Promoção de diálogo e unificação da população no centro das atenções
Sob o lema Consórcio Nacional das ONG pelo Diálogo Inclusivo, o país comemorou no passado dia 15 de outubro, o Dia Mundial de Resolução de Conflitos.
O Governo, através do Ministério da Administração Territorial e Poder Local, procedeu ao lançamento oficial do consórcio para o diálogo inclusivo, cujo
objetivo é apelar aos cidadãos a recorrerem à mediação, arbitragem e à conciliação para a resolução de conflitos, sublinhando as vantagens de uma resolução pacífica.
A comemoração foi presidida pelo ministro da Administração Territorial e Poder Local, Fernando Dias da Costa, que afirmou que o Dia Mundial de Resolução de Conflitos, que se celebra na terceira semana de outubro, foi criado em 2005 pela Associação de Resolução de Conflitos. Para este responsável, essa data não pode passar despercebida na Guiné-Bissau, tendo em conta que a maioria dos grandes conflitos no país conheceram soluções definitivas com base no diálogo e mediações extrajudiciais. Um conflito é o choque entre forças contrárias ou opiniões divergentes, ou acontece, ainda, quando existe um assunto de interesse comum entre duas ou mais pessoais divergentes e que não conseguem lidar com essas diferenças.
Os conflitos fazem parte da natureza do ser humano, mas eles podem ser de personalidade, interesses ou valores, muitas das vezes ligadas a confrontos.
Segundo ele, na verdade, a situação de conflito nem sempre é prejudicial. Quando gerida de forma correta pode tornar-se uma força propulsora de mudanças positivas.
O Governo, através do seu pelouro competente, geriu uma série de conflitos ligados, sobretudo, com a posse de terra, conflitos que já redundaram em derramamento de sangue, perda de bens e de vidas humanas.
De salientar que a Guiné-Bissau é um país de mosaico étnico-cultural assente em diferentes práticas de usos e costumes, valores esses que fazem com que muitos povos sã0o diferentes.
Por outro lado, as entidades tradicionais, nomeadamente régulos ou chefes de tabanca, na qualidade de representantes e colaboradores diretos do Estado a nível das comunidades, assumem um papel fundamental na resolução de conflitos e na criação de um ambiente são e harmonioso nas suas aldeias. Por isso, a chamada de atenção vai direcionada a estes responsáveis no sentido de se manterem equidistantes das campanhas partidárias e absterem-se da política, não fazendo parte de conflitos mas, efetivamente, mediadores permanentes.
Essa data deve servir de reflexão a todos os guineenses, pois outrora não havia papéis, nem manjacos, nem fulas, nem nalus, mandingas, beafadas, felupes entre outras, mas o mais importante era a convivência humana “anôs ki sinta, i anôs ku mama”, a terra era cedida por direito consuetudinário e gratuitamente, para fins agrícola ou habitacional, em função da necessidade e capacidade do benificiário, valores esses que devem despertar as consciências e ensinar os filhos a assimilarem as boas práticas do perdão e espírito de partilha de modo a resgatar o ditado que dizia
“guineense i un povo acolhedor”.
Por sua vez, o representante do poder tradicional, Tcherno Rachid Embaló, disse que o que os guineenses querem é paz, sossego e entendimento.
Tcherno Embaló exortou os líderes tradicionais a absterem-se e a distanciar-se da política e que sejam apenas mediadores de conflitos.
A alta comissária, Magda Nely Robalo, frisou que, segundo o representante do poder local, o que o país quer é paz, pois o conflito é normal em todas as sociedades mas que não deve travar o desenvolvimento e nem deve ser a razão para que o país não avance.
Nely pensa que este dia deve ser de reflexão sobre os trabalhos que estão a ser realizados no âmbito do coronavírus e que exigem a união de todos para derrotar esta pandemia. A comissária diz que fará tudo o que estiver ao seu alcance para combater a covid-19 no país.
Por seu turno, o representante do Consórcio para o Diálogo Inclusivo, o coronel Yuri Bigna Fantchamna, afirmou que foi a primeira vez que se comemora esse dia no país que ficará marcada na história da mediação de conflitos, o que constitui motivo de muita satisfação porque, neste momento, os problemas de posse da terra constituem muitas dores de cabeça e que hoje estão a ser tratados com sucesso, graças ao consórcio em colaboração com o Governo através do Ministério da Administração Territorial e Poder local.
Adelina Pereira de Barros