No rescaldo do inesquecível Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa realizado há um ano na simpática e acolhedora cidade de Bissau e entre as muitas e importantes questões que aí se levantaram, dou prioridade à sempre complexa e demorada formação dos médicos especialistas.
Talvez pelos numerosos e angustiantes casos que por mim têm passado ao longo dos últimos anos e também por constatar que afinal, havendo já decorrido cinco décadas após a conquista da liberdade e soberania ainda o país irmão não dispõe nos seus hospitais e centros de saúde duma comunidade médica especializada e hierarquizada capaz de tratar e proporcionar os correspondentes cuidados próprios duma assistência médica suportada na experiência pessoal e na moderna tecnologia especialmente naquela que diz respeito por exemplo Imagiologia.
Falo portanto duma formação especializada obtida em moldes dos bens conhecidos internatos, vigiada por médicos séniores e na final conferida através de exames idóneos e não apenas em estágios de curta duração que como se sabe não o conferem a competente responsabilidade.
É disso que temos estado a tratar no âmbito da Ordem dos Médicos para que posteriormente seja apresentado ao competente Ministério do Governo um figurino bem estruturado capaz de merecer a atenção e aprovação com o homólogo do Ministério Guineense e dar assim finalmente oportunidade de obter as tão ansiadas especializações médico-cirúrgicas e proporcionar a autonomia aos serviços hospitalares para que a partir de então possam ser eles próprios a conferir esse tão almejado patamar de autossuficiência e poder falar de igual para igual com as instituições similares.
Trata-se dum projeto de reconhecida importância que muito nos tem motivado a trabalhar e muito nos honra se o mesmo for concretizado.
José Manuel Pavão