O coordenador do Movimento para a Alternância Democrática, MADEM- G15, afirmou, no dia 25 de maio, no comício popular em Farim que está a cumprir a missão dos antigos combatentes deste partido tendo citado Isabel Buscardine, Saturnino da Costa, Luís Oliveira Sanca, entre muitos outros.
Braima Camará garantiu que não vai retorquir político falhado que ele próprio ajudou a ter visibilidade na política. “Eu vou vos contar hoje uma história que nunca contei. Fui eu que mandou buscar DSP de Portugal para vir juntar-se comigo no meu projeto para a liderança do PAIGC e em contrapartida nomeá-lo Ministro dos Negócios estrangeiros caso vencesse as eleições legislativas. Quando ele chegou ao país tudo mudou a ponto de ele mesmo apresentar-se como um candidato à liderança do partido libertador. Foi assim que fomos ao congresso de Cacheu”.
Braima Camará denunciou que DSP lançou farpas e calúnias, no dia 24 de maio de que quem quiser ser primeiro-ministro deve aceitar ser investigado, isso numa clara alusão ao terreno de N’Batonha que lhe pertencia.
Compromisso assumido
O Coordenador do MADEM G-15 advertiu que antes de assumir as funções de primeiro-ministro vai declarar os seus bens monetários, móveis e imóveis.
Se eu morrer vão me sepultar apenas com sete metros de cafan (tecido branco). Não levo absolutamente nada, disse para adiantar “porquê que eu vou furtar o que é de povo, já com uma vida perfeitamente organizada”, questionou.
“Eu, enquanto primeiro-ministro, garanto-vos, de viva voz, que não vou fazer como ele, colocar familiares na Administração Pública. Há princípios invioláveis. Devemos funcionar na base da ética. Sabem que ter a escola e ir à escola não é a mesma coisa. Eu sou uma pessoa muito bem organizada”, disse acrescentando que não esperava que fosse o DSP a caluniar-lhe porém acredita piamente em Deus e o tempo é maior juiz.
Bá de povo, para tirar todas as dúvidas sobre as insinuações maldosas de DSP, explicou, no meeting de Farim dindin banco de que em 1999 ele era o único guineense que tinha conta no Banco privadoTota Açores, que funcionava na parte baixa de Bissau, no valor de cinco milhões de dólares americanos. “E quando a Câmara Municipal de Bissau, tutelada na altura pela senhora Francisca Vaz Turpin, vulgarmente conhecida por Zinha Vaz, procedeu a venda à hasta pública o terreno N’Batonha. Havia dois concorrentes de peso. Eu, Braima Camará, e a Empresa Aresky. Nas ofertas cada vez que essa oferecia um montante eu acrescentava algum valor e assim sucessivamente até se atingiu 90 milhões”, disse. A última proposta de Aresky, segundo Braima camará, foi essa de 90 milhões e ele deu 95 milhões o que causou o abandono dos senhores de Aresky alegando que não sabiam se havia um guineense assim tão bem abastado.
“Fechado o negócio em 95 milhões de francos cfa, o montante que desembolsei para adquirir o terreno N’Batonha”, disse.
Ba de Povo afirmou que o DSP enquanto ministro das Obras Públicas roubou-lhe o terreno sem fundamento e a margem da lei e foi Carlos Gomes Júnior que lhe devolveu o referido terreno de N’Batonha. “Nem macacos comportam-se assim como DSP, a jorrar veneno e ódio contra mim”, sublinhou, para acrescentar citando um ditado nacional em bom crioulo. “ Quando galinha purqué quer a sua vergonha vira o cu em direção ao vento” gargalhadas dos presentes. O Coordenador afirmou que não querem vingar mas que uma coisa fique claro de que ninguém vai ficar com duas casas do Estado.
O Coordenador, no palco, a frente de uma multidão efervescente que respondia com palmas e ovações, afirmou que foi convidado três vezes, por diferentes governos, para ser primeiro-ministro tendo sempre recusado e agora é a altura própria ou seja Hora Tchiga para o MADEM G-15 assumir os destinos do país. “Apenas estou a espera que o General Umaro Sissoco Embaló me coloque a faixa de primeiro-ministro para virem aqui milhares de investidores”, prometeu. Estamos em campanha eleitoral, em debate de ideias sobre programas eleitorais e não descarapuçar maledicência em todas as direções.
Resposta aos pedidos dos populares
Braima Camará anunciou, nesse comício, noite dentro, a construção de uma escola de formação profissional, a requalificação do mercado local, a construção da ponte sobre o rio e a oferta de uma câmara frigorífica para as vendedeiras do mercado para guardarem verduras, peixe, mariscos e carne.
O Coordenador reafirmou a existência de financiamento para a construção da estrada Farim Senegal (aldeia de Tanaff)
Braima Camará elucidou ainda de que quando quis ter uma casa em Portugal, em França e em Dakar enveredou-se como empresário na comercialização de castanha de caju.
Sobre a aquisição de terreno em hasta pública, o presidente da ComissãoFundiária Nacional, Mário Martins explicou os parâmetros, regras e deu razão ao Braima Camará assegurando que a compra do terreno N’Batonha cumpriu todos os trâmites legais.
Compra de castanha de caju
O Coordenador deu uma aula económica para fazer compreender aos presentes sobre a comercialização de castanha de caju. “Eu dirijo-vos a vocês, senhoras vendedeiras de peixe. No dia em que o mercado de Farim não tem peixe vocês aumentam o preço quer dizer que a procura de peixe é superior a oferta. E no dia em que há bastante peixe, que os marinheiros conseguirem pescar com abundância o preço desce porque a oferta é maior que a procura. Essa realidade vale para legumes sobretudo tomates, canja, baguiche et”, disse. O Coordenador denunciou que algum líder juntou comerciantes pedindo-lhes a boicotarem a campanha de comercialização de castanha de caju.
Bá de Povo preparou a assistência psicologicamente, com esse escopo, para em seguida, anunciar que a Costa do Marfim que estava há dez anos atrás da Guiné-Bissau na produção de castanha de caju agora produz um milhão e duzentas mil toneladas. A Guiné Conacri produz cerca de duzentas mil toneladas, a Gâmbia, Senegal aliás todos os países estão a enveredar na produção de castanha de caju. Como há muita castanha de caju, o mercado deitou a regra baixando o preço como é natural por que a oferta é superior a procura.Para Braima Camará essa é a dinâmica de comércio. “Se eu vou vos mentir para votarem em mim não votem”, jurou apelando respeito porque ele é defensor de agricultores. “Digo-vos que ninguém pode comprar um quilo de castanha de caju, este ano, a 1000 francos, afirmou adiantando que ele foipresidente da Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura durante mais de 20 anos ou seja ele é peixe no mundo de comércio, conhecendo a área como poucos. “ Eu cheguei a comprar castanha de caju a 150 francos ao quilo e 1500 francos ao quilo na balança”, esclareceu para mostrar o seu profundo conhecimento na área de caju.
Vida no campo
Braima Camará para esclarecer a sua ligação familiar ao campo lembrou que viveu uma infância sacrificada. “Eu, no ano letivo 1979/1980 ia a escola a Bafata, oito quilomentros de distância, todos os dias. Eu pastoreei manadas de vacas. Capinei nos lugares de milho, mancara e nas bolanhas. Eu vendi frutas e ia buscar lenha para preparar o comer em casa. Tive uma infância difícil portanto ninguém me explica o que é viver no campo. Por isso tenho muita consideração e respeito aos agricultores e de forma alguma vou lhes mentir.
A vida no campo é bastante dura para quem a viveu como eu, disse acrescentando que o programa eleitoral do MADEM G-15 reserva projetos importantes para favorecer a vida no campo esquecida durante décadas.
Abduramane Djaló.