O Coletivo Nô Raiz manifesta o seu “profundo desagrado” com as mensagens do presidente da Fundação Dhawa Barriga de Povo, em Tinka, setor de Bissorã, Região de Oio, as quais considera ter caráter divisionista com preceitos de fundamento islâmico.
Em carta aberta, a Nô Raiz diz que, durante uma cerimónia de conversão ao islamismo, o presidente da fundação, Mohamed Gomes, terá dito que o objetivo da sua organização é de transformar a tabanca de Tinka numa comunidade muçulmana e os contrários à fé islâmica serão expulsos do local.
Com efeito, o coletivo considera que tais declarações lesam “gravemente à Constituição da República” no tocante à laicidade e os princípios da convivência postulados em diferentes comunidades diversificadas em todo o país.
A organização lembra que a construção do Estado guineense emergiu no contexto da diversidade, por isso, a Constituição adotou a pluralidade de manifestação religiosa e espiritual.
Neste sentido, diz que é necessário incentivar o respeito de diferentes cosmoperceções, na qual deve existir consideração recíproca entre os guineenses na prática religiosa e espiritual.
Através dessa carta aberta, o Coletivo Nô Raiz denuncia àquilo que chama de “comportamento indecente e hostil” do presidente da Fundação Dhawa Barriga de Povo e responsabiliza-o “por qualquer incidente” que a acontecer.
Igualmente, responsabiliza a Televisão da Guiné-Bissau pela difusão dessa “matéria contrária à Lei de Imprensa” e que “põe em causa a unidade nacional “.
O coletivo apela às organizações da classe, nomeadamente a Ordem dos Jornalistas e o Sinjotecs a tomarem medidas aos órgãos de comunicação social que veiculam “informações de incitação à violência e que violam a Lei de Imprensa”.
De igual modo, apela ao Governo, aos imames, à Liga Guineensedos Direitos Humanos e outras organizações concernentes a intervirem no assunto.
Ibraima Sori Baldé