Criadores e vendedores de gado queixam-se da quebra de rendimentos

O vice-presidente da Associação de Criadores e Vendedores de Gado, Bocar Baldé, informou que desde o surgimento desta pandemia os seus associados têm sofrido uma redução considerável dos seus rendimentos.

O responsável disse que estão a cumprir à letra todas as orientações das autoridades sanitárias, assim como do Ministério do Interior no que toca à prevenção e combate ao covid-19.

Mas o grande problema que enfrentam tem a ver com o transporte de animais do interior do país para a capital. Dantes, alugavam camiões a um preço acessível, mas agora a realidade é outra pois, para além do preço, são obrigados a pagar licenças de autorização de transporte.

Segundo Bocar Baldé, esta situação está a refletir negativamente nos seus negócios, porque as despesas que fazem para transportar os animais do interior para Bissau são muito elevadas, de modo que não conseguem realizar receitas que dêm para cobrir as despesas. “É do conhecimento de todos que dentro do território nacional não temos gado suficiente para abastecer os mercados e muito menos satisfazer a procura.

Para responder à procura recorrem aos países vizinhos, casos de Senegal, República da Guiné e outros. Com o encerramento das fronteiras são obrigados a reduzir a compra de gado.

Para além da situação acima relatada, há um outro fator que os afeta no seu trabalho, que é a suspensão de cerimónias de toca-choro e gamos, entre outras.

Falta de curral

O vice-presidente disse que um outro problema que enfrentam é a falta de curral e que já fizeram várias diligências junto do Ministério da Administração Territorial no sentido de os conceder um espaço para construírem um curral, mas que até agora não conseguiram.

Na declaração de Bocar, a associação não dispõe, neste momento, de um curral próprio, o que os obriga a alugar um espaço que pagam mensalmente um montante de 275 mil francos CFA. Há já oito anos que reclamam por um sítio próprio para acondicionar os animais.

De acordo com este responsável, o espaço cedido em São Paulo não dispõe de condições exigidas para esse fim e que estão dispostos a ir para qualquer lugar que o Estado vier a indicar, ainda que seja fora da capital.

Preço da carne não se coaduna com o poder de compra dos cidadãos

A alimentação à base de carne constitui uma miragem para uma parte significativa da sociedade guineense que é considerada pobre, sem condições económicas para aceder a um quilo de carne bovina de primeira ou segunda qualidade no mercado interno.

Os preços da carne de bovino de 1.ª ou 2.ª qualidades rondam os 4.000, 3.500 e 3.000 francos CFA por quilograma, enquanto os de suíno chegam a atingir 3.500, . a 2.500 por quilo, podendo variar de mercado para mercado.

Para Mamadu Djaló, que comercializa carne no mercado de Bandim, a venda varia consoante a procura, mas com a situação da covid-19 piorou, tudo em consequência das medidas do estado de emergência decretadas pelas autoridades nacionais, como forma de limitar a propagação da doença no país.

“Não deixámos de vender, mas a situação não é nada boa, que vai desde a dificuldade em conseguir adquirir carne no matadouro, até à redução substancial do número de clientes”, disse o vendedor.

Por outro lado, diz que que o Governo deve abrir as fronteiras e fiscalizar o trânsito de gado para o mercado nacional.

Quanto à questão de higiene, assegurou que anteriormente usavam sacos e carinhas de mão para transportar a carne do matadouro para os mercados, mas agora recorrem apenas a sacos de arroz  vazios e uma viatura.

Por sua vez Maria Fernandes revelou que, nos últimos anos, as pessoas com capacidade e poder de compra  apenas conseguem comprar e comer carne por ocasião de festas.

O preço de cada quilo de carne limita as pessoas a consumir esse produto como queriam e gostariam, disse a consumidora, sublinhando que não pode investir  na aquisição de um quilo de carne que nem chega para uma refeição.

Nesta ordem de ideias exorta o Governo ou quem de direito a avaliar a situação no sentido de ajustar o preço ao poder de compra dos consumidores.

Por: Nelinho N´Tanhá e Alfredo Saminanco

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