Uma criança de cinco anos ateou fogo numa palhota onde vivia com a família na morança de Intchama, na tabanca de Brambanda, a três quilómetros da sede setorial de Tite.
A imagem do incêndio é desoladora. O fogo levou tudo, deixou por trás uma imagem triste.“As crianças não sabem conjugar o verbo não existir por isso mesmo se os pais não têm, pedem comida”, disse uma das senhoras da aldeia com cinco meninos a volta.
Tudo aconteceu por volta das 18 horas e 30 minutos, do dia 1 de maio corrente quando o pai da criança se encontrava nos trabalhos da construção de ourique para impedir a invasão da água salgada na bolanha, na época da chuva.
A mãe da criança estava a preparar o almoço quando a criança pegou numa lenha com brasa, de uma forma furtuita,colou à palhota e a mãe distraída estava a preparar para servir a comida.
Muita gente da tabanca Brambandaestava ausente, alguns devido a festa do primeiro de maio e outros envolvidos nos trabalhos de campo.
José Sambé, o irmão mais velho do chefe da tabanca, em entrevista telefónica, a partir da redação do jornal Nô Pintcha relatou a ocorrência.
“A nossa morança Intchama ficou completamente desfeita pelo fogo, disse para acrescentar depois que tudo se deveu pela ação de uma criança de cinco anosque ao pegarnum pau que estava a arder da fogueira onde a sua mãe estava a cozinhar e ateou a palhota onde viviam”. “Porcos, galinhas e cabras morreram no incêndio que devastou a nossa aldeia de Intchama.”
Ele afirmou que na morança de Intchama havia sete palhotas e todas foram reduzidas às cinzas pelo fogo posto. Apenas uma casa precária coberta de zinco escapou a fúria do fogo.
“Fazia-se sentir muito calor acompanhado de vento que em menos de quinze minutos tudo ficou obscurecido de fumo e cinzas sem termos podido apagar o incêndio.
“Vento e calor,esses dois elementos da natureza, aliados a falta de pessoal na tabanca complicaram o socorro para extinguir o fogo”, explicou.
Sambé sublinhou que apesar de terem recebido muitas visitas de políticos, poder tradicional e pessoas particulares da redondeza mas até aqui (4.5.2022) não beneficiaram ainda de nenhuma ajuda.
“Dormimos ao relento, disse adiantando que não têm roupa e nem comida”.
“Este ano, devido ao excesso de calor, as flores dos cajueiros secaram cedo e caíram”, explicou acrescentando que por causa disso houve pouca produção de castanhas de caju em comparação com anos anteriores.
Na morança de Intchama vivem 57 pessoas entre velhos, jovens, senhoras e crianças e há 35 alunos de diferentes níveis de escolaridade desde jardim infantil ao ensino liceal.
“As nossas crianças perderam tudo, desde livros, cadernos e estão no último período de avaliação”, disse acrescentando “não sei como vão fazer este ano”, lamentou.
José Sambé no meio da família carente de tudo implora às pessoas de boa vontade para os socorrer na comida e na cobertura das casas. “Cabaceiras, arroz, peixe seco que estavam em três tanques e peixe fumado, também transformaram-se em cinzas.
“Todas as nossas reservas alimentares arderam. Estamos com mãos a abanar. Não temos absolutamente nada para vestir e comer. Ajudem-nos por favor. As castanhas de caju que tinham guardados dentro das casas ficaram torradas e não servem para vender aos comerciantes. Estamos muito mal. O sereno, o perigo da noite com as crianças ao relento é muito complicado”, lamentou o velho da tabanca aflito com muita dor e sem forças para contrariar o destino.
Abduramane Djaló