Contributo da Mulher guineense após 50 anos da independência e desafios atuais

Justamente há 50 anos, dia 24 de setembro 1973, que a Guiné-Bissau tornou-se oficialmente um país independente do regime colonial português, após uma longa e árdua luta armada.

Neste importante marco histórico, é fundamental destacar o papel das mulheres guineenses, que desde os primórdios da luta pela independência até os dias de hoje, têm demonstrado coragem e bravura em diversas áreas, como na política, causas sociais e económica, num cantinho de África muito fértil, que até ao presente momento, não conheceu os dias melhores.

Um país em que tudo é prioridade, desde saúde, educação, infraestruturas, entre outras, que por sinal, necessita de um itinerário longo, dinâmico e saudável. Longo, porque deve-se começar a cavar a terra, para alcançar o fruto interdito, que ao longo dos tempos não se consegue; Dinâmico, pois necessita de uma velocidade rápida e muito segura, permitindo as pessoas pensarem na coletividade ao invés de apenas no plano individual; Saudável, onde as relações humanas são sãs, deixando para trás os doentios anómalas que carecem de uma verdadeira coabitação.

Perante essas e outras situações, a Mulher surge como uma entidade que se mobiliza, constrói, produz, transforma, apazigua e deixa aprendizagens que contribuem para que a nação não se desfaz em manto de retalhos.

Na luta de libertação nacional, a Mulher guineense desempenhou um papel fundamental e é notável no processo revolucionário, não desviaram dos princípios e granjearam lideranças baseadas no interesse coletivo. Não é pelo facto que se fala da Cármen Pereira, Titina Sila, Teadora Inácia Gomes, Ana Maria Soares, Úlé Na Biutcha e outras que desempenharam as suas funções com determinação, por causa de uma Guiné independente e próspera.

No entanto, a subalternização da condição da Mulher face à ocupação de cargos políticos é evidente, mas mesmo assim há elementos da história. A Carmen Pereira, foi a primeira mulher a exercer as funções de Presidente da República em África (cargo que ocupou interinamente, em 1984).

Deste tempo aos dias de hoje, prosseguiram a lista de tantas e quantas mulheres com a ação na política, mas o número das mulheres nos órgãos de soberania como o parlamento tem-se diminuído, mesmo com a implementação da Lei de Paridade em vigor desde 2018, devido uma interpretação que fragiliza o seu potencial.

Contudo, as mulheres guineenses têm-se engajado cada vez mais na mobilização para estruturas partidárias e vêm consolidando o seu ativismo em causas sociais, promovendo ações que visam a igualdade equidade de género, o combate à violência doméstica e o fortalecimento dos direitos das mesmas, seja por meio de Organizações Não-Governamentais, Movimentos Feministas ou iniciativas comunitárias, elas têm buscado construir uma sociedade mais justa e igualitária e mancipada para todos.

No âmbito económico, têm tido um papel vital na geração de renda, criação de emprego, financiamento das iniciativas domésticas, sociais e no desenvolvimento do país através de liderança de várias instituições e programa com grande impacto. Elas são empreendedoras incansáveis, atuando em diversos setores, como comércio, agricultura, pesca e artesanato, sector cultural e de solidariedade. Apesar dos desafios e das desigualdades enfrentadas, as mulheres guineenses têm demostrado resiliência e criatividade na busca por oportunidades e no fortalecimento da economia nacional.

No entanto, apesar destes avanços dignos de registo, ainda há muito a ser feito, conquistado para garantir os direitos humanos das mulheres e a plena igualdade entre mulheres e homens deste país. É necessário o fortalecimento das políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero, além de investimentos em educação, saúde, sistema de trabalho e produção económico, proteção social e ação política, visando a capacitação e empoderamento das meninas e mulheres em todas as esferas.

Para o efeito, o reconhecimento e a valorização do seu papel é essencial para a construção de uma Guiné-Bissau mais desenvolvida, justa e próspera. Será Fundamental celebrar as conquistas e os avanços das mulheres guineenses ao longo dessas cinco décadas.

Este é também, um momento de reflexão sobre os desafios e as intervenções necessárias para garantir um futuro melhor para todas. A luta pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres é uma tarefa de toda a sociedade, e juntos podemos construir um futuro mais igualitário e promissor para a nossa amada pátria.

Elci Pereira Dias, Diretora-Geral

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