A Rádio Difusão Nacional comemora, no dia 10 de Setembro, 46 anos da sua existência sob o lema: Rádio Difusão Nacional face aos desafios de novas tecnologias de informação e comunicação. A data foi antecedida com varias atividades, entre palestras, entrevistas a atuais e antigos profissionais da instituição, desfile de funcionários a ilustrar o papel da rádio na promoção da diversidade cultural da Guiné-Bissau, assim como da atuação de músicos da nova e velha gerações.
A cerimónia de abertura da jornada foi presidida pelo secretário-geral da Comunicação Social em representação do secretário de Estado, que afirmou na ocasião que a Rádio Difusão Nacional é um património cultural, intelectual e histórico da Guiné-Bissau, porque faz parte da identidade guineense do qual os quadros ao serviço da comunicação social podem orgulhar-se. Mais adiante, Mamadu Sanó esclareceu que este órgão é uma escola de jornalismo, tendo formado grandes quadros ao longo da sua existência e que, hoje em dia, estão a fazer carreira em vários órgãos de comunicação internacionais. Daí que tudo farão para elevar o nível do funcionamento dessa casa de informação estatal.
“O tema escolhido para a comemoração da data é uma imperatividade: A rádio foi o que foi. Entretanto, para estar a altura de outros órgãos precisa acompanhar a evolução tecnológica. Hoje em dia o sistema analógico caiu em desuso, pois tudo passou a funcionar de forma digital. É imperioso que este órgão acompanhe a evolução dos tempos que correm, porque hoje o nível da cobertura que consegue atinge apenas 30 por cento do território nacional, quando outrora cobria todo o país”, afirmou.
Neste sentido, disse que o Governo já disponibilizou quase 30 milhões de FCFA para aquisição de equipamentos, nomeadamente novos emissores para os estúdios de Bissau, para o Centro Emissor de Nhacra, Centro Retransmissor de Gabu e Catió. E se tudo correr bem, num curto espaço de tempo a instituição terá novos estúdios em Gabu, tendo em conta a importância da política comercial e geográfica, uma vez que o país encontra-se perante uma ameaça, referente à aculturação da população que vive nas zonas fronteiriças. Acrescentou que a situação pode ser considerada de ameaça às novas gerações, porquanto tudo o que consomem em termos radiofónicos vem do Senegal e da República da Guiné. Apesar de ninguém poder ser impedido de seguir outras culturas ou ouvir outras rádios, a nível nacional devem ter acesso e consumir tudo o que é nosso”.
O governante falou da efetivação de 100 novos quadros técnicos dos órgãos estatais, da aprovação do estatuto próprio e consequente elaboração de uma tabela salarial que enquadra o pessoal da comunicação social. Reconheceu que os desafios são enormes, mas com empenho, dedicação e coragem vão conseguir superá-la.
Por sua vez, o diretor da Rádio Difusão Nacional, Mamadu Saliu Sané, disse que quando se instalou esse órgão como único meio de comunicação radiofónico, num país com as características da Guiné-Bissau, multiétnico e plurilinguístico, com elevada taxa de analfabetismo, práticas nefastas arreigadas no seio das populações, a instituição descobriu logo a importância de não só informar, mas também de educar e formar.
Conforme Sané, quando no passado se assistiu a uma forte obstrução ao pleno exercício profissional ligado ao figurino de jornalista-militante, que surgiu no regime de partido único e nos primórdios da independência, após a abertura democrática ao pluralismo político, esta terminologia foi substituída pelo conceito de jornalista do partido, como se o modus faciendi não fosse rigorosamente o mesmo. Acrescentou que os jornalistas em causa não abandonam as redações para integrar o aparelho partidário, o que poderiam fazer ao abrigo de uma licença temporária.
Para Filomena Tavares, presidente da comissão organizadora deste evento, é injustificável a manutenção de condições lastimáveis que a Rádio Difusão Nacional ainda atravessa após 46 anos da sua criação. “Digo injustificável porque seria impensável colocar nessas condições uma instituição que foi precursora da nossa independência e que tem como principal missão, consolidar a unidade nacional.
Comemoração dos 46 anos da RDN coincide com a morte do decano do órgão
Entretanto, as comemorações dos 46 anos da RDN foram ensombradas com a morte do jornalista Lamine Djata, que faleceu no passado domingo, dia 6 de Setembro, em Portugal, vítima de doença.
O malogrado foi jornalista desta estação emissora pública onde fez um brilhante percurso profissional, tendo atingido o cargo de diretor-geral.
Além de comentador desportivo (trabalho ao qual se dedicava com tanta paixão) e correspondente da Agência Noticiosa da Guiné nos anos 80, Lamine foi o primeiro correspondente da Rádio Difusão Portuguesa.
Neste momento de dor e de consternação, os trabalhadores do jornal “Nô Pintcha” endereçam as suas sentidas condolências à família enlutada.
Elci Pereira Dias