No âmbito da sua cimeira extraordinária sobre a situação no Mali e na Guiné Conacri, ontem em Accra, no Gana, a CEDEAO decidiu impor sanções individuais contra os membros da Juntar Militar no poder no Mali, pelos atrasos registados no processo de organização das eleições que estavam programadas para o dia 27 de fevereiro de 2022, na sequência do golpe de Agosto de 2020.
Os dirigentes da CEDEAO decidiram ontem aplicar sanções com efeito imediato contra todos os membros da Junta Militar. Estas medidas, que incluem a proibição de viajar e o congelamento dos bens financeiros dos golpistas, visam igualmente os membros das suas famílias.
De acordo com Jean-Claude Kassi Brou, presidente da comissão da organização regional, “o Mali escreveu oficialmente” ao Presidente do Gana, que atualmente assegura a direcção rotativa da CEDEAO, no intuito de lhe comunicar que seria impossível organizar eleições e restituir o poder aos civis na data prevista, ou seja no dia 27 de fevereiro de 2022.
A 18 de agosto de 2020, dissidentes do exército tomaram o controlo do poder no Mali. Logo em seguida, a CEDEAO suspendeu o país dos seus órgãos de decisão e interrompeu as trocas financeiras e comerciais com Bamako, sanções que só foram levantadas depois de a junta nomear dois civis, Bah Ndaw e Moctar Ouane, respectivamente como Presidente e Primeiro-ministro de transição, e de a junta também se comprometer a devolver o poder aos civis e organizar eleições no prazo máximo de 18 meses.
Só que entretanto o chefe da junta, o coronel Assimi Goïta, demitiu os dirigentes civis do governo interino e foi investido presidente de transição no passado mês de maio. A CEDEAO, então voltou a suspender o Mali dos seus órgãos de decisão, sem adoptar outras medidas.
Contudo, o mal-estar subiu um novo patamar com a expulsão do representante especial da CEDEAO no Mali no passado dia 27 de outubro, acusando-o de “atos incompatíveis com o seu estatuto”, uma decisão condenada ontem pela organização regional.
Por outro lado, relativamente à Guiné-Conacri, palco de um golpe militar no passado dia 5 de setembro, os dirigentes da África do Oeste mantiveram as sanções contra a junta que tomou o poder. Apesar de ter observado algumas melhorias com a adoção de um roteiro de transição, os líderes regionais não deixaram de reiterar o seu apelo à organização de eleições no prazo de seis meses e insistiram sobre a urgência de libertar o Presidente derrubado Alpha Condé, 83 anos, mantido em residência vigiada desde o golpe.
In RFI