Chuvas e ventos fortes destroem casas em Bissau

Chuva acompanhada de ventos fortes causou, na noite do passado dia 22 de junho, estragos enormes, destruindo casas nos bairros periféricos de Bissau, com maiores incidência nos bairros de  Antula e Gabuzinho, onde algumas famílias ficaram sem habitações.

A maioria de casas atingidas são de construção precária e má posicionada, ou seja, as que se situam nas bolanhas expostas ao vento sem proteção das árvores.

Na verdade, as constatações feita pelo “Nô Pintcha” nos locais  dos sinistros é que o grosso número de habitações atingidas não dispunham de condições exigidas para uma construção segura, ou seja, não tinham teto e nem “somalha” para assegurar o telhado.

Um aspecto preocupante que desperta atenção de todos é o facto de muitos proprietários de domicílios atingidos não terem condições de recobrir as suas casas com recursos próprios, pelo que correm o risco de perder suas habitações.

Aliás, é caso de Braima Jaló, chefe de família de mais 30 membros, que demonstrou a incapacidade de fazer face às exigências que o sinistro o impõe. Por isso, rogou ao Chefe de Estado, o Primeiro-Ministro e pessoas de boa vontade, no sentido de lhe apoiarem na reconstrução da sua casa.

“Tudo começou por volta das nove da noite, quando o vento forte levou o telhado da casa e a minha família entrou em pânico e pôs-se a correr de um lado para outro, tendo minha filha e esposa ficado feridas nos pés devido ao impacto da queda de blocos”, revelou Jaló.

Aquele citadino informou que graças ao vizinho, que prontificou em disponibilizar um espaço para acomodar a sua família,  esposa e  filhos.

“Quanto a mim e o meu irmão, entregamo-nos a Deus, isto porque estamos expostos à chuva, uma vez que o céu é o nosso teto”, lamentou.

Por seu turno, João Pedro Djedjo demonstrou, igualmente, que é difícil explicar como tudo teria acontecido, porque foi muito rápido e de repente o zinco começou a arrancar-se de forma, tendo revelado que nenhum membro da sua família ficou ferido.

Djedjo afirmou que está aproveitar parte dos zincos e “cibes” enquanto bate porta aos irmãos, amigos e vizinhos. “Pois, não dá para ficar parado visto que o tempo pode voltar a chover a qualquer hora”.      

Esse pai de família afirmou que o vento que danificou sua residência não entrou pela porta e nem pela janela, tendo em conta que está sensibilizado sobre a pertinência de fechar tudo quando tempo chove.

“Para ser sincero, estou aflito e necessito de ajuda de qualquer um, mas me contentaria muito mais se receber ajuda do Governo do meu país”, almejou Djedjo.

Como forma de garantir segurança da sua família, António Cesar Dias, chefe de Transporte de Artilharia Pesado de Exército, foi obrigado a recorrer empréstimos bancários com juros muito alto, para fazer face ao sinistro que bateu sobre a sua casa.

“Fiquei assustado com tudo o que aconteceu. Tinha de salvar a minha família e não havia outra alternativa, razão pela qual a única saída que me restava é pedir ajuda ao Banco”, lastimou Cesar Dias.

O mais triste deste sinistro de passada quarta feira é a situação da casa de Mussa Gueye, que se encontra em estado extremamente delicada e caso não receber manutenção de imediato vai cair. E agora com a chuva de sexta feira passada, condição viria agravar-se ainda mais.

A casa é de duas vivendas e devido à incapacidade do proprietário em proceder a pronta reabilitação, o inclino já mudou para outro sítio.

Em função dos riscos

O porta-voz do Serviço Nacional da Proteção Civil dos Bombeiros Humanitário da Guiné-Bissau disse que em cada época chuvosa o seu serviço trabalha em função dos riscos que acarretam às populações a nível nacional. Por isso, de momento, está-se a preparar o processo de recenseamento dos sinistrados.

Francisco Correia acrescentou que só mediante o resultado dos levantamentos de número de sinistrados efetuados no terreno é que a sua instituição irá apresentar proposta ao Governo.

