens que vivem na Guiné-Bissau são as quintas mais vulneráveis do mundo face aos impactos das alterações climáticas, que ameaçam a sua saúde, educação e proteção, bem as expõem a doenças mortais.
A informação consta do relatório do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), publicado no dia 13 deste mês e enviado ao Nô Pintcha através de uma nota, o qual conclui também que as crianças guineenses “estão altamente expostas a inundações costeiras e poluição do ar”, sendo que os investimentos em serviços sociais, especialmente Educação, Água, Higiene e Saneamento, podem fazer uma diferença significativa na nossa capacidade de proteger o seu futuro dos referidos impactos.
Neste sentido, a diretora executiva do Unicef afirma que as consequências das alterações climáticas são devastadoras para as crianças, adiantando que os seus corpos e mentes são particularmente vulneráveis ao ar poluído, à má nutrição e ao calor extremo.
“Não é só o seu mundo que está a mudar – com as fontes de água a secarem e os terríveis fenómenos meteorológicos a tornarem-se mais fortes e mais frequentes – também o seu bem-estar está a mudar, uma vez que as alterações climáticas afetam a sua saúde mental e física. As crianças estão a exigir mudanças, mas as suas necessidades são demasiadas vezes relegadas para segundo plano”, alertou Catherine Russell.
739 Milhões de afetados
De acordo com as conclusões do relatório, a maior parte das crianças está exposta nas regiões do Médio Oriente, do Norte da África e do Sul da Ásia, o que significa que vivem em locais com recursos hídricos limitados e níveis elevados de variabilidade sazonal e interanual, declínio dos lençóis freáticos ou risco de seca.
O mesmo documento indica que um grande número de crianças – 436 milhões – está a enfrentar o duplo fardo da elevada escassez de água ou muito elevada e de níveis de serviço de água potável baixos ou muito baixos, conhecido como vulnerabilidade extrema à água, deixando as suas vidas, saúde e bem-estar em risco.
Segundo o relatório, um dos principais fatores de mortalidade entre as crianças menores de 5 anos é devido a “doenças evitáveis”. Mostra que as mais afetadas vivem em países de baixo e médio rendimento da África Subsariana, da Ásia Central e Meridional e da Ásia Oriental e do Sudeste Asiático, lembrando que, em 2022, mais de 436 milhões de crianças viviam em zonas que enfrentavam uma vulnerabilidade.
Por outro lado, o relatório refere que uma em cada três crianças em todo o mundo já vive em zonas expostas a uma escassez de água elevada ou muito elevada, e as alterações climáticas ameaçam agravar a situação. Segundo o mesmo documento, o número real atinge cerca de 739 milhões de crianças afetadas.
O relatório do Unicef, intitulado “Índice de Risco Climático para Crianças”, descreve também a miríade de outras formas pelas quais as crianças suportam o peso dos impactos da crise climática, incluindo doenças, poluição atmosférica e fenómenos meteorológicos extremos, como inundações e secas.
Ibraima Sori Baldé