Financiado pelo Governo da Guiné-Bissau, uma equipa de médicos guineenses e italianos da Padova iniciou, semana passada, na Clínica São José de Bôr, as cirurgias das crianças nas deferentes patologias, nomeadamente megacolo, colestemia, interfuração anal, neonatologia, problemas de esófago, endoscopia, usando uma nova técnica italiana denominada suave.
O objetivo desta missão é de dar a continuidade daquilo que já estava a ser feita antes da Covid-19 e formar os técnicos locais nos domínios da anestasia e endoscopia.
O Jornal Nô Pintcha ouviu o ministro da Saúde Pública, igualmente médico cirurgião, que explicou que tinham crianças há mais de quatro anos que estavam com colestemia, porque não tinham anestesistas e estava ausente o seu professor que deve estar aqui para apoiar nas cirurgias.
Durante a entrevista, Dionisio Cumba estava executar uma intervenção cerurgica de uma criança que tinha problema do megacolo, que significa o intestino muito grande acima de uma parte do intestino que não tem ganguilhos ou seja os motores para poder movimentar, ficando parado, o que faz com que não consegue evacuar.
Disse que durante a cirurgia vão ter que tirar toda a parte do intestino que não funciona e fazer descer o intestino sã que está acima para ele poder retomar a evacuação normal.
Independentemente desta cirurgia de megacolo, tinham também duas crianças que estavam cá com colestemia, tínhamos as crianças com interfuração anal isto e que não tem anos, que alteraram um logo no segundo dia, vão ter crianças que tinham bebido substâncias cáusticas têm problemas de esófago, e vai chegar um outro médico brevemente que vai fazer endoscopia, e também formar os técnicos locais em endoscopia.
Revelou também que os neonatólogos estão neste momento a fazer formação no Hospital Simão Mendes. “Queremos retomar o projeto que médicos sem fronteiras tinham iniciado no hospital em neonatologia, depois, infelizmente, a missão terminou e foram embora e os serviços tornaram-se deficitários, devido à falta de meios, pois querem fazer um projeto de cinco anos que vai poder ajudar na redução da mortalidade materno-infantil e neonatal”.
O médico-cirurgião contou-nos que a técnica usada é aquela que chamaram cirurgicamente de “suave” inventado por um italiano, onde vão tirar toda a parte do intestino que está fora do uso, que não consegue funcionar bem, e deixar a parte que funciona só assim é as crianças podem evacuar melhor.
Questionado pelo Nô Pintcha se têm o número exato das crianças a serem operadas, o médico respondeu que é difícil dizer os número exatos ainda, uns dias atrás deviam ser operadas duas crianças mas não conseguiram devido à falta de sangue para a transfusão, porque havia problemas logísticos, o laboratório não conseguia funcionar, e que essas só serão operadas no fim. A partir daí, disse, vamos saber quantas foram operadas.
“Há uma lista de cerca de 30 crianças que não vamos conseguir com certeza operar na totalidade, porque é muito difícil fazer intervenção desta natureza num país que não tem grandes meios.
O cirurgião Dionísio Cumba afirmou que é uma missão rotineira que normalmente se fazia desde o 2010, e que não é a primeira vez que eles estão no país. Reconheceu que houve uma paragem durante o período da Covid, onde ficaram praticamente sem missões médicas, e que agora foi retomada dada a situação pandémica que é favorável.
Entretanto, Dionísio Cumba explicou que os médicos estão cá no quadro da cooperação que a Clínica de Bôr tem com Padova em Itália, cujos médicos vêm cá não só para fazer cirurgias, mas, também, para dar formação, destacando o Professor Doutor Atonhon, seu professor, que é anestesista e que já formou e acompanhou uma anestesista, só que, infelizmente, foi atrás do marido em missão de serviço na Nigéria. Neste momento, revelou que estão a preparar mais outras anestesistas para poder dar continuidade dos serviços, independentemente desta missão que vai durar duas semanas.
Adelina Pereira de Barros