Os funcionários do jornal Nô Pintcha, três anos depois, voltaram a comemorar o 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, num ambiente de muita festa e alegria que juntou os trabalhadores, responsáveis da instituição, famílias e amigos.
O momento serviu não só de saborear diferentes pratos, bebidas, danças, mas também de convívio entre irmãos, amigos e, sobretudo, para libertar o estresse dos 365 dias de intensos exercícios laborais.
Também serviu de ocasião para refletir sobre a vida do Jornal, lembrar os companheiros de trincheiras que não se encontram entre os irmãos por razões do destino.
A última festa do primeiro de maio comemorado pelos trabalhadores do jornal Nô Pintcha foi em 2019, tendo sido suspenso nos últimos três anos devido à pandemia de Covid-19 que motivou a suspensão de aglomerações de pessoas, como medida de prevenção da propagação da doença.
Na Guiné-Bissau, a medida sanitária de impedir aglomeração de pessoas em festas, ou outros encontros, iniciou com a primeira declaração de estado de emergência em maço de 2020, através de um Decreto Presidencial, inicialmente de 30 dias renovado sucessivamente, devido a propagação da pandemia no país.
Ambiente dos festejos
Relativamente aos festejos de 1º de maio dos funcionários de jornal Nô Pintcha, importante salientar que toda a logística do evento foi suportada com fundos internos da instituição, disponibilizado pela Direção para brindar os trabalhadores um momento particularmente único de confraternização, de divertimento e de aproximação para a fortificação da grande família de Nô Pintcha.
Aliás, o ambiente vivido nesse dia debaixo dos mangueiros e cajueiros ao largo do famoso espaço “Pinto Lopes”, frente ao Palácio do Governo em Bissau, onde se encontravam também funcionários de outras instituições públicas e privadas a celebrar a efeméride, foi muito animado com músicas, de todos os gostos compaginado com barrulhos de crianças e adultos que disponibilizaram assistir o ambiente.
Era notório a alegria na cara dos funcionários do Jornal Nô Pintcha com a celebração do dia, mas também de esperança que algo mude pela positiva para reduzir o sacrifício de todos os funcionários públicos do país e em especial os de jornal Nô Pintcha que têm enfrentado enormes dificuldades laborais e salariais ao longo de vários anos. Importa salientar que de três anos a esta parte, em bom rigor desde que o atual Diretor Geral, Abduramane Djaló assumiu as funções em Maio de 2020 o Jornal Nô Pintcha mudou pela positiva com três versões para interagir com o público: versão papel (físico), eletrónico e online. Tudo isso para além de aquisições de equipamentos.
Efetivamente, o Jornal Nô Pintcha é o pioneiro da imprensa guineense fundada há 48 anos (27 de março de 1975) que produziu muitos quadros e técnicos que se encontram espalhados em diferentes instituições e organizações de desenvolvimento. É a escola de jornalismo na Guiné-Bissau em que muitos jornalistas formaram nessa casa.
Mas até hoje o Nô Pintcha passa momentos amargos que deve merecer uma atenção especial do Governo para a melhoria progressiva das condições laborais daquele que foi o órgão de informação pioneira da imprensa guineense.
O Nô Pintcha é a memória viva da história da Guiné-Bissau, desde os primórdios da independência do país, razão pela qual, deve merecer todo o carinho e continua sendo uma escola e espaço de aprendizagem para estudantes, pesquisadores, escritores e demais interessados em busca de informações e histórias marcantes do país.
Esperança e incertezas dos guineenses
Contudo, de realçar que o primeiro de maio foi comemorado num momento em que o país prepara para as legislativas de 4 de junho próximo, em que a esperança dos guineenses está virada para uma mudança pela positiva, sobretudo na vida dos funcionários públicos que vivem momentos particularmente difícil, devido ao baixo salário da Função Pública.
Os funcionários públicos da Guiné-Bissau esperam sempre melhores momentos com a melhoria de condições laborais e salariais para saírem do magro salário que recebem até aqui, melhorando assim a dignidade da pessoa humana para que cada um possa melhor preparar o seu futuro e a sua reforma.
A esperança dos funcionários públicos da Guiné-Bissau é tão grande que não se pode imaginar que um dia, a situação venha mudar para o melhor, pelo menos em termos salariais, em que cada trabalhador possa ter o poder de compra e a capacidade de investimento para educação e saúde dos filhos, melhoria habitacional e segurança alimentar.
Mas também paira incertezas dos guineenses, na medida em que, muitos dizem que a solução dos problemas da Guiné-Bissau não passa pela realização de eleições, tanto mais que o país já realizou n eleições legislativas e presidenciais, desde a abertura do país ao pluralismo democrático, em maio de 1991 e com pouquíssimos benefícios para as populações.
Os guineenses devem assumir com convicção e compromisso sério na solução dos problemas da Guiné-Bissau, que não deve ser importado, mas sim, conseguido internamente. Aliás, são sinais evidentes do engajamento e ações do Presidente da República, General Umaro Sissoco Embaló que deu arranque de infraestruturação do país e ganhos notórios em termos político e diplomático que colocou hoje a nossa terra no concerto de Nações, com mais credibilidade e confiança. Internamente são visíveis sinais de realizações significativas rumo a mudança de paradigma para o real desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Essa conquista deve ser assegurada e consolidada para tirar o país da letargia e caminhar em direção ao desenvolvimento durável e sustentável, alinhando com o mundo, porque somos uma nação também com pessoas e capacidades que podem fazer algo de melhor.
Daí, o primeiro de maio não deve limitar-se apenas em festa de comes, bebes e danças, mas também de reflexão para adoção de novas estratégias rumo ao desenvolvimento e na melhoria das condições de vida dos trabalhadores, reclamando pacificamente para exigir melhores condições de trabalho e dignificação dos servidores públicos.
Djuldé Djaló