Bissau e Brasília rubricam acordos de parceria nas áreas social e produtiva

Sissoco e Bolsonário prometem aprofundamento de relações de amizade e intensificação da cooperação bilateral, essa foi a nota saliente na visita do primeiro magistrado da nação ao Brasil.

No quadro dessa visita de seis dias do Presidente da República ao Brasil, estes dois países lusófonos assinaram vários acordos de parceria, concretamente na saúde, formação profissional, na defesa e segurança, agronegócio, justiça, diplomacia e cultura.

Do domínio da saúde, aquele país comprometeu instalar uma unidade de hemodiálise na Guiné-Bissau, mas antes, serão enviados especialistas para dar a formação aos quadros nacionais do setor.

Entretanto, a visita do primeiro magistrado da nação ao Brasil visou o intensificar das relações de amizade e dinamizar a cooperação bilateral, nas áreas atrás referidas.

Essa visita do Chefe de Estado guineenses ao Brasil encerra muitos encontros, visitas, reuniões e deslocações ao São Paulo e Rio de Janeiro.

Sissoco Embaló visitou o museu da língua portuguesa, a sede da embaixada da Guiné-Bissau, onde está o nosso diplomata N’Bala Fernandes recentemente nomeado naquele país lusófono, encontro com a forte comunidade guineense na sua maioria estudantes, com altos funcionários da Marinha brasileira e a Chefe da diplomacia Carla Suzi Barbosa reuniu-se com empresário brasileiros.

Recorde-se que no segundo dia da visita Sissoco Embaló foi convidado de honra na cerimónia das celebrações do dia do soldado brasileiro.

O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, após um primeiro tete a tete com o seu homólogo declarou aos jornalistas que o Brasil “nunca virou as costas” ao país, apesar das “crises cíclicas” que atingiram a Guiné-Bissau.

“Estou no Brasil a convite do meu amigo Presidente Bolsonaro. O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer a independência da Guiné-Bissau, proclamada em 1974, e desde essa data que o Brasil nunca deixou de nos apoiar e assistir. Quero dizer ao Presidente Bolsonaro que os laços que os nossos países têm são muito fortes”, disse Embaló.

A Guiné-Bissau passou por crises cíclicas e o Brasil nunca virou as costas ao seu povo irmão e isso é uma grande satisfação, lembrando depois, que essa visita servirá do futuro da cooperação entre os  dois Estados, promete uma maior diversificação e um maior aprofundamento das relações entre os povos”.

O Chefe de Estado salientado ainda que o país sul-americano “tem tudo o que a Guiné-Bissau precisa neste momento”, tendo referido a modernização da agricultura e da saúde, a título de exemplo.

“O Brasil tem uma tecnologia muito importante, que é capaz de apoiar a Guiné-Bissau na formação do pessoal, para podermos desenvolver o nosso país. Também ajudar na transformação e na intensificação das nossas relações económicas e empresarias com o Brasil. Trata-se de uma agenda extensa, mas realista”, admitiu Sissoco Embaló.

O Presidente da República aproveitou para reforçar publicamente o convite para que Bolsonaro visite a Guiné-Bissau “em setembro ou outubro, o mais tarde”, para poderem “fortificar as relações”.

Comissão mista

“Aproveito também para dar orientação à nossa ministra de Estado e dos Negócios Estrangeiros, para ver como é que nós podemos fazer uma comissão mista, em termos ministeriais de diferentes áreas, para aprofundarmos as nossas relações”, concluiu o general.

Embaló iniciou a visita oficial de quatro dias ao Brasil, no dia 23 de Agosto com passagens por São Paulo e Rio de Janeiro, além da capital, Brasília, onde seguirá para um almoço fechado à imprensa, oferecido por Bolsonaro.

Enquanto isso, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, prometeu, no dia 24 de Agosto, visitar a Guiné-Bissau antes do final do ano a convite do seu homólogo, Umaro Sissoco Embaló, retribuindo dessa forma a visita oficial de Sissoco Embaló ao país de samba e de futebol.

 O Chefe de Estado brasileiro conversou com o seu homólogo guineense sobre a redinamização da cooperação bilateral nas áreas de agricultura, saúde e defesa, aliás, setores que o Brasil tem ajudado o país ao longo de anos, desde a independência. O Chefe de Estado brasileiro declarou estar pronto a “servir” e “colaborar” com a Guiné Bissau.

“Temos a felicidade de receber o Presidente da Guiné-Bissau. O seu país é porta de entrada para a África Ocidental. Já afirmei o compromisso de visitar o seu país na primeira oportunidade. Temos laços bastante antigos de amizade e cooperação entre os nossos países”, disse Bolsonaro, em Brasília, ao lado de Embaló, em declarações à imprensa.

