Camionistas nacionais sentem-se desfavorecidos em relação aos estrangeiros

A Associação dos Motoristas de 3 de Agosto estão descontentes com as medidas impostas pelo Governo, no que se refere às placas instaladas em todos os cantos da cidade Bissau, que proíbem a passagem de transportes inter urbanos nacionais de mais 10 toneladas.

Em entrevista ao semanário Nô Pintcha, no dia 19 de março, Braima Suane, o presidente do Sindicato de motoristas de 3 Agosto afirmou que os condutores interInterurbanos estrangeiros são beneficiados tendo em conta que estes entram sem problema na cidade e descarregam diretamente nos diferentes mercados.

Segundo as explicações do presidente, de 2005 a 2012, quando Carlos Gomes Júnior foi Primeiro-ministro, o Governo produziu um despacho que obrigava a todos os transportes interurbanos a desembarcarem em Safim, para permitir aos camionistas nacionais carregarem deste local para a Bissau. Acrescentou que com a queda desse Governo de CADOGO filho, tudo foi para água baixo, tendo em conta que os sucessivos governos não tiveram a amabilidade de continuar com aquele procedimento que, outrora, funcionava bem, permitindo aos empregados o seu ganha pão para as famílias.

Indignado, esclareceu que, atualmente, os camiões grandes, vulgo remorcos e Mercedes, habitualmente conhecido por “guiri guiri” vindos de diferentes países, concretamente do Senegal, da Gâmbia e da Guiné-Conacri entram sem preocupação, alegando que são escoltados por guarda nacional, ao contrário dos condutores nacionais que não conseguem mesmo de comer, para não falar de pagamento de outras despesas.

“ Pagamos todos os documentos, nomeadamente, seguro, fundo, inspeção e licença, mas somos tratados como estrangeiro. Às vezes ficamos até um mês sem conseguir um serviço de aluguer, situação que revolta qualquer cidadão”, lamentou Braima Suane.

No que diz respeito ao salário, o sindicalista informou que desconhecem deste bem, uma vez que recebem conforme o aluguer do carro, ou seja, por percentagem. “Se conseguir um frete de 30.000, o patrão paga dez mil francos cfa, assim sucessivamente” ou seja a terça parte de cada frete.

Braima avança que “anteriormente depositamos confiança na campanha de castanha de caju, mas hoje em dia, cada empresa tem os seus camiões, facto que veio agravar ainda mais a situação”. “Os carros ficam até um mês sem conseguir aluguer. Assim, ficamos a espera, aquecendo, de vez em quando, o motor do carro para  evitar a descarga de bateria”, lamenta.

O parque conta com mais de 100 carros que carregam todos os tipos de mercadorias, desde cebola, farinha, açúcar, arroz, óleo entre outros. O preço de aluguer vária de acordo com a distância, assim como o tamanho do carro. Por exemplo, para a Região de Gabú num carro de 20 tonelada, pagam-se 300 a 350 mil francos cfa, enquanto de 15 tonelada custa 200 mil e de 10 toneladas 150 a 180  mil francos cfa.

Perguntado se a cidade Bissau tem outros parques, o responsável dos motoristas disse que existe parques basculantes em três bairros, nomeadamente Cuntum, Estrada de granja e Gui Metal.

 “Não viajei para os países europeus, mas conheço a maioria dos estados vizinhos, principalmente o Senegal. Nesse país, os transportes estrangeiros têm um lugar de descarregamento, para permitir que os nacionais também ganhem o pão de cada dia, levando as cargas para o destino final. Mas, na Guiné-Bissau é tudo ao contrário”, deplora Suane.

O presidente lembra que não pagam o estacionamento, tendo em conta que não foram criadas mínimas condições de trabalho nestes parques.

Nesse sentido, apelou às autoridades guineenses para que tenham pena desta camada desfavorecida, porque um homem sem trabalho, não consegue fazer nada, pois depara com dificuldades de vária ordem, principalmente no que tem a ver com o pagamento dos documentos.

Texto e foto: Elci Pereira Dias

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