Os transportes públicos estão em greve desde ontem nas zonas Sul e Leste do país, obrigando à limitação de locomoção a vários cidadãos nacionais e não só.
Em causa está aquilo que o sindicato de motoristas chama de barreiras criadas pelas forças policiais de trânsito e da Guarda Nacional, que viola assim o memorando de entendimento assinado com o governo.
Uma equipa de reportagem do nosso jornal esteve nesta segunda-feira na região de Quinara e Tombali, tendo constatado que as estadas locais estavam desertas de carros de transporte misto, e ouviu alguns dos potenciais passageiros e responsáveis sindicais.
Em declaração conjunta ao Nô Pintcha e à TGB, o secretário do sindicato dos motoristas da região de Quinara lembrou que estava acordado com as autoridades para a redução dos postos da Polícia Trânsito e da Guarda Nacional, o que não foi o caso. Então, os associados entenderam por bem voltar à carga com a paralisação para, juntos, tentarem encontrar solução.
Mama Saliu Bandjá é um professor recém-colocado na escola de formação “Serifo Fall Camará”, de Buba, de onde ele e mais alguns colegas foram entregar guias e não conseguiram voltar a Bissau devido à greve.
Disse que serão prejudicados pelo facto de apenas terem pedido a licença de um dia nos seus locais de serviço.
No entanto, Saliu Bandjá concorda que os motoristas estão a exigir aquilo é o seu direito, pois os agentes criam muitos obstáculos na estrada e acabam por tirar dinheiro aos condutores a cada paragem. Elogia a exigência para a criação de um guichet único de pagamento, medida essa que, a seu ver, permitiria tal dinheiro dar entrada no cofre de Estado para “o bem do país e de todos”, mas os polícias “nunca querem isso”.
Outra das vítimas desta reivindicação é a Djarai Tchantchalam, que queria voltar ao seu campo agrícola para concluir a colheita.
Aquela passageira apelou o governo a sentar-se à mesa com o sindicato dos motoristas como forma de ultrapassar a situação que, na sua opinião, está a provocar muitos prejuízos a pessoas não culpadas. Ela informou que é através do trabalho de campo que consegue pagar a escola dos seus filhos e outras despesas.
Quem também sofreu prejuízos com greve dos condutores de transporte misto foram as mulheres vendedeiras de peixe e outros alimentos, que viram estragar os seus produtos.
Tentámos, sem sucesso, falar com as autoridades políticas da zona.
Ibraima Sori Baldé