Uma missão integrada de técnicos das instituições públicas e privadas, que trabalham no domínio da infância, conduzida pela Aldeia SOS de Bissau, efetuou, recentemente, uma visita de constatação do andamento da fase II do projeto de empoderamento das mulheres de sete comunidades da Região de Gabu.
O referido projeto está a ser implementado pela aldeia SOS local e financiado pela SOS Alemanha, beneficiando um total de 150 mulheres e cerca de 409 crianças.
A tabanca de Sintchã Seco, uma aldeia nos arredores de Gabu, comunidade beneficiária desse projeto, foi o local escolhido para a visita da missão que foi também acompanhada pela governadora da região, Elisa Maria Tavares Pinto, e do delegado regional de bombeiros, Mamadu Aliu Djaló.
Na ocasião, o coordenador do projeto, Carlos Humberto Butiam Có, disse que os objetivos visam fortalecer a capacidade das mulheres, através de formação, sensibilização e apoio na implementação de atividades geradoras de renda, para terem maior autonomia nas suas comunidades.
De acordo com Butiam Có, o projeto vai ainda implementar cursos de alfabetização, assim como a formação e capacitação das ex-fanatécas, adotando-as de conhecimentos sobre as consequências da excisão feminina na saúde da mulher, servindo de multiplicadoras desses conhecimentos nas comunidades.
Segundo o coordenador do projeto, a ação é feita com base num diagnóstico prévio realizado para atender as necessidades das mulheres vítimas de violência baseada no género, com particular destaque para a mutilação genital feminina.
Disse que o projeto tem parceria com o comité nacional de abandono das práticas nefastas, centro de acesso à justiça e o governo regional, na perspetiva de poder atingir melhores resultados.
Durante a visita, a missão ouviu as impressões e satisfação das beneficiárias na voz de Cadjatu Djau, que falou em nome das mulheres, saudando a iniciativa tendo manifestado esperança de que o projeto contribuirá na melhoria das condições de vida das beneficiárias, bem como na emancipação da mulher.
As mulheres da comunidade de Sintchã Seco solicitaram a aldeia SOS, no sentido de alargar os apoios para outros domínios, nomeadamente água potável, saúde e escolarização das crianças.
A missão visitou também as instalações da Aldeia SOS de Gabu, conduzida pela coordenadora dos cuidados alternativos, Djamila Biai, durante a qual, os visitantes percorreram as diferentes dependências daquela aldeia infantil, tendo recebido explicações sobre o funcionamento de cada serviço.
Entre as dependências visitadas, destacam-se a casa das mães, escola, jardim infantil, casa de hóspedes e escritório.
Integração social de crianças
Em declarações à imprensa no final da visita, a governadora da região, Elisa Maria Tavares Pinto, qualificou de positivo a organização da Aldeia SOS na região, com capacidade mesmo de acolher crianças.
Enalteceu as casas das mães, o jardim infantil e a escola, “infraestruturas adequadas” para albergar, cuidar e educar as crianças, além da disponibilidade de pessoas idóneas para cuidar das crianças.
Disse que a aldeia SOS está a trabalhar ainda na política de integração social das crianças nas famílias. Daí, encorajou-a no sentido de continuar na sua política, contando também com o apoio do governo regional em tudo que for necessário.
Referindo-se ao projeto de empoderamento das mulheres em curso, a governadora fez uma apreciação positiva do mesmo, na medida em que não vai apenas empoderar mulheres, mas também as famílias e comunidades.
Disse que o Governo regional foi implicado como parceiro do projeto desde princípio, facto que lhe deixa muito satisfeita, pois, a ação tem outra vertente muito importante, que permitirá as mulheres não só empoderar economicamente, como também adquirir conhecimentos e competências que lhes permitam conhecer e poder defender seus direitos.
Por isso, exortou às beneficiárias a abraçarem o projeto, e que o governo regional estará sempre ao lado para apoiar qualquer iniciativa que visa contribuir na emancipação social, económica e cultural da mulher.
De salientar que a aldeia SOS de Gabú conta com 12 casas familiares, casa de hóspede, escola, jardim infantil, casa de coordenadora dos cuidados alternativos e com um total de 83 crianças internos (44 meninas e 39 meninos), enquanto que os alunos externos que frequentam aulas na aldeia são 413, dos quais 209 raparigas e 204 rapazes.
Importa sublinhar que esta visita da missão se estenderá também à aldeia SOS de Canchungo nos próximos dias com os mesmos propósitos.
Djuldé Djaló