Centenas de crianças na aldeia de Manga, Setor de Bissorã, ficam fora do sistema do ensino por insuficiência de salas de aulas e de professores, informou o recém-nomeado diretor, em entrevista ao jornal Nô Pintcha.
Luís Augusto Mandica disse que a escola enfrenta várias dificuldades, pelo que necessitam de mais um pavilhão com pelo menos quatro salas de aulas e seis professores para poder responder à necessidade da comunidade.
“A escola funciona somente com quatro professores e, neste momento, um colega nosso está a preparar uma viagem para Portugal, e se vier a confirmar, teremos ainda mais dificuldade. O Governo acabou com a carrega horaria, mas nós aqui somos obrigados a trabalhar nesse regime, devido à situação com que estamos a deparar”, salientou.
Segundo aquele responsável, a situação de insuficiência de professores vem de vários anos, apesar de pedidos feitos a nível do setor, mas até então não houve resposta da parta da delegacia do ensino na zona.
Devido a carência de salas de aulas, a direção foi obrigado adaptar três períodos letivos, isso na tentativa de responder às demandas da comunidade, que tanto precisa de escola.
Falta de colaboração
“Temos um número considerável de alunos, e a única dificuldade tem a ver com a falta de colaboração dos pais e encarregados de educação, que no pleno funcionamento das aulas, retiram seus filhos para as atividades de pastorícia perante olhares dos docentes”, sublinhou Luís Mandica.
Igualmente, disse, no período da campanha de comercialização da castanha de caju, os pais mandam seus filhos para os pomares sem respeito ao horário das aulas.
O diretor informou que para fazer face a esse tipo de comportamento, foi criada um comité de gestão, onde ficou decidido que em cada trimestre deve haver reunião, mas desde a sua criação reuniu-se apenas uma vez.
Mandica disse, por outro lado, que foram convocadas várias reuniões mas que nunca concretizaram por falta de comparência do comité e sem justificação. “O comité foi criado para ajudar a direção da escola na resolução de vários problemas com que a comunidade se depara no setor da educação, mas essa falta de colaboração está a dificultar os trabalhos”.
De acordo com a sua explicação, há uns anos não havia problema de falta de professores, porque a maior parte que lecionava era contratados, mas depois do Governo ter rescindido o contrato, colocando professores formados nas diferentes escolas de formação, deixou um vazio que até agora não foi preenchido.
Além dessa situação, o diretor disse que os professores não têm residência própria nem meios de transporte, associado também à falta de estabelecimentos comerciais, que, segundo ele, pode até influenciar a não vinda de alguns professores.
“Pode parecer insignificante perante olhos de pessoas, mas a falta de residência para os docentes tem seus reflexos negativos no processo de ensino e aprendizagem, porque o professor precisa de um espaço livre e sem incómodo para poder planificar, isso não é o nosso caso”, esclareceu.
A finalizar, o diretor lamentou as condições em que vivem os seus colegas naquela localidade, salientando que para deslocar daquela aldeia para Bissorã ou Bissau, a pessoa terá que alugar motorizada até a estrada principal, e se não tem dinheiro, vai ter que andar a pé até ao terminal.
Alfredo Saminanco