“Nós costumamos trabalhar seguindo os boletins meteorológicos para depois alertar as populações sobre como prevenir de eventuais catástrofes. Por isso, o sinistro de semana passada pode ser surpresa por alguns, mas os avisos já tinham sido anunciados”, explicou Correia.  

Aquele responsável assegurou que o Serviço Nacional do Proteção Civil só envereda pelos trabalhos técnicos, procurando obter dados fiáveis dos que perderam suas casas e, também, de famílias deslocadas de um lar para outro.

Contudo, segundo ele, o processo de levantamento não é fácil, isto porque, muitas vezes, o número dos sinistrados aumentam a medida que trabalham no terreno. Pelo que, este facto impossibilita apresentação de dados que cobre todo o território nacional.

O porta-voz da Proteção Civil apelou à população para  cautelar com os fenômenos naturais, pois é imprevisível, razão pela qual todos os citadinos têm a obrigação de acompanhar a informação do boletim meteorológico e cumpri-lo.

“Quando o tempo chove é dever de todos os cidadãos fecharem portas e janelas das suas casas, assim como perfurar paredes de volta amarrar com ferro seis. E só assim podemos em conjunto evitar mais sinistros”, aconselhou Francisco Correia.

Aproveitou a ocasião para orientar todos os guineenses, interessados em proceder construção de casa que recorram as orientações técnicas, no sentido de poder posicionar corretamente as suas habitações e assim evitar mais acidentes.

Chuvas precoce a normal

Os serviços meteorológicos prevêm de junho, julho e agosto início precoce a normal das chuvas e um fim tardio a normal em todo território nacional, incluindo toda a região saheliana.

“As chuvas normais à excedentárias são esperadas na maior parte da banda saheliana, incluindo a Guiné-Bissau”, refere o Boletim Meteorológico Nacional.

Por causa da situação húmida esperada durante esta estação chuvosa de 2022 nas zona sudano e saheliano da África Ocidental e Chade, é recomendado aos agricultores, criadores de gado, gestores dos recursos hídricos, projetos, ONGs e autoridades a investirem mais nas culturas de alto rendimento mais tolerante às condições húmidas, priorizando lavoura de arroz, cana-de-açúcar e tubérculos.  

Aproveitou a ocasião para aconselhar as entidades que operam na área da agricultura a estabeleceram dispositivos de retenção e conservação de água, para uso agrícola durante a época seca.

Segundo o boletim meteorológico, os agricultores, em geral, devem dar maior atenção às situações de excesso do escoamento das bacias hidrográficas, desenvolvendo culturas irrigadas especialmente nas zonas inundáveis.

Demonstrou que as autoridades desses país devem apoiar a implantação das técnicas inteligentes em termos climáticos, para aumentar os rendimentos de culturas e de forragens face aos riscos climáticos, em particular, aqueles ligados ao excesso de água de chuva e da seca.

Portanto, aos Governos e ONGs atuantes no setor agrícola, que facilitem não só o acesso dos produtores às sementes melhoradas e insumos agrícolas adaptadas às necessidades, como também, fortalecer os mecanismos de informação, supervisão e assistência agrohidrometeorológica aos produtores.

Riscos de contágios das doenças

Quanto aos riscos, as zonas húmidas inundadas podem ser favoráveis ao desenvolvimento de germes de doenças como cólera, paludismo, dengue e bilharziose. Também, as sequencias secas curtas e longas esperadas provavelmente em certas zonas de Este do Sahel, podem ocasionar uma persistência de altas temperaturas, de ventos e poeiras favoráveis a proliferação de outros germes de doenças e epidemias.

Nesta ordem de ideia, os serviços metrológicos e de saúde pública apelam às populações, no sentido de acompanhar informações de alerta sobre as doenças de germes climato-sensiveis.     

Recomenda-se ao Governo a reforçar as capacidade do sistema nacional de saúde e plataforma nacional de redução de riscos de catástrofes.

De acordo com meteorologia, as populações devem evitar as aglomerações e contatos com águas contaminadas, através das operações e valetas de drenagem.    

Julciano Baldé

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