Sobre a breve reunião que teve com o Chefe de Estado guineense, Bolsonaro afirmou que conversou “rapidamente sobre algumas questões, como agricultura, saúde e defesa” e disse ao seu homólogo que “está pronto para auxiliar a Guiné-Bissau, nessas áreas específicas”.

“Considero a Guiné Bissau um país irmão e temos muito a colaborar, nomeadamente em relação à segurança do Atlântico sul.  Conversamos bastante e decidimos que vamos colaborar para que tenha também uma participação do Brasil, com soluções para o desenvolvimento daquele país africano”, disse. “Estou muito honrado com a sua presença”, disse Bolsonaro, dirigindo-se a Embaló, a quem chamou de “irmão”.

No dia 24, o Presidente guineense visitou ainda o Congresso Nacional. Já na quarta-feira, os dois presidentes participaram na cerimónia alusiva ao Dia do Soldado, data que celebra a atividade exercida pelos soldados do Exército brasileiro.

Umaro Sissoco Embaló, que partilha com o presidente da República brasileira um passado militar, termina a sua visita de quase uma semana com viagens a São Paulo e ao Rio de Janeiro. “Na capital paulista, visita o Museu da Língua Portuguesa e recebido pelo governador do estado. No Rio de Janeiro, visita o Comando de Operações Navais da Marinha do Brasil.

A última visita de Chefe de Estado guineense ao Brasil foi a de João Bernardo Vieira, em julho de 1984, há 37 anos. Sissoco Embaló foi ao Brasil para testemunhar reforço de cooperação com a terra do Pele, futebolista número um no mundo.

Acompanharam o Chefe de Estado a Ministra do Estado dos Negócios estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades, Carla Suzi barbosa, o ministro da Defesa Nacional Sandji Fati, Diretor Geral dos assuntos jurídicos, consolares e de migração, Além Napoco e  o chefe do gabinete do Presidente da República, Califa Soares Cassamá.

Terrorismo dos Estados Unidos da América

Entretanto, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, garantiu que não haverá espaço para terrorismo dos Estados Unidos da América na Guiné-Bissau, muito menos a captura de António Indjai “e que fique claro que isso não vai acontecer”, asseverou.

O Chefe de Estado deu essa garantia, no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, no dia 23 do mês em curso, quando deixava o país para uma visita oficial de cinco dias ao Brasil num voo da força área brasileira.

Segundo o comandante em Chefe das Forças Armadas, existem forças de seguranças no país que não vão permitir qualquer cidadão guineense seja raptado, porque não vai existir terrorismo nesse país.

Em declarações à imprensa, o Presidente da República disse ter dado orientações ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para estabelecer uma correspondência, no sentido de esclarecer a situação junto do Departamento dos Estados Unidos da América. Para o Chefe de Estado, se há alguma coisa que prova que esse oficial na reserva tenha cometido algum crime ele pode vir a ser ouvido na Guiné-Bissau.

Nesse sentido, Sissoco Embaló lembrou que tanto a Guiné-Bissau assim como os Estados Unidos da América nenhum desses dois Estados ratificou o tratado de Roma que permite a extradição de pessoas.

Com base nisso, “Indjai é livre para circular em todo o território nacional como outros cidadãos”, disse. “Ninguém vai ser capturado e julgado fora do país, tal como aconteceu com Bubo Na Tchuto, isso já faz parte do passado”, garantiu.

O Presidente da República afirmou que os Estados Unidos não têm direito de oferecer prémio de cinco milhões a qualquer pessoa que detenha Indjai, porque não se trata de um terrorista.

Na opinião de Embaló existe um fórum próprio, nesse caso a Polícia Internacional, Interpol, onde EUA podem transferir o assunto ou formalizar uma acusação e enviá-la à Procuradoria-Geral da República guineense para que esse o notifique.

Questionado se continua a depositar confiança no procurador-geral da República, o Chefe de Estado realçou que ontem tinha confiança agora mais de que nunca fortaleceu essa confiança, portanto, não viu nada que lhe leve a não acreditar no trabalho de Fernando Gomes.

“Agora o caso do líder do PAIGC deve ser ele a dar exemplo, mas se não o fizer a responsabilidade é dele e não de ninguém, aliás, em Cabo Verde um deputado deu esse exemplo, decidindo por iniciativa própria pedir o levantamento da sua imunidade parlamentar para ir responder à justiça”, explicou.

Textos: Abduramane Djaló e Alfredo Saminanco

Fotos: cortesia, Presidência da República 

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