O Presidente da República destacou, ontem, dia 25, durante a sua intervenção na 79ª Assembleia Geral da ONU, os esforços que o país tem empreendido na promoção da paz, do diálogo, da reconciliação nacional, da consolidação da democracia e do Estado de Direito, bem como no desenvolvimento sustentável.
Apesar do impacto negativo da difícil situação económica e financeira mundial, Umaro Sissoco Embaló afirmou que a economia guineense continua a crescer como resultado de políticas públicas acertadas, sendo que a prática de prestação de contas tem garantido uma maior transparência na gestão económica e financeira do Estado.
Segue-se na íntegra o discurso do Chefe de Estado:
Senhor Presidente,
Senhor Secretário-Geral,
Senhores Chefes de Estado e de Governo,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Permitam-me endereçar as minhas felicitações ao Senhor Philemon Yang da República de Camarões, pela sua eleição para o cargo de Presidente da Septuagésima Nona Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Desejo-lhe muitos sucessos num contexto internacional que é muito complexo.
Felicito igualmente o seu predecessor, Senhor Dennis Francis pelos resultados obtidos durante o seu mandato.
Ao Senhor Secretário-Geral, António Guterres, expresso o nosso reconhecimento pelo seu grande empenhamento ao serviço dos nossos ideais e objetivos comuns, numa conjuntura internacional que é bastante difícil.
O mundo está confrontado com graves desafios. A obrigação de cumprimos os princípios e as promessas da Carta das Nações Unidas pesa sobre os ombros de cada um de nós.
Assistimos a guerras devastadoras, ao agravamento de tensões regionais e outras graves ameaças à paz e segurança internacionais. Centenas de milhões de pessoas continuam a viver na extrema pobreza, privados de meios básicos de subsistência, sem esperança num futuro melhor, sem dignidade humana.
Tornou-se mais urgente ainda, implementar reformas na governação global – económica e financeira -, para torná-la mais justa, inclusiva e equitativa. Só assim será possível articular respostas adequadas aos desafios que a humanidade enfrenta.
É preciso lutar de maneira mais eficiente contra a pobreza e a exclusão social através de ações concretas. Nomeadamente, pelo financiamento dos programas de desenvolvimento, pela redução das desigualdades, pela proteção do meio ambiente e pela mitigação dos efeitos das alterações climáticas.
Senhor Presidente,
Oito décadas depois da fundação da ONU em 1945, vivemos hoje num contexto mundial totalmente diferente. Continuamos a apelar para a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas que deve ter em conta os interesses da África, nos termos do Consenso de Ezulwini e da Declaração de Sirte dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana.
Reformar a arquitetura financeira internacional é fundamental, para promover uma maior inclusão, nomeadamente da África, tendo em conta o papel e a contribuição do continente africano na economia mundial.
Neste contexto, saudamos a realização da Cimeira do Futuro. Esperamos que o “Pacto para o Futuro” possa impulsionar esforços coletivos, com vista a alcançar as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a “Agenda 2063: A África que Queremos” da União Africana.
Como membro do Grupo de Trabalho Global sobre a Proteção Social para Nutrição, Capital Humano e Desenvolvimento Económico Local do Grupo dos Sete Mais (G7+) vamos trabalhar juntos com outros distintos membros do Grupo, com vista à erradicação da fome e à realização progressiva de todos os outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Senhor Presidente,
Na República da Guiné-Bissau estamos empenhados na promoção do diálogo, da reconciliação nacional, da consolidação da democracia e do Estado de Direito, bem como no desenvolvimento sustentável do nosso país.
Apesar do impacto negativo da difícil situação económica e financeira mundial, a economia guineense continua a crescer como resultado de políticas públicas acertadas. A prática de prestação de contas tem garantido uma maior transparência na gestão económica e financeira do Estado.
Adotamos medidas que, sendo difíceis, revelaram ser necessárias para impulsionar o sector privado e criar bases mais sólidas para uma economia dinâmica e inclusiva.
Estamos a promover uma maior participação das mulheres e dos jovens empreendedores. Estamos a investir na construção e melhoramento de infraestruturas básicas, rodoviárias e outras.
Declaramos guerra à corrupção e ao crime organizado. Conseguimos restaurar a confiança nas nossas relações com instituições financeiras internacionais e com outros parceiros bilaterais e multilaterais.
Continuamos a apostar no reforço das relações de amizade e cooperação que a Guiné-Bissau mantém no mundo. Prosseguimos uma política de consolidação da paz e da resolução pacífica de conflitos, na África Ocidental, no Continente Africano, e em geral no mundo. È neste quadro que se inseriu as visitas de amizade e trabalho que, nos últimos meses, efetuei à Rússia, à Ucrânia, a Israel e à Palestina.
Nesse contexto, reitero o meu apelo para se pôr fim ao embargo injusto e muito prejudicial a que o povo irmão de Cuba está submetido há décadas.
Senhor Presidente,
Distintos Chefes de Estado e de Governo,
Minhas Senhoras e meu Senhores,
Recentemente, tive a honra de servir a África como Presidente da Aliança de Líderes Africanos Contra Malária. Registamos progressos significativos num contexto mundial muito difícil. Apostamos na mobilização de apoios para a reposição do Fundo Global.
Trabalhamos com o sector privado para promover a produção de medicamentos, vacinas e redes contra a malária. Encorajamos a transferência de tecnologias para empresas africanas. Lançamos Conselhos de Fundos para Acabar com a Malária e apoiamos movimento de jovens contra a malária.
Apesar dos progressos que foram alcançados, os desafios persistem. Nos próximos três anos, a ALMA vai registar um déficit de 1,5 mil milhões de dólares. O aquecimento global e as precipitações associadas as alterações climáticas estão a expandir o alcance geográfico dos mosquitos e, assim a expor à ameaça da Malária mais 170 milhões de pessoas no continente africano.
Aproveito esta ocasião para felicitar o Secretariado Executivo da ALMA pelo serviço louvável que realizou. Agradeço ainda todos os parceiros da ALMA pelo apoio crucial que deram no combate contra a Malária durante o meu mandato.
Senhor Presidente,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Ao terminar, gostaria de, em nome do povo da República Guiné-Bissau e em meu nome próprio, reafirmar a nossa determinação de continuar a contribuir para o reforço da amizade entre os países e povos, de promover a cooperação internacional, o multilateralismo, a resolução pacífica dos conflitos, do fim das guerras e sofrimentos de populações inocentes, a favor da paz no mundo.
Obrigado