“Bissau pode contar com corrente elétrica da OMVG a partir de junho ”

Os trabalhos da construção da linha de interconexão da energia de OMVG (Organização para a Valorização do Rio Gâmbia) que agrupa 4 países, nomeadamente Guiné-Bissau, Gâmbia, Guiné-Conacri e Senegal, terminam em junho próximo, à partir da qual, a capital Bissau passará a ter corrente da barragem e, progressivamente, para o resto do país.

As garantias foram dadas pelo coordenador nacional do projeto, Vicente Có, em entrevista exclusiva ao Nô Pintcha, no âmbito do balanço da evolução dos trabalhos. O responsável nacional assegurou que os trabalhos da construção das quatro sub-estações já foram concluidas desde abril de 2022 e a construção da linha, com a distância de 218 km, está feito em mais de 80 por cento. Aliás, disse que, de Boké a Saltinho, os trabalhos finalizaram-se e a corrente da energia já chegou à Saltinho.

De acordo com o coordenador, senão fossem alguns problemas ligados às condições natuaris, a corrente elétrica já estaria disponível no país. Isto é, algumas zonas onde serão colocados os pilares são muito húmidas e que só será possível escavar no período da seca com profundidade mínima de 10 metros. São no total 21 pilares que se encontram nessa situação de zonas inundadas, na sua maioria entre Saltinho, Mansôa e Bissau.

Resistência da população

Relativamente à resistência de algumas pessoas que bloqueavam os trabalhos da linha, já está ultrapassada, esclareceu o coordenador que disse quando o Governo tomou conhecimento da situação, decidiu, através do Ministério de Administração Territorial, realizar uma missão de avaliação conjunta com o Ministério dos Recursos Naturais e a Coordenação do Projeto para apurar os factos sobre a situação. Essa missão permitiu constatar a real situação das reclamações dessas pessoas. Algumas têm realmente razão, mas outras não, explicou o coordenador, garantindo que as pessoas com razão serão atendidas e os problemas resolvidos devidamente.

Aliás, disse que minutos antes dessa entrevista, já apresentou o relatório da missão ao Conselho de Ministros da OMVG que está a decorrer na Guiné-Bissau de 23 a 27 do corrente mês, e o mesmo relatório será enviado para o Alto Comissáriado da OMVG para análise e tomada de decisão.

Vicente Có disse que a Coordenação Nacional do projeto vai estar firme para que essas pessoas com razão sejam indemnizadas de acordo com os prejuizos causados com a passagem da linha de interconexão nos seus espaços produtivos.

Mas, disse que outras pessoas aproveitaram fazer plantações de caju em zonas consideradas verdes que, na altura de inquérito em 2017, ainda não ocupavam aquelas localidades, pelo que não têm nenhuma razão de reclamar nada. Pois, aquelas zonas não tinham sido registadas como ocupadas na altura do inquérito, explicou Vicente Có.

De acordo com o coordenador do projeto, as zonas com maior incidência de reclamações estão na região de Oio, norte da Guiné-Bissau. Mas, saudou a compreensão e colaboração da população que, apesar das suas razões, permitiram a continuidade dos trabalhos de construção da linha, fazendo fé que os seus direitos serão respeitados e que serão indeminizados conforme as regras.

Distribuição da corrente

Segundo Vicente Có, a OMVG é o projeto mãe que tem a responsabilidade de trazer a linha de alta tensão (225) de Kaleta, na Guiné-Conacri, até Bissau. Para a distribuição de média tensão, a ação far-se-á através de outros projetos, explicou o coordenador, adiantando que, no caso do sul, já havia um outro projeto que tinha lançado rede de Quebo, Buba, Fulacunda, Empada e Catió. Esta linha será aproveitada para lançar rede da energia de OMVG de Saltinho para essas cidades do sul.

De igual modo, para as regiões leste e norte, há outros projetos de eletrificação rural, um financiado pelo Banco Mundial e outro pelo BOAD, que têm responsabilidades também de fazer chegar a corrente às principais cidades e zonas rurais das regiões do país, explicou o coordenador.

Entretanto, o coordenador nacional disse que a OMVG tem que exigir à empresa responsável pela construção da linha de interconexão para acelerasse os trabalhos, a fim de cumprir com o prazo do mês de Junho e finalizar e permitir a cidade de Bissau ter corrente. Pois, aquando da apresentação da proposta técnica e financeira para ganhar o mercado de trabnalho, a empresa devia ter informação antecipada da situação dos terrenos húmidos, embora seja uma questão da natureza, salientou Vicente Có.

Vicente disse que a parte concernente ao Governo, na qualidade de dono da obra, está a ser cumprida escrupulosamente, afim de não haver bloqueio dos trabalhos por parte da população, situação que, aliás, disse que já está ultrapassada e daí, que a empresa deve esforçar-se para cumprir com a sua responsabilidade.

48ª Sessão Ordinária do CM-OMVG

A entrevista com o coordenador nacional do Projeto aconteceu à margem da reunião da 48ª sessão ordinária do Conselho de Ministros da OMVG que decorre de 23 a 27 do corrente mês em Bissau. Sobre essa reunião, o coordenador disse que estão no centro da agenda a apresentação, análise e validação do relatório de atividades do ano anterior, apresentação e aprovação do programa de ação para o ano seguinte.

No debate sobre o relatório de atividades serão analisados o cumprimento de directrizes das ações delineadas assim como das resoluções e recomendações. Seguidamente serão debatidos e aprovados o Programa e Orçamento do ano seguinte.

Recorde-se que desde janeiro de 2016, a Guiné-Bissau preside o Conselho de Ministros da OMVG, A Gâmbia preside a conferência de chefes de Estado e Governos, a Guiné-Conacri ocupa o posto de Alto-comissário e o Senegal ocupa o posto de Secretariado Geral da organização.  

Djulde Djaló